One Piece Film: Z – O legado de Zephyr, sua decadência e determinação
A história de Zephyr, um lendário marinheiro que trilhou o caminho da insanidade. O filme doze de One Piece é, indiscutivelmente, parte fundamental e essencial da história principal da obra. É um cânone de suporte indispensável.
Z, o fundador e líder da nova marinha, consegue estruturar um arco extremamente interessante e que deveria estar junto ao corpo principal da franquia.
Zephyr é um marinheiro de calibre semelhante ao avô do Luffy, Garp, mesmo que ele não seja tão poderoso quanto o lendário herói da marinha, ainda assim, ele é extremamente importante, pois ele não apenas é o mestre de praticamente toda a nova geração da marinha, como foi a pessoa que forjou os novos marinheiros mais fortes em atividade. Os almirantes e vice almirantes, a alma da instituição, eles são herdeiros desse grande marinheiro que entrou em decadência.
Nesse décimo segundo filme, o protagonismo se direciona completamente para a desgastada figura de Z, que emana um rancor tão intenso, que pretende genocidar milhares de inocentes para vingar e estancar o mal maior do mundo, os piratas.
Seu trajeto de vida lhe garantiu sofrimento constante, e dois eventos lhe destruíram por completo. O primeiro foi o assassinato de sua família, esposa e filho, por piratas. Nessa época Zephyr ainda era um dos almirantes da marinha, rivalizando em poder com grandes piratas da época, como Barba Branca e o próprio Gol D. Roger.
O renomado almirante estava impotente frente a esse desastre pessoal, e o evento o fez renunciar a sua posição de destaque, assumindo uma posição subalterna de treinador e mestre dos novos marinheiros que se alistavam.
O segundo evento destruiu de vez o seu coração. Sendo responsável por um pelotão de novos recrutas, Zephyr e seus pupilos sofreram um ataque devastador. Um pirata, de identidade não revelado no filme, mas que é dito ser um dos futuros Shichibukais, aniquilou os seus pupilos, dentre os quais, apenas dois sobreviveram. Não apenas isso, mas até mesmo ele, um ex-almirante, perdeu um de seus braços nessa vexaminosa derrota.
Quando descobriu que o pirata que lhe roubou o orgulho e a dignidade, que chacinou os seus companheiros e o humilhou, foi convidado a ser um Shichibukai, a gota da água despencou de uma vez só. Z abandonou a marinha, instituição ingrata e torpe, e criou uma nova organização, a Neo Marinha.
A decadência de Z é plena, sua nova missão era esmagar os piratas de uma vez por todas. Ele planeja uma grande vingança, a mais absurda de todas. Destruir o mar da grand line. Sim, isso mesmo, é revelado que existem pontos fracos na estrutura geológica do platô, e que caso esses pontos sejam explodidos, eles se fundiriam e causariam um efeito em cadeia de erupções vulcânicas incontroláveis.
Z, agora sob o comando da nova marinha, rouba as Dyna Stones, armas de destruição potentes o suficiente para vaporizar uma ilha inteira. O seu plano é simples, explodir os End Points, locais que regulam o fluxo geológico da Grand Line. Ao fazer isso, ele pretende destruir completamente o mar e todos os piratas que nele navegam.
É claro que isso também significa destruir sabe-se lá quantas ilhas e matar sabe-se lá quantas pessoas, é um plano completamente insano. A marinha, consciente das intenções do decadente marinheiro, usa de toda a sua força para o impedir.
Esse é o panorama geral desse filme extremamente interessante, e que tem, de fato, uma execução muito boa e competente. É um filme que brilha em seus combates e no seu desenvolvimento. Temos bons momentos para os Mugiwara, mas acima de tudo, para os antagonistas. Z rouba o filme, nele se concentram todos os momentos mais marcantes, e se não com ele, com Aokiji, seu discípulo mais honrado.
Os poderes de Z são simples, a arte marcial militar tradicional da marinha, mais um braço mecânico gigantesco e poderoso criado para anular usuários de akuma no mi. Sua tripulação é composta de coadjuvantes genéricos, onde dois se destacam como centrais, Ain, uma usuária do Modo Modo no Mi, uma fruta paramecia que garante o poder de rejuvenescer a 12 anos o estado de tudo o que o seu portador toca. E isso gera um bom argumento ao esse poder ser usado contra Nami, Chopper, Brook e Robin, para que o grupo persiga Z e a Neo Marinha. E o outro sobrevivente do massacre e personagem central da Neo Marinha, é Binz, um ninja manipulador de plantas, o qual não tem qualquer desenvolvimento real no filme.
O encontro de Z e dos Mugiwara é convincente e funcional, o conflito entre eles é válido, mesmo que sua premissa seja tênue. Z odeia piratas, e quando Luffy e o bando o enfrentam, ele, ao vencer Luffy, leva seu chapéu como troféu. Isso amplifica o sentimento de revanche por parte de Luffy, que também está consciente de que precisa reverter os efeitos causados por Ain em seus companheiros.
No geral, a estética do anime é muito bem construída, temos alguns momentos demasiadamente acelerados, como o micro arco onde o bando encontra, em uma doca onde aportou para reparar o Sunny, que quase foi afundado por Z, e se deparam com um jovem menino e seu avô. Nesse local, uma espécie de cemitério dos sonhos e local de morte da liberdade, temos os pertences de diversos piratas que sobreviveram a Neo Marinha, mas com o custo de abandonarem as suas aventuras. São itens simbólicos que gostaria que o filme tivesse tempo para desenvolver, mas não foi o caso.
E para além dos piratas e de Z, Aokiji é extremamente central no filme, sua relação com seu mestre e mentor, e seu sentimento para com a marinha, o qual se parece muito com a de Z, somado a sua peculiar personalidade e as palavras que transfere aos Chapéus de Palha, tudo isso enriquece e muito o filme.
E não menos importante, os momentos protagonizados por Nami, com 8 anos de idade, Chopper, com 5 Anos de idade, Robin, com 18 anos de idade e Brook, com seus 78 anos de morte, são muito divertidos.
Para finalizar, o fim do filme é muito tocante, e é uma decisão que considero muito acertada. O desfecho de Z é doloroso e triste, definitivamente esse filme lhe pertence, os Mugiwara são apenas adereços. Ain, sua mais fiel e devota subordinada, carrega todo o peso da trágica história da Neo Marinha e de seu fundador. Gostaria realmente que esse arco fosse mais longo e fizesse parte dos arcos oficiais da animação e do mangá.