A vida não é fácil para ninguém, né? Mas algumas pessoas parecem ter o mundo inteiro conspirando contra elas. Ou é isso, ou não consigo explicar como alguém pode ter tanto azar igual ao de nossa jovem bibliotecária.

Primeiro, vamos falar sobre a luta contra o trombe. Como pensei que seria, de fato não foi muito surpreendente. O anime até focou mais do que eu pensava. Em várias partes deu para sentir a limitação da animação, e aqui sua simplicidade foi um defeito que nem a boa vontade dos animadores conseguiu esconder.

Mas o grande conflito do episódio não poderia ser uma cena da ação, embora tenha sido uma cena bem acalorada e cheia de violência. Pobre foi o Fran que até levou um soco. E o mesmo para a Myne que, mais do que um arranhão, foi quase estrangulada por um trombe.

A cena como um todo, mesmo com a violência daquele camarada, personagem tão genérico que nem fiz questão de decorar seu nome, não foi carregada por muita tenção. Parecia até meio teatral, meio forçada.

Mas sim, aquele personagem conseguiu ser bem odiável, mesmo sendo bem genérico, tanto em ideias, falas e ações. Acho que é porque uma das coisas que “Ascendance of a Bookworm” faz tão bem é nos fazer se apegar àquilo tudo, tanto a aquele mundo, quanto aos seus personagens, suas jornadas, etc.

Ah, como a vingança é boa!

Então não, não mecha com a Myne se não quiser comprar briga com os fãs do anime. Brincadeiras à parte, ainda bem que esse cara recebeu o que merece. Ou nem tanto, já que uma simples repreensão é pouco. Aquele sujeito é um covarde, somente alguém cheio de maldade para se divertir torturando uma pobre criança, tortura essa tanto psicológica como potencialmente física.

Mas ao menos o Ferdinand colocou a ordem na casa e mostrou quem é que manda. E olha, gostaria de chamar atenção para a forma como tudo aquilo aconteceu, já que há algo de interessante naquilo. Uma das coisas que os autores nunca podem esquecer, sobretudo os de fantasia, é que mesmo com toda a sua liberdade artística eles ainda devem ser fiéis ao mundo que apresentam.

O Ferdinand poderia fazer um discurso para os nobres os conscientizando de como as classes sociais não representam nenhum tipo de inferioridade ou superioridade, e que todos merecem ter direitos iguais, etc. Porém o mundo de Honzuki não é nenhuma França iluminista e nem de perto aquilo é um Estado-nação moderno.

Palmas Ferdinand, palmas

Sei que isso parece algo simples ou óbvio, mas é um erro muito fácil de ser cometido, e que Honzuki mostra grande habilidade em se esquivar. Toda a crítica do Ferdinand se baseia justamente na hierarquia, na forma que a sociedade dos nobres veem o mundo e em suas necessidades. E é por isso mesmo que todos os cavaleiros baixam suas cabeças perante ele.

E da mesma maneira, vai ser seguindo os costumes daquele mundo que a Myne poderá conseguir o respeito daquelas pessoas.  E não tem como esquecer que todo o sofrimento do episódio foi completamente desnecessário, no final a garota não ganhou nada. E o azar começou cedo, já com ela reencarnando em um mundo sem livros.

Imagino o autor e seu editor, sentados frente a frente em um cômodo escuro, discutindo em sussurros a melhor forma de maltratar a pobre garota. Lógico, isto é uma brincadeira, dá para perceber o carinho que o autor tem pela história e seus personagens. Mas que ela sofre, sofre.

Enfim, é isso mesmo. Até mais.

  1. Compartilhando a sua opinião, a animação deste episódio podia ter sido melhor. Até entendo que o estúdio Aji-do não é o melhor para fazer sequências bem animadas, o combate à trombe e a Myne a ser sufocada pela trombe ficou esquisito, até parece o computador que processou a cena teve uma falha pelo meio (já no episódio anterior houve um erro na animação que deu origem a um corte de cena).

    Passando ao episódio, por muito que me custe admitir, este anime de vez em quando tem personagens genéricos estupidamente clichés e irritantes, antes era o sumo-sacerdote pedófilo e ladrão, agora é um nobre merdoso com cabelo verde fluorescente. Sério, esse Shikikoza foi tão estúpido e exagerado, eu sei que a cena da violência para com a Myne e até o Fran era para causar desconforto, mas meio que o tiro saiu pela culatra. Por outro lado o Damuel é num nobre bom só que com o azar de ser de uma casta inferior ao vilão meia boca do Shikikoza e como tal não pôde mexer um dedo para ajudar a Myne.
    No meio disto tudo a ira do Ferdinand foi o melhor, por muito calmo que ele estivesse ali, se ele pudesse o Shikikoza teria virado poeira. No desfecho, por causa de um cavaleiro nobre podre, cavaleiros nobres de verdade vão pagar por uma coisa que não tiveram culpa (em especial o Kardstedt que parece representar o ideal de um nobre). Quero ver a punição que o senhor feudal dará ao pseudo vilão de cabelo verde, espero que ele seja rebaixado para uma posição inferior da nobreza.

    Por fim, o Ferdinand está a provar ser um personagem mais interessante do que eu alguma vez achei que ele fosse ser, no final aquela frase dele que ele não travava guerras que não podia vencer já diz muito como ele mudou.
    Antes que me esqueça, as ending cards desta segunda temporada de Honzuki são lindíssimas.

    Como sempre, mais um excelente artigo Vitor K17.

    • Fiquei até surpreso com quantas críticas coloquei no texto, não por achar que tinha exagerado, mas por já estar acostumado a encher Honzuki de elogios. Tanto roteiro como produção falharam nesse episódio. Ao menos eu espero que o episódio final faça por merecer essa excelente temporada.

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