A neve insistiu em cair e eu não sei se você notou, mas apareceu um coelho com marca na bunda entre os outros. Não sei se ele já havia aparecido antes, se não, é provável que ele deva ser morto para liquidar com o majuu legião.

Mas antes dele, temos que falar da Emilia, da Beatrice e do que compõe essas e outras figuras da história. O “vazio” que as acometia foi sendo preenchido ao longo dessa segunda temporada e mal posso esperar para ver esse potencial sendo aproveitado.

Porque agora não é só mais o Subaru e a Rem, vai ter uma gama ainda maior de personagens com mais a dar para a história, e nem tanto no que se refere a profundidade deles e sim sobre o que eles podem entregar a problemática maior, afinal, estarão mais bem resolvidos.

Sem mais delongas, vamos aos meus comentários sobre o penúltimo episódio da segunda temporada de Re: Zero, que achei muito bom, mas talvez o último seja ainda melhor, apesar de ter pouca coisa a resolver nele.

O carinho e a atenção do Pack pela Emilia tornam até um pouco agridoce o não reencontro do pai com a filha, mas o mais importante mesmo foi o que vimos sobre a Ryuzu original e como a superação daquele estágio era necessário, afinal, a prisão precisa ser “quebrada” de vez.

E em meio ao ataque dos coelhos tínhamos um Roswaal impotente devido a decepção que sofreu. Aliás, ainda temos porque ele não se animou, mas pelo menos curou a Ram, o que é um sinal de que não guarda mágoas da garota e lá no fundo talvez quisesse ser mesmo contrariado.

É um pouco do sentimento que demonstrou a Beatrice ao dizer com veemência que não queria ser salva enquanto dava pequenos sinais de que no fundo era o que desejava. O inconsciente é poderoso, assim como as palavras, e foi o que vimos (de novo) muito bem nesse episódio.

Enfim, o monólogo da Beatrice veio e se não foi nada surpreendente, também não foi ruim porque para uma personagem tsundere como ela esses momentos em que abre o coração e é sincera, sem exageros de expressão, são para ser valorizados mesmo.

A direção deu uma roupagem bem bacana ao trecho, além de ter sido dada uma informação peculiar que mesmo não tendo muito a ver com a situação achei digna de nota. O Roswaal faz uma espécie de upload da alma em seus descendentes e por isso sobreviveu por 400 anos?

Que coisa louca, né? Mas, honestamente, quem acompanha ficção de fantasia/sci-fi não deve se surpreender com algo assim, o detalhe é que reforça ainda mais a convicção do mago e isso justifica sua reação tão desolada, tão descolada do entorno.

É verdade que ele ativou o feitiço da neve que atraia o majuu antes de lutar contra a Ram, mas isso é porque ele subestimava a garota e não achava que seria derrotado. Aliás, ele não sabia é do amor dela e da força que ele teria a fim de estragar os planos dele.

Então nem dá para dizer que ele subestimou a Ram, só que não sabia realmente com que sentimentos estava lidando, muito porque não se achava merecedor de um sentimento assim. Na verdade, isso vale não só para ele, mas também para a Beako que ficou “parada” no tempo.

Ao não conseguirem superar o passado os dois se acomodaram com o que lhes foi dado, aceitando um destino que na realidade não poderia ser escrito por ninguém além deles. O Roswaal foi vencido em suas ambições e teve o símbolo de sua imutabilidade, o livro, destruído.

Quanto a Beako, ela teve sua expectativa traída quando o Subaru rachou com a ideia de uma pessoa especial que viria resgatá-la em seu belo cavalo branco trajada de branco e com carteira para ter um romance com uma loli. Zoeiras a parte, ficou claro a conotação romântica, né?

Talvez até por ter notado isso que o Subaru refutou essa colocação, mas o melhor nem foi isso e sim a invertida que ele deu nela e que mostrou mais uma vez como é importante o poder da palavra para um herói que não pode, e nesse caso nem deveria, convencer na base da porrada.

O grande barato do clímax desse episódio foi que ele se prolongou, contou com cenas muito bem dirigidas e, principalmente, um roteiro inteligente, afinal, ao invés de se colocar como o salvador da pátria, o Subaru se intitulou como aquele a ser salvo.

Não que fosse ser exatamente ruim se ele se colocasse como o salvador da Beako, mas isso só não passaria a outra pessoa a responsabilidade por ela quando a intenção de todo esse drama era justamente mostrar a heroína que ela precisava é de independência?

Porque está muito claro para mim que tudo se relacionava a isso, a Beatrice tomar uma decisão e a partir daí agir. Aliás, o título do episódio e o próprio roteiro escancaram isso, como a loli se acomodou em sua espera quando a força para mudar sua situação estava dentro de si.

O Subaru precisava apenas motivá-la, contrariando a ideia de “destino” que a assombrava devido ao que sua mãe lhe falou. Essa ato de rebeldia da Beatrice foi seu primeiro passo rumo a quebra do estágio infantil em que se encontrava e de encontro a maturidade para viver a própria vida.

A maneira como a coisa toda foi posta e como mais uma vez o Subaru se valeu prioritariamente de seu discurso para superar uma barreira tida como intransponível não foi nada de incomum para a trama, mas eu diria que poucas vezes isso me agradou tanto como dessa vez.

Repito, subverter a expectativa pode até não ser algo incomum para o Subaru, mas de toda forma não deixa de ser uma demonstração de criatividade e do fino ajuste narrativo com o qual o autor trata as subtramas de seus personagens, afinal, o que rolou com a Emilia senão isso?

A única ressalva que faço é que, realmente, amadurecer tanto em algumas horas, como a Ryuzu nos lembra, pode soar um pouco forçado. Eu nem acho que isso seja exatamente um problema devido a todas pancadas que a Emilia levou para chegar até onde chegou, mas…

O quanto isso é ela realmente sendo uma pessoa diferente e o quanto é ela apenas querendo parecer? Não sei, mas insisto que mesmo um possível “fingimento” dela não é o problema. Na verdade, era tudo que eu esperaria de uma heroína que precisa ser um pilar para os outros.

Porque até o Subaru e a Beatrice aparecerem era ela e só ela que poderia passar confiança aos moradores de que daria tudo certo e que poderia fazer qualquer ação para protegê-los. O herói, nesse caso a heroína, tem muito disso, ele não pode demonstrar fraqueza quando dependem dele.

Por fim, foi um ótimo episódio mesmo com uma ou outra ressalva que fiz porque acho excelente essa opção de trabalhar as heroínas para que tenham senão autonomia total, ao menos força para buscá-la. Esse é um belo, talvez o melhor, caminho para fortalecer Re: Zero como um todo.

Até a próxima!

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