One Piece Film: Strong World – O dourado que reluz é um Pato pavão elétrico! E temos um Ex-Rocks estiloso também
Bem vindos a mais uma review dos filmes de One Piece, o filme analisado desse lindo final de semana, lindo para quem não é humano e não partilha da iluminação cega da vida consciente, é Strong World. Na verdade, esse é o décimo filme da franquia, mas o título oficial que pegou é esse mesmo, o qual podemos traduzir para Mundo da Força, Mundo dos Fortes, etc.
Não gosto muito desse título, mas isso é o de menos. Vamos ao filme.
O décimo filme começa relativamente bem, esse filme poderia ser mais canônico, ou ao menos, mais ambicioso em utilizar personagens da franquia de modo mais engajado, isso, infelizmente, não acontece, mesmo que Garp e Sengoku apareçam bem no inicio da coisa toda, e que Shiki, o leão dourado e vilão da vez, tenha não apenas história junto a eles, mas real impacto em todo o universo de One Piece.
Shiki, infelizmente, acaba sendo um personagem muito apagado na mitologia do cenário, embora tenha tido grande interação com Gol’D Roger e demais personagens centrais, ele é relegado às sombras. Não se enganem, isso não quer dizer que eu goste ou tenha apreço pela figura, mas especialmente no filme onde ele é o destaque, acaba sendo novamente arremessado para escanteio, ou seja, acaba que os eventos do filme nem se esforçam para consolidar a presença do vilão.
Figura controversa, Shiki tem por ambição dominar o mundo, torná-lo mais intenso e caótico, seu plano, após escapar de Impel Dawn, isso às custas de suas duas pernas, é restituir sua influência e efetivar sua vingança, seja pela inveja e rivalidade que tinha com o rei dos piratas, seja para com a marinha, sua inimiga por natureza.
Em Strong World, Shiji literalmente tropeça nos chapéus de palha enquanto navega pelo vasto oceano, e por uma gentileza ingênua e uma camaradagem corriqueira, o bando dos Mugiwara dão umas dicas para o pirata de passagem. Ledo engano. Shiki vê em Nami um recurso valioso, sua habilidade lhe instiga, e nisso, ele só sequestra a moça mesmo, na cara de pau.
O filme em si é, apesar de bem longo, a aventura desbravadora dos chapéus de palha pelo território de Shiki. Descobrimos que ele está escravizando moradores de uma ilha local, à qual, aliás, ele tomou posse completamente, literalmente. Shiki tem o poder da akuma no mi da levitação, a Fuwa Fuwa no Mi, e a habilidade a ele concedida é a de elevar e controlar a elevação de tudo aquilo que desejar, ou seja, se ele toca na terra, na água ou em algo que sofra influência da gravidade, ele pode manusear esse objeto, é tipo uma Uraraka de Boku no Hero, só que com poderes extremos.
Acho essa habilidade é meio estranha, pois para além de levitar, ele acaba tendo a capacidade de torcer a forma, ou seja, manipular a pressão sobre o objeto, o que implica em força gravitacional. Quem tem a habilidade gravitacional é o Almirante Fujitora, então chuto que esse poder de Paramecia seja uma variante da habilidade do espadachim da marinha.
De todo modo, Shiki mantém controle sobre um império flutuante, nesse local ele efetiva experimentos com os animais locais, o cientista de seu bando Dr. Indigo, é o encarregado de concretizar o seu plano, que nada mais é do que desenvolver anormalmente a inteligência dos animais e sua potência destrutiva.
O destaque nesse filme fica a cargo de Billy, um super Pato pavão elétrico que faz amizade com Nami enquanto ela estava em cativeiro. Billy realmente rouba a cena, adorei o jovem. Enfim, para proteger os habitantes locais, ou mesmo o próprio laboratório e reino de Shiki, usam o artifício de que os animais não conseguem suportar o cheiro de uma árvore local, a que é venenoso. A sacada é que circundam o perímetro habitável da ilha com essas árvores venenosas, o que mantém os animais cobaias e ensandecidos, afastados.
Achei que a utilização dos animais no filme deixou a desejar, embora tenham feito uma boa apresentação do contexto em que eles estavam, acabou que se transformaram em um elemento terciário de enfoque, ou seja, que praticamente não tem real enfoque.
Outro ponto complicado na história, é o como apresentaram, ou mesmo utilizaram os habitantes locais escravizados, pois pouco se elabora um drama ou peso em relação a eles. Não há tempo hábil para estruturar uma narrativa e arco para esses moradores locais, o máximo que fazem em relação a eles, é usá-los como vítimas impotentes frente a força e tirania de Shiki, que os usa de mão de obra escrava, e depois os sacrifica em um espetáculo de carnificina para a apreciação de seus apoiadores.
Os apoiadores, aliás, também estão porcamente caracterizados, são só coadjuvantes de ilustração de contexto mesmo.
Mas retomando, Shiki tem por objetivo vandalizar e destruir o East Blue, ou seja, o mar do leste, terra natal de Luffy, Usopp, Nami e Zoro, para além de ser também a terra natal de Roger, o seu rival eterno, e é exatamente por isso que Shiki deseja bagunçar o local, isso como ponto de partida e teste de seu poder bélico, e em seguida, atacar o governo mundial.
Nami, por sua vez, é só um capricho a mais realizado pelo pirata, ela não tem real importância para o inescrupuloso e caricato pirata. Entretanto, pelo menos no que tange a caracterização e utilização dos Mugiwara, o filme até que acerta um pouco. As lutas em geral não empolgam, mas a interação do bando na ilha e no contexto onde estão arremessados, é até divertida.
O filme segue pela jornada de reencontro do bando, que acabou se separando quando trapaceados por Shiki, e após isso o confronto real frente ao vilão, efetivado em dois atos.
O desfecho da luta de Luffy é até bacana, mas o que realmente empolga nessa batalha, é o destaque que Billy recebe, o Pato pavão leva nas costas todos os méritos do combate, literalmente.
Nami, por sua vez, é utilizada como femme fatale, com um pouco de fã service alguma inevitável apresentação de sua beleza. Não sou de ficar babando para personagens, de modo algum, mas dessa vez caí um pouco nessa armadilha. Fora isso, é adorável, como sempre, a relação de amizade, confiança, companheirismo e compromisso de todos do bando, e a fragilidade bruta de Nami também é adorável.
A sincronia dos Mugiwara, sua dinâmica como bando, não é lá muito aproveitada, mas fora um ou outro show de luzes, roupas estilizadas e blá blá blá, com armas de fogo aqui e ali, achei muito divertido todos os momentos chave do filme. Robin também teve um destaque elegante em suas aparições, mas sem dúvida, quem matou a pau nesse filme, em todos os sentidos, foi o Brook.
Mas é isso pessoas, filme bonito, com momentos bacanas, mas um tanto quanto vazio e sem real intensidade. O que salva o filme é a intenção, e não o que realmente foi entregue, o que é uma pena, pois pensei que conseguiria pelo menos arranhar um pouco o melhor de todos os filmes até então efetivados pela franquia, que acredito ser o sexto, o filme dirigido por Mamoru Hosoda.