Foi só impressão minha ou Tokyo Revengers lembra muito Erased (Boku Dake ga Inai Machi) só que com adolescentes gângsters? Se ainda não viu Erased e gosta do tema viagem no tempo faça-se esse favor, mas não antes de conferir mais uma estreia dessa temporada de primavera de 2021. O anime é produzido pelo estúdio LIDENFILMS e adapta o mangá de Ken Wakui lançado na Weekly Shounen Magazine desde 2017.

 

“Na história acompanhamos Hanagaki Takemichi, um adulto que vive uma vida medíocre e fica sabendo pelo noticiário da morte da ex-namorada no ginásio, Hinata Tachibana, vítima de um incidente envolvendo sua ex-gangue. Pouco após ele cai nos trilhos da estação na hora do trem, mas ao invés de morrer acaba voltando doze anos no tempo onde revive um dia de sua juventude e decide salvar Hinata a qualquer custo.”

 

Achei engraçado como o anime ilustrou bem a imagem nostálgica que nós adultos às vezes temos da nossa adolescência quando na verdade a coisa não era tão bonita quanto parece nas nossas memórias. O “auge” da vida dele era a época para a qual voltou porque tinha uma namorada, mas a verdade é que nosso protagonista se tornou um “perdedor” justamente naquele momento em que foi absorvido pela gangue.

Como ele bem relata em seu arroubo de raiva, foi a partir dali que seu destino foi traçado, e o anime reforça essa impressão pelo evento que muda ainda mais sua situação, o encontro com o irmão da namorada. Mas antes de chegar lá, acho importante tocar em um ponto, Hanagaki quer mudar o fim trágico da garota, mas e quanto a si? Ele não morreu e nem sabe quando vai, mas sua vida de merda claramente não lhe basta.

Sendo assim, espero que ele não se esqueça e durante essa jornada pense em tentar mudar de vida, senão usando a viagem no tempo, fazendo isso no presente para o qual conseguiu retornar e que deve ser alterado quando conseguir salvar Hinata. Essa seria uma saída realista para uma história envolvendo viagem no tempo. Aliás, gostei bastante dele ter viajado, mas ter voltado ao presente e ainda assim nem tudo ter mudado.

É claro que se ela não tivesse morrido a história acabaria ali, mas o ponto é, se o irmão dela veio até ele doze anos depois do que foi informado, é sinal de que acredita que o ex-cunhado será capaz de viajar no tempo de novo, dinâmica que deve agitar bastante a trama e prover mudanças interessantes no presente. Seria um paradoxo temporal? Seria, mas por que a ficção de viagem no tempo precisa sempre seguir esse conceito?

Recentemente assisti Dark, a série alemã de sucesso da Netflix que trata justamente disso, de viagem no tempo, mas sem se prender a paradoxos temporais que, como tudo mais na ideia de viagem no tempo, são apenas teoria. Aliás, assista Dark, se você gosta de viagem no tempo a série é obrigatória. Minhas outras indicações são Steins;Gate e Re: Zero, além do já citado Erased; os quais você vê na Funimation, Crunchyroll e Netflix.

Voltando ao Hanagaki e seus problemas, passado o susto inicial sua memória não o ajuda a lembrar mesmo de uma surra bem dada, então dou um desconto por ele não lembrar do rosto da única garota que o deu moral na vida e não ter sequer hesitado em revelar sua situação a criança. Voltar no tempo após se encontrar a beira da morte não deve ter sido uma experiência fácil. Aliás, como voltou doze anos no passado mesmo?

Não sei se isso será revelado e não acho essencial em todo caso, mais importante é questionar como fazer para ativar o evento. Talvez ocorra só quando ele estiver em uma situação de vida ou morte, ou seria algo mais simples tendo sido desencadeado pelas saudades que tinha da época? Vamos ver, imagino que o irmão pode ter pensado nisso levando em consideração o que o Hanagaki lhe disse e seu afastamento mesmo assim.

Porque o protagonista seguiu com a vida como se aquele dia praticamente não tivesse existido, ou pelo menos é o que deduzo que aconteceu. A vida do Naoto foi salva pelo que ele falou, mas a da irmã não, então isso significa que se ele tivesse contado para ela a garota não teria morrido? Se ela tivesse acreditado acho que sim ou será que mesmo sabendo ela morreria porque esse evento amarra toda a linha do tempo? Veremos.

O fato é que a mente do seu eu de 2017 foi transportada para o se eu em 2005, mas depois voltou de novo para 2017, o que dá a entender que a viagem que ele faz é apenas de mente. Inclusive, como ficou desacordado pelo choque da situação, talvez consiga viajar no tempo enquanto dorme, por que não? Já conhecia o mangá faz tempo, mas nunca parei para ler, então acabo achando divertido e legítimo especular desse jeito.

Enfim, já em 2005 ele tem tanto o arroubo de rever o rosto da garota, quanto enfrentar os valentões que amedrontavam o irmão dela, dando a entender que sua instabilidade mental e emocional o levaram a agir diferente do que faria normalmente, mas também que não é impossível que ele use essa confiança e determinação para subir na gangue e com isso tentar evitar por dentro o incidente que provoca a morte da garota.

Inclusive, o encerramento dá um pouco a entender isso, que outros gângsters aparecerão e que esse pano de fundo será bem aproveitado. Aliás, esse acaba sendo um dos charmes da história, pois por mais bem animado, roteirizado e dirigido que tenha sido o episódio; é inegável que essa ideia não é nada inovadora. Contudo, é a primeira vez que vejo um sci-fi envolvendo delinquentes tendo essa abordagem de Tokyo Revengers.

Além disso, ele voltar para o presente acaba sendo mais interessante que ficar no passado e reconstruir linearmente a sua vida com “spoilers” de tudo que acontece. Primeiro, vem o desafio de conseguir repetir a viagem. Segundo, o desafio de usar isso da melhor maneira possível. Terceiro, e se as repercussões do uso da viagem no tempo forem maiores do que apenas ser capaz de mudar o presente como fez com o Naoto criança?

Além disso, como ele vai lidar com os gângsters? O leque de possibilidades que essa estreia abre acaba se mostrando bem interessante, e não foi preciso de um baita clímax para tanto, apenas o uso inteligente da premissa. É claro, dá para questionar porque o garoto acreditou piamente em um desconhecido e até virou policial por causa disso, mas sei lá, era uma criança que amava sua irmã, além da carreira policial não ser das piores.

Pelo menos não lá porque aqui talvez tivesse o efeito contrário se alguém virasse policial para lidar com uma situação dessas… Enfim, deixando as suposições de lado, a única certeza que tenho é de que Tokyo Revengers teve uma estreia consistente e demonstrou potencial para ser uma boa trama de viagem no tempo com um toque único. Hanagaki conseguirá salvar Hinata? E quanto a ele, sua vida mudará para melhor no processo?

Até a próxima!

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