Há quem acredite em uma especie de “força maior” que nos mexa como peças de um tabuleiro, fazendo que estejamos no local certo, na hora certa, e com a pessoa (ou pessoas) certa (s), ou o completo oposto disso. Tal “força maior” normalmente é conhecida como destino.

As inúmeras coincidências que ocorrem neste anime são meramente recursos de roteiro que servem tanto para conectar o casal protagonista (Kazuya e Chizuru) quanto para criar situações inesperadas. Sendo sincero, é muito mais romântico acreditar que o destino está conspirando a favor dos personagens citados do que apenas enxergar as coisas de um ponto de vista técnico, frio e racional.

E por falar em racional, algo que não costuma seguir muito a racionalidade é a paixão. Pra começar, essa história nem existiria se o Kazuya fosse uma pessoa racional. De impulso em impulso, nosso herói não muito destemido vai alimentando uma teia de mentiras, tendo sua namorada de aluguel como cúmplice.

Dá para acabar com a farsa a qualquer momento sem que haja feridos e/ou mortos, porém, obviamente não haveria mais história a ser contada. Quando a engraçadíssima avó do protagonista notou que supostamente o neto teria terminado com a namorada, o problema, tecnicamente, estaria resolvido, mas tem um ponto importante aí que é a forma como ocorreu a situação. Kazuya se livraria do peso da mentira, mas continuaria sendo mal visto pela família, em especial pela avó. Mizuhara compadecendo-se dele resolve continuar sustentando a farsa para que eles possam “terminar” de uma maneira mais digna, mostrando que por mais ela discuta com o Kazuya, ela no fundo se importa com o mesmo.

Ele não está merecendo ser digno da gentileza da Chizuru, pois o garoto vive a colocando em situações delicadas. Em parte, em algumas situações, não é culpa do pobre coitado, mas sim o destino (leia-se roteiro, se quiser) intervindo para gerar situações que possam movimentar a trama. É claro que o Kazuya tem culpa em se deixar levar pelo sentimento de soberba só porque tem uma “namorada” linda e charmosa, fato esse aliado á sua falta de atitude, acarretou, de forma indireta, no fatídico encontro entre a namorada de aluguel e a ex. Mais uma daquelas coincidências interessantes, que não por por acaso foi o grande momento do segundo episódio.

O que chamou a atenção naquela reunião é a forma reativa da Mami frente a nova namorada de seu ex. Primeiro mentindo que estava noutro relacionamento (uma típica forma de se sair “por cima” na situação, e de quebra, tentar causar algum tipo de ciúme). Depois causando desconforto ao revelar os defeitos do Kazuya. O pobre constrangido não pôde fazer nada, afinal tudo que fora dito é a mais absoluta verdade.

Mizuhara, por sua vez, agiu como uma namorada deve agir. Não importa se foi mera atuação ou porque a mesma nutre algum sentimento pelo rapaz, ela se impôs para defender alguém que estava sendo humilhado perante os colegas.

Faltou para o protagonista o que podemos chamar de “jogo de cintura”, algo que a Chizuru sabe fazer com maestria. Kazuya poderia ter exibido a nova namorada para a ex, assim como o fez aos seus amigos (Kibe e Kuribayashi), não que eu ache tal atitude correta, se tratando apenas de uma mera possibilidade. Todavia, o medo e a insegurança falaram mais alto, fazendo que o moço ficasse sem reação e com vontade de fugir.

Por mais que ele finja ter uma namorada enquanto tenta desesperadamente fugir da solidão, nosso herói não consegue superar, nesse momento, seus sentimentos pela Mami. Foi justamente por nutrir sentimentos pelo seu primeiro amor, que ele não foi capaz de correr atrás da Chizuru, que em tese é sua namorada (mesmo que seja alugada). Houve também o fator covardia, mas, obviamente, o apego pela Mami também pesou bastante.

E por falar na ex-namorada, a mesma está arrependida por ter dispensado o protagonista. Dizem que as pessoas só passam a dar valor a algo ou a alguém quando perdem. Talvez foi necessário ela o ver com outra para que ela desse importância ao rapaz, que mesmo tendo inúmeros defeitos, foi a pessoa na qual a Mami se apaixonou.

O lado oculto (e assustador) da ex, indica que ela não é tão perfeita como o Kazuya imagina. Aliás, o “modo angelical” dela é uma tática eficiente de seduzi-lo. Enfim, ela está se esforçando para reconquistá-lo, o que é algo interessante para o desenvolvimento da trama, pois gera conflitos.

Voltando ao nosso (nada heroico) herói, ele confunde a gentileza da namorada alugada com sentimentos reais de amor, o que faz ela ficar indignada, pois, na teoria, eles não deveriam se envolver romanticamente. Tal confusão de sentimentos se dá pela obvia carência que ele possui.

Dizem que mentiras têm pernas curtas, mas nesse anime, elas possuem pernas mais compridas do que possamos imaginar.

Obrigado a todos que leram até o final, e até a próxima!

 

 

 

 

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