Iwakakeru teve dois episódios um pouquinho menos intensos, mas nem por isso menos interessantes e se você ainda não estava convencido da seriedade com a qual o esporte é tratado aposto que está agora. Toda parede escalada é uma adversidade superada. É hora de Iwakakeru no Anime21!

Kurusu Anne é uma ridícula, assim como a Iwamine. Ambas são prodígios na escalada esportiva, ambas são bem caricatas. Aliás, as rivais parecem todas ser assim, ao menos as apresentadas no segundo episódio. Isso é ruim? É bom? Se não forçar a barra na hora das competições eu não devo reclamar.

Não sei se escrevi isso nas primeiras impressões mas a seiyuu da Sayo, a presidente, é a mesma da Mari Ohara de Love Live! Sunshine!!, a Aina Suzuki. Inclusive, é ela quem canta a abertura. Ela tem uma voz expressiva, mas também sexy, né? Ela também faz a Jashin-chan de Jashin-chan Dropkick e alguns outros papeis como seiyuu, além de ter carreira solo.

Enfim, se para a presidente uma atleta da escalada esportiva precisa conquistar a parede com os olhos e então com o corpo, é nítido que a Konomi pode ter os predicados necessários para fazer o primeiro, mas a falta condições de executar o segundo em toda a sua plenitude.

Outros pontos bem interessantes da maneira como a história apresenta e caracteriza o esporte foram a capacidade de adaptação (vista por meio da flexibilidade da Nono) e resolução dos problemas (frisado pela necessidade de leitura e interpretação individual da parede).

É aí que entra a matadora de novatos, Akane. com suas dicas mal-intencionadas e seu draminha de quinta. Ela atrapalha a Konomi em sua estreia em torneios, mas é claro que a culpa recaí toda sobre a tolice da protagonista, o que foi ainda pior dado o ambiente no qual ela adentrou, o de uma escola de ponta no esporte.

Não que a pressão tenha sido jogada nela, não foi, seria até sacanagem fazer isso, mas eu entendo que a Konomi tenha ficado mal após esse vacilo, tanto é que precisou de apoio moral da Jun, e novamente não foi uma passada de mão na cabeça, mas um conselho bacana sem fingir que a Konomi não errou.

É melhor agir assim que não dar a pessoa a dimensão do que ela está fazendo e onde está pisando, e foi mais atenta a isso que a heroína decidiu mostrar a escalada que só ela pode fazer, sem interferências externas. É aí que nós podemos ver, nas cenas de escalada, os erros e acertos produção sobre esse que é um dos maiores atrativos do anime.

Enquanto a trilha sonora e os enquadramentos de câmera ajudam a criar uma atmosfera, a passar um certo nível de tensão ao qual as atletas podem estar passando, eu já não consigo elogiar a animação, ao menos não tanto, faltam trechos de maior fluidez, de movimentação de verdade. Aliás, senti falta disso no segundo episódio, no terceiro, na rocha antimacacos, já foi melhor.

As cenas mais desajustadas do encerramento indicam que o anime não deve mesmo ser um primor visual, mas se a animação não for mais exigida em competições futuras mais importantes isso vai minimizar a qualidade da “ação” que o anime pode oferecer. De toda forma, esse é um problema menor para os primeiros episódios, diria até que o anime “compensou” isso.

Voltando a trama, a Konomi não foi até o final por conta do cansaço muscular, mas já teve um gostinho de competição, diria até que foi muito bem já que em uma parede se saiu melhor que a experiente, e não menos desagradável, Akane. Aliás, o problema dela é com a Jun, imagino que só mude (se mudar) quando for derrotada diretamente por ela, isso se seu drama tiver algum espaço.

Pois ela parece mais ferramenta de roteiro que exatamente uma personagem a ser trabalhada, bem diferente da estranhíssima Iwamine, cuja abordagem é caricata e até incomum se formos pensar que ao que tudo indica ela será a principal antagonista do anime. Ela é meio dark, né, e diferente da Akane ou das outras, pelo que entendi ela que deve ser batida.

Tudo bem clichê e até meio bobo, é verdade, mas muitos esportivos são assim mesmo, o importante é que “na hora do vamos ver” o esporte seja trabalhado de maneira consistente como é feito com a Konomi. Ela tem habilidades especiais que a fizeram se inserir no esporte com maior facilidade, mas não é nenhum um tipo de poder sobrenatural sem pé nem cabeça.

Por mais que a caracterização das rivais seja meio exagerada, nada até agora no anime me fez enxergar uma falta de seriedade em como é tratado o esporte. Outro exemplo disso é o sonho da presidente, o qual pode parecer só sonhador (com o perdão da redundância), mas mostra o apreço e convicção da garota como praticante do esporte. É claro que ela ser uma das melhores, talvez a melhor, ajuda, mas sua animação me pareceu genuína.

No final do segundo episódio a Konomi sela seu destino, conhece o nome e o “nickname” daquelas que também serão suas rivais (imagino que a Konomi chegará a esse nível de competição até o fim do anime) e sabe que terá que treinar mais, o que vemos no terceiro episódio e não só isso, afinal, a experiência de escalada ao ar livre deu cores ainda mais interessantes a prática da escalada e deixou ainda mais claro como a Konomi precisa melhorar se não quiser ser “café com leite”.

A reconstrução do corpo da Konomi foi a forma de nomear o trabalho de fortalecimento dos músculos necessários a escalada, o que deu ao público mais alguns vislumbres de detalhes técnicos importantes para passar realismo. O anime pode até aloprar com habilidades especiais exageradas, mas essa base pé no chão espero e imagino que se mantenha até o fim, assim como o “fanservice”, que realmente existe?

Digo, há cenas em que a bunda e os peitos claramente ficam em destaque, mas teria mesmo como ser muito diferente dadas as roupas que as garotas vestem e o que estão fazendo? Repito o que escrevi nas primeiras impressões, a ED foi o mais próximo de ecchi gratuito que vi no anime. É claro que isso pode mudar, mas até aqui ficou dentro de um nível bem razoável (se vi com a devida atenção).

Nós temos que lembrar que essas garotas são atletas, podem ser da categoria júnior, mas são, então é normal que tenham corpos torneados, assim como é normal a fluidez com a qual o esporte é “dissecado”. Gosto muito da forma como os detalhes que cercam a escalada são abordados e o que eles implicam de dificuldade a protagonista, que começou parecendo um prodígio e logo caiu na real.

Enfim, focando mais nas heroínas, acho legal ver que a Jun reflete sobre seus pontos fracos, como sua intransigência, a qual prejudica sua socialização e a faz se sentir solitária. Felizmente para ela, não é algo que afasta a Konomi, esta já mais focada nas próprias dificuldades e atenta aos conselhos de sua senpai no esporte. Acho que com o tempo a amizade, assim como a rivalidade, deve se acentuar e agitar as coisas entre as duas.

Já a rocha antimacacos agitou as coisas no anime como um tudo, mas principalmente para a Konomi, que viveu uma experiência nova que colocaria medo na maioria das pessoas. Eu mesmo quando vejo escalada ao ar livre sem um cabo segurando a pessoa fica muito receoso do que pode acontecer. Não faria mesmo, se duvidar nem com equipamento.

Mas a Konomi já é outra pessoa e fez, ainda que não tenha “vencido” a rocha. Pelo menos ela venceu o prêmio de toque de celular mais estranho da temporada, assim como o de fazer amizade mais rápido, pois no intervalo de uma hora ganhou uma discípula haha. Deve ser desafiador ser superada por uma pessoa mais nova, ainda que em algo no qual essa pessoa tem mais experiência que você.

A Kiku faz isso com a Konomi e a desafia indiretamente, até porque a convida para praticar escalada ao ar livre com ela e abandonar o que ainda está construindo. Isso não vai acontecer, a gente sabe disso, mas a gente também sabe que primeiro a Konomi precisava superar sua frustração e afirmar sua convicção para só assim dar uma resposta segura, uma resposta até mesmo na prática já que ela deve vencer a rocha no próximo episódio.

Para isso ela precisava moldar a sua força de vontade para subir e não cair, algo que pode parecer óbvio a primeira vista, mas não é simples de ser alcançado. É essa a diferença entre a teoria e a prática, não bastava a Konomi decidir ir até o topo, para isso ela precisava sentir o medo primeiro, e ela iria fazer isso até involuntariamente. É claro que nem todo mundo deve sentir medo nesss tipo de situação, mas ela veio de outra área, é até mais compreensível que seu instinto de sobrevivência fale mais alto.

Além disso, volto a frisar que as várias frustrações pelas quais ela passou nesses episódios foram bem valiosas a fim de aprofundar a personagem, mas principalmente seu envolvimento com o esporte, equilibrando a impressão inicial de que escalada para ela seria um desafio mais fácil do que é para a maioria. Visualizar tão bem o problema certamente é de grande ajuda, mas, como é o comum para qualquer pessoa, ela também tem seus pontos fracos, até o Pelé devia ter os seus…

Quanto mais o esporte é aprofundado em seus mais diversos aspectos, mais o caminho da protagonista se torna tortuoso, mas ao mesmo tempo é isso que faz dele potencialmente gratificante. Eu mal posso esperar para vê-la conquistando a rocha antimacacos e encarando as rivais caricatas de primeira categoria.

Se tem algo que me incomodou até agora no anime foi isso, mas em compensação várias outras coisas tem me agradado e no geral Iwakakeru tem se provado um bom esportivo de acompanhar na temporada. Talvez mais por se tratar de um esporte incomum, talvez mais porque sou fã da Aina Suzuki, talvez mais por ter ido com a cara da Konomi.

Por fim, estou curtindo o anime o suficiente para cobri-lo por aqui, não tem nada a ver com meu nick, eu juro, estou falando a verdade, igual a Akane.

Até a próxima!

Comentários