Não tem como assistir esse episódio e não se lembrar de um certo programa, de um certo canal, e que tenho certeza que você conhece muito bem. Não nego que essa semelhança é engraçada, mas melhor do que fazer essa comparação após ver o episódio, é conseguir apreciar uma boa trama enquanto o vê. Então, vamos ao episódio de uma vez.

Esse episódio já nos apresenta de início um problema, e o episódio inteiro irá tratar dele. Esse problema roda em torno do Lutz, de sua família e da não aceitação do sonho do jovem por parte de sua família. Ainda que, essa última parte seja esclarecida no decorrer do episódio.

Os problemas começam após o Lutz fugir de casa, e sua família desesperada a tentar trazer o garoto ao lar novamente. É interessante notar duas coisas aqui, a primeira é que o Lutz se recusou a falar com seus familiares, e a segunda é que em nenhum momento o pai do Lutz chegou a ir atrás dele, o que condiz com sua personalidade séria e determinada. Aliás, essa característica também pode ser vista no filho.

O Benno ajudou o Lutz de início, o manteve consigo como pode, e ainda se mostrou preparado para fazer dele seu filho adotivo e futuro sucessor. Na verdade só o fato de telo como um de seus empregados, e o ajudar como ajudou, demonstra como ele tem bastante apreço pelo profissional que o Lutz é, e não apenas o Lutz atual, como também por aquele que ele pode vir a ser. Isso é bom, pois ele é mais do que apenas o amigo legal de uma garota genial, agora ele demonstra o seu próprio valor. O seu.

Lutz para cá, Lutz para lá, só o fato de estar a falar tanto o nome dele já me alegra bastante. Não somente por gostar bastante do personagem, mas por algo que já venho falado desde que essa temporada começou. Isto é, o problema de ter muitos núcleos cuja interligação possa ser facilmente negligenciada, coisa que até agora não vejo acontecer, e menos ainda nesse episódio.

Isso é bom, a história não se prendeu ao núcleo da Igreja, e melhor, consegue trabalhar com ambos ao mesmo tempo, como visto aqui. Convenhamos, já estaria bom só de focar em núcleos diferentes, mas trabalhá-los ao mesmo tempo é melhor do que ficar em um jogo de ping-pong narrativo.

Só a cena mais fofa do episódio

Em certa parte do episódio aconteceu a reunião sobre se o Lutz iria ou não ter sua guarda tomada. O problema foi muito simples, e sim, confuso. Não só confuso para os personagens, mas mesmo para quem assiste, já que parecem ter havido muitas contradições sobre o que era falado e o que já havia sido dito.

A confusão se cabe mais a impressão de “final feliz”. Na verdade os pais dele ainda continuam com as exatas mesmas opiniões que tinham antes. A mudança é que agora o Lutz descobriu algo que nunca ouviu, e nunca ouviu pois de fato nunca foi expressado, e nunca foi expressado pois seus pais de fato eram e ainda devem ser contra a escolha do garoto.

É natural que os pais decidam o que é melhor para seus filhos, ainda mais uma criança tão jovem, e por outro lado, as disputas entre pais e filhos sobre suas autonomias e responsabilidades é natural, na verdade é uma das marcas da adolescência.

Os pais tem responsabilidades pelos filhos, mas os filhos se tornam homens, e homens são responsáveis sobre si mesmos. Essa é a grande guerra da adolescência, é natural. Porém, o Lutz é apenas uma criança, então essa rigorosidade é esperada, ainda que esse mundo seja inspirado no período medieval, então é de se imaginar que a autonomia individual seja muito mais prematura em comparação ao nosso mundo contemporâneo.

E tudo isso por uma frase incompreendida

Mas o fato é que o único problema deles era sobre a questão do perigo, e por esse motivo eles não permitiram que ele viajasse. Sim, eles não são a favor da escolha dele, mas reconhecem a escolha dele de seguir esse caminho. O único problema aqui foi de fato os perigos da viagem.

Então Lutz cometeu uma confusão, ele achou que eles haviam negado por não aceitarem sua decisão, e fugiu pois achou que seus pais estavam contra ele. De fato eles fazem certa oposição, mas como já disse é apenas uma oposição natural, nada mais que um dever paterno.

Tudo esclarecido, o Lutz ganha, os pais dele ganham, o Benno ganha, e até a Myne também ganha. No meio da discussão, ficou claro a inutilidade de tudo aquilo, o que levou a Myne a se culpar por sua indesejável intervenção. Mas na verdade, o problema só pode ser resolvido por causo da reunião, então sim, ela merece chorar aquelas lágrimas que chorou no final, pois é graças a ela que tudo acabou bem.

E que participação teve o Ferdinand nesse episódio! Foi sua a ideia de ouvir os dois lados, agiu como intermediador, e ainda esteve lá para consolar a Myne que se perdia em suas dúvidas. Ele se mostrou não apenas uma pessoa séria e fria, mas também bastante atenciosa e de bom coração.

Foi somente após ele emprestar um lenço para a garota que ela descobriu o nome do sacerdote-mor “Ferdinand”, nome cujo único motivo de não ter sido até então revelado era para criar uma sensação de distanciamento, então ao ela descobrir é como se simbolizasse a aproximação dos dois. O que é bem interessante, pois ainda devem interagir muito daqui para frente.

Enfim, esse foi o episódio. Até mais.

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