Esse episódio deu muita pinta de que o foco não seria na Teiou e de que algo de muito ruim iria acontecer desde o começo porque eu não sei se você percebeu, mas a animação esteve bem afiada desde as primeiras cenas.

Além disso, quando a McQueen sentiu a perna e pediu para treinar sozinha era o sinal de que queria esconder o problema de suas companheiras e técnico.

Uma reação pouco inteligente, mas compreensível devido ao que poderia estar em jogo, que era a possibilidade de correr e não só isso, competir com sua grande rival, Teiou.

Uma Musume 2 abraçou o drama mais uma vez e apesar de eu já estar um pouco de saco cheio de ter meu coração quebrado semana sim semana não, cubro a aposta já dobrada pela produção do anime e compro a ideia de investir no drama com suas protagonistas desencontradas.

Quando uma se posta apta a correr em alto nível a outra tem uma lesão grave, quando a que teve a lesão se recupera a outra se lesiona. Parece carma, mas foi a forma que encontraram de dar sentido a carreira da Teiou após tantas decepções.

Se ela não tem mais sua tríplice coroa ou invencibilidade, o que a resta é correr contra Mejiro McQueen mais uma vez. Vamos chorar agora?!

Mas antes, como não comentar a despedida da esquete da garota-cavalo vidente? A partida dela já tinha cara de mutreta como foi toda a sua interação com a duplinha dinâmica que mais uma vez nos proveu com um trecho breve, mas divertido.

O episódio teve outros momentos de comédia boba, como a reação da Biwa Hayahide após sua vitória e as respostas monocromáticas da Spe antes de partir para a comilança, mas a verdade é que foi dominada pelo drama que tomou os holofotes quando foi chamado o famigerado “Doutor”.

Aliás, antes de falar da McQueen e do maldito desmite do ligamento suspensor do boleto, a vitória da Biwa Hayahide e a própria existência do BNW me animam para uma continuação, apesar de duvidar que algo seja anunciado logo e do trio já ter uma série de OVAs estrelado por elas.

É bacana o “sangue novo” que a franquia vem injetando, inclusive, seria legal o BNW, a Rice, a Palmer, as garotas da Canopus, etc, competirem em uma corrida com as protagonistas (apesar de que seria conveniente demais até para Uma), mas acho que isso ficou de lado devido a “doença”.

O desmite do ligamento suspensor do boleto realmente existe, fui conferir no tio Google, mas não fui além em minhas pesquisas pelo asco que peguei desse nome longo e repetido até de maneira exagerada durante um trecho desse episódio.

A verdade é que Uma Musume não precisa inventar lesões para cavalos de corrida porque elas já existem, só é necessário adaptá-las as garotas-cavalo e usá-las de maneira conveniente dentro da trama. Mesmo que o cavalo original tenha desenvolvido essa doença, por que o raio tinha que cair justamente agora?

Porque Uma Musume 2 não poupou esforços em querer arrancar lágrimas de seus telespectadores e isso é bom, doloroso, mas eficiente em tornar cada momento de glória gratificante.

Tenho até saudades do começo do anime em que a Teiou ganhava corridas e do meio em que a McQueen também se destacava mais. Agora, após os sonhos da Teiou terem sido destroçados, foi posto em risco o único sonho que lhe restava.

E esse sonho é competir com a McQueen, a sorte é que a gente sabe que ela vai conseguir, sem os dois milagres esse anime não tem como acabar bem.

O que me incomoda um pouco é que parece muita coisa para um episódio só, a Teiou ganhar uma corrida e provar a McQueen que vai estar lá no topo a espera dela, além da própria McQueen se recuperar para correrem juntas.

É por isso que escrevo que a aposta foi dobrada, afinal, corre risco de ficar muita coisa para um episódio só e a qualidade decair, além de que a segunda temporada foi recheada de episódios excelentes, então o sarrafo está lá em cima, não espero nada menos que um final arrasador, daqueles de fazer chorar (mas de felicidade dessa vez).

Agora falando da McQueen em si, o sumiço dela e sua tentativa de correr para se provar que estava bem mesmo quando ela sabia muito bem de sua situação, foi a primeira fase que normalmente acomete a quem passa por um grande trauma, a fase da negação.

Ocorreu o mesmo com a Teiou depois das rasteiras que ela tomou da vida com suas lesões, ela só reagiu de outra forma.

Dessa vez não tinha muito tempo para pensar e o combinado entre as rivais a impulsionou aquele cenário, bastante deprimente, é verdade, mas nada indigno e muito menos incompreensível.

E o mais legal da corrida da Teiou para falar com a amiga e rival, sabendo o local para o qual ela poderia ter fugido, foi que em nenhum instante ela abriu a boca e desperdiçou palavras, não falou amenidades vazias.

Eu esperava até que a Teiou abraçasse a McQueen e fizesse mais caras de preocupação, como fez ao saber do problema, mas não, ela se manteve firme e retribuiu todo o carinho que recebeu daquela pessoa importante para ela e que na sua frente estava passando por algo muito parecido e também absurdamente doloroso como o ocorrido com ela.

A Teiou estava sendo bem fofa antes desse trecho final e no clímax em especial ela foi precisa, incrível, pois tanto apoiou a McQueen, quanto a deu um motivo para insistir em sua recuperação e tentar voltar a correr por mais doloroso que aquilo fosse ser.

E ela foi capaz disso após tudo o que ela mesmo passou, o que nos faz ver que não foi nada da boca para fora, houve muito peso e verdade nas palavras da Teiou, mas claro, nada adiantaria se no fundo a McQueen não tivesse um pingo de esperanças de que um raio pudesse cair duas vezes no mesmo time.

Mas não ao mesmo tempo, visto que a McQueen deve demorar um ano para se recuperar. O tempo em Uma Musume é meio doido, já cansei de entender, então é melhor eu voltar a heroína desse episódio.

Mas antes disso, elogio a direção, que foi sublime principalmente no clímax, e os animadores, que deram um show em todas as cenas chave desse episódio, da primeira a última.

Não foi só o roteiro, o visual também estava em sintonia e entregou um chororó arrebatador em todas as suas fases; antes do choro ao desmanchar em lágrimas, acabando com o apaziguar emocional.

Apaziguar esse que só foi possível com a promessa feita entre as duas, tão grandiosa quanto a amizade e rivalidade delas.

Se um dia foi a McQueen que estendeu a mão para a Teiou, era a vez da fundista receber uma mão amiga, mas não para consolar exatamente e sim motivá-la a desafiar o “destino”, correndo atrás de um verdadeiro milagre para coroar uma trajetória vitoriosa e uma história belíssima.

O mesmo vale para a Teiou, e foi por isso que ela conseguiu esperar a hora certa de falar, manter uma expressão que passasse confiança e usar palavras convincentes.

Por fim, dane-se se a trama parece estar em um loop de lesões e voltas por cima, tenho fé de que o último episódio dessa segunda temporada compensará todo meu investimento emocional nela, assim como justificará as decisões narrativas no todo desse percurso.

A vida é agridoce, é cheia de decepções, a gente sabe, o que pega é o que fazemos com isso, se caímos e ficamos no chão ou tentamos fazer algo, até mesmo abraçando a ideia de um milagre. Que na vida real nem sempre vai acontecer, mas vamos nos permitir encantar com os que presenciaremos.

Até a próxima!

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