Você assina a Crunchyroll? Você lê no Line Webtoon? The God of High School é uma produção original da Crunchyroll que adapta o famoso webtoon do Line, tendo um estúdio japonês, o badalado MAPPA, para fechar a trinca que mistura uma história coreana, a produção dos japoneses e grana internacional. Tem como dar errado? Sempre tem, mas quando se trata de um anime de ação com pancadaria de qualidade a coisa fica mais fácil. Sem mais delongas, vamos nessa!

The God of High School sofre, e ao mesmo tempo usufrui, de uma característica bem particular da mídia anime, o extrapolamento da realidade, dos limites que nós conhecemos. Na história acompanhamos jovens colegiais que entram em um torneio de nível nacional para lutar entre si. A trama começa mais exatamente em uma eliminatória e de forma a já deixar bem claro o quanto não se dá a mínima para limites físicos, seja de pessoas ou até de objetos.

Não que isso seja exatamente um problema, é anime, se o público quiser algo realista certamente o gênero ação não é o mais indicado para isso, mas é assim tão custoso dar bases nas quais sustentar aquilo que parece tudo, menos natural? O episódio começa e termina sem contextualizar quaisquer forças sobrenaturais ou habilidades sobre-humanas, deixando tudo por conta do telespectador, da capacidade dele de aceitar as coisas por ser anime.

Dada a mídia, é mais fácil fazer isso, mas questiono o jeito como foi apresentado: divertindo com ação de qualidade (seja em fluidez ou coreografia) e tiradas cômicas, algumas clichês e outras mais criativas (a da história de vida da velinha foi a melhor), mas sem se preocupar com seriedade. Talvez não seja para levar a sério mesmo, mas em algum momento algo vai precisar ser explicado, pelo menos sobre aquele trecho introdutório que não foi só “coisa de anime”.

Enfim, não tem muito o que comentar de história por essa estreia, mais uma introdução ao que vai ser o anime do que um aprofundamento de personagens. Tem o protagonista cuja figura importante por trás é o avô, a garota que tem estilo de luta com espada e é louca por artes marciais, o que trabalha meio-período e é mais sério; esses devem ser os protagonistas. Há politicagem por trás do torneio e adultos (ou o que parecem ser adultos) que pagam de coordenadores(?).

Não entendi muito bem, mas o herói quer bater em um deles. Mas o torneio não é para colegiais? Isso ficou confuso, mas também não explicaram nada com o mínimo de profundidade, o que por um lado pode ser desanimador, mas por outro faz sentido, afinal, a estreia tem que chamar atenção e a melhor forma era focar em luta. Questiono a primeira parte do episódio não ter tido tanto disso, foi uma baita de uma enrolação, mas, em compensação, entendo.

Sairia caro ter ainda mais cenas de ação fluída e a segunda metade teve uma boa dose disso, nada tão rebuscado, mas suficiente para a estreia em que não havia uma luta em foco, só pancadaria generalizada. Como produção técnica (animação, trilha sonora e design de personagens etc) o MAPPA fez um bom trabalho, tanto que curti o episódio, apesar de ainda não ter visto uma história interessante no anime. Aliás, duvido que seja grande coisa, mas tendo luta…

Luta boa, bem coreografada, longa e visualmente consistente. Tendo o MAPPA na produção aposto que tecnicamente o anime pode até mesmo se sair melhor em momentos específicos mas, claro, mesmo para um anime de ação isso não é o suficiente, falta uma história se apresentar e pela estreia o máximo que tivemos foram detalhes a serem aprofundados semanalmente. O importante é o público ter comprado a ideia. Eu comprei, e você?

Digo, é meio idiota o conceito de um torneio de artes marciais mistas para adolescentes (ainda mais tendo um ou outro elemento ali que não parecia um), mas isso não significa que não possa ser divertido, ainda mais se explicarem algumas coisas. Por quem foi criado? Com que interesse? Quem vencer, ganha o quê? Foi instantaneamente aceito pela sociedade ou só foi imposto? Qual a estrutura do evento? Quem banca essa brincadeira (além da CR e do Line)? Etc…

Essas explicações nem precisam ser assim tão boas, basta que façam o mínimo de sentido e não zoem com a “história” e nem com a pancadaria de qualidade prometida e, ao menos nessa estreia, entregue. The God of High School não foi nada de novo e nem demais. Mas qual o problema em ver um anime de ação sem se preocupar tanto com sentido? Está bonito, está bacana (tem uma pegada visual mais moderninha), e ainda pode melhorar, né?

Até a próxima!

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