Fastening Days – Do zíper que ata ao carinho que acompanha
No artigo de hoje lhes apresento o ONA Fastening Days, é uma resenha de transição para desanuviar um pouco enquanto penso em quais serão os próximos artigos intercalados com os filmes de One Piece dessa seção.
Entretanto, não é porque é um artigo de transição que ele não seja um artigo e uma análise, vamos a obra.
Primeiramente gostaria de relatar que falhei miseravelmente em minha habilidade de pesquisa. O ONA Fastening Days é composto por uma introdução, um chamariz lançado em 2014, e posteriormente temos a continuação singela da história, desenvolvida no decorrer de mais três histórias curtas que contextualizam e oficializam o cenário. Eu simplesmente só descobri essa continuação por acidente a poucos dias, o artigo é lançado aos domingos, eu descobri isso na quinta feira.
Sobre esses três ONAs novos, deixo aqui o link que direciona a eles. Pessoalmente acho todos bem mais fracos e relativamente sem importância quando comparados com o ONA principal, mas valem ser vistos. https://www.ykkfastening.com/fd/en/
É importante notar que é um projeto ainda vivo, sendo que é possível sair um filme ou ainda outras continuações desse cenário. Outra coisa importante notar, é a americanização da linguagem da animação, no sentido de que é um projeto com alma japonesa, mas corpo ocidental, por assim dizer. Tanto é que tem dublagem e legenda nas duas línguas, o que já indica que desde a raiz é um projeto não fronteiriço.
O que realmente brilha em Fastening Days é o seu ONA original, uma singela história do estúdio Colorido, o qual já estava consolidando a sua linguagem e personalidade nessa época, 2014, e nos apresenta a história de dois pequenos heróis em começo de carreira, literalmente.
Kei e Youji são, se não me engano, pois temos poucas informações definitivas nesse ONA de pouco mais de 10 minutos, irmãos. Eles também não possuem pai ou mãe, são órfãos, mas ao mesmo tempo possuem uma cuidadora, que não sei se é a avó das crianças ou uma mãe adotiva, de todo modo, são cuidados e zelados por Anna, uma adorável e gentil senhora cadeirante.
Kei é uma garota prodígio, uma genial engenheira que é capaz de criar e elaborar engenhocas mecânicas, acompanhada de seu irmão, Youji, também hábil, mas provavelmente um pouco menos do que ela, eles criam um mecanismo disparador de zíper, uma ferramenta nascida para conectar e atar o coração das pessoas, ou mesmo para remendar e reparar estruturar cindidas.
Para duas crianças que mal tem 10 anos de idade, ambos são incríveis, e não apenas mentalmente, mas mesmo fisicamente, pois utilizam o seu tempo livre e a sua energia para assumir o papel de heróis da comunidade, pulando pra lá e pra cá, correndo e ajudando, quer sejam ou não requisitados, na verdade são enxeridos mesmo, as pessoas em conflito com que topam em sua ronda de malabarismos pela cidade.
A animação de Fastening Days é linda, com cores vivas e uma fluidez impressionante. O destaque é o quanto o ONA consegue transmitir a atmosfera de fantasia frente às ações infantis, mas sinceras, de seus protagonistas.
Por dentre poucos minutos de animação, somos apresentados a contextualização dos sentimentos dos jovens, de suas inspirações em um senhor engenheiro que já não está mais vivo, mas que lhes deixou o legado e a habilidade para construir o futuro. Temos a cadeira de rodas de Anna e o Urso de pelúcia movido a energia solar, que salvo engano se chama Oscar. Oscar, aliás, é um herói também, embora muito mais limitado em suas capacidades. O mascote sempre é herói.
Kei sente muita falta de ter uma família normal, e mesmo enquanto efetiva as suas boas ações pela cidade, como costurar uma piscina rasgada com o seu zíper tapa buracos, ou enquanto sacaneia pessoas em conflito ao forçar uma amarra entre duas roupas, no seu íntimo se sente triste por não possuir pais assim como todas as outras crianças. No evento de ciências de sua escola, ela chega ao ponto de não contar para Anna que este acontecerá.
Seu irmão, por outro lado, é mais apagado, ele oferece suporte à irmã, mas não desenvolve um conflito próprio. O destaque de Youji é quando, devido a um curto circuito, a cadeira de rodas de Anna sai completamente do controle. A senhora de idade experimenta a empolgante experiência de ser um piloto desgovernado de corrida pela primeira vez na vida.
Youji empresta tecidos dos mais diversos tipos na cidade para atá-los com seu zíper, e assim, ao juntar a todos os panos e roupas intimas, ele efetiva uma corda improvisada que pode laçar a sua adorável vovó desgovernada, lógico que faz tudo isso com a ajuda de sua irmã em uma perseguição intensa pelas ruas da cidade.
Dentre cenas de ação empolgantes e o deslumbramento do quão legal é essa engenhoca desenvolvida por eles, essa arma de zíper, e a utilização da mesma em diversos eventos regados a bom humor, a dinâmica do ONA nos concede uma obra muito agradável, equilibrada e que entrega exatamente o que tem que entregar.
Isso sem contar o desfecho final, quando Kei se reconcilia com sua responsável, Anna, e demonstra a todos na sua turma que ela é a sua mãe, a pessoa que a ama e a apoia em sua vida e em sua profissão precoce de engenheira e construtora, e por tabela, também a mecânica gratuita de sua cadeira tunada.
Por fim, destaque para ending do ONA, fechando com zíper, e não com chave de ouro, com uma música da “banda” Perfume, as únicas idols que acompanho e que das quais realmente gosto.