Em um episódio mais voltado ao Império, mas com tempo também para mostrar o outro lado, LOGH nos encanta mais uma vez com suas discussões políticas, conspirações dentro de conspirações e o elemento humano, essencial a qualquer história que se preze…

O desequilíbrio de poderes e os planos escusos do Domínio de Fezzan pendem para o Império, mas não para sua supremacia, e sim para um controle das sombras, algo similar ao que o Oberstein tenta fazer com o Reinhard, a diferença é a quem atende tal manipulação.

E nisso se revela uma relação ainda mais “peculiar” que a de Reinhard com a mecha de cabelo do Kircheis, que é o fato do Rupert ser filho do Rubinsky, e do rapaz guardar sentimentos negativos quanto a esse pai que renegou a mãe do garoto em prol de uma “oportunidade.”

A oportunidade acabou o levando ao domínio de Fezzan e a ganância pelo universo, coisa que seu filho “ilegítimo” parece muito interessado em possuir. Aí a gente vê mais uma vez como as relações humanas sempre entram na equação quando se fala mesmo das maiores coisas.

Sendo assim, o ideal do benevolente Reinhard; de que não será a linhagem ou a herança que determinará o prosseguimento de seu legado, mas sim a competência de quem quiser obter o poder; está ameaçado? Sempre estará ou não repetiríamos os mesmos erros a esmo.

Mas sim, isso não deve partir dele, mas de quem o está usando, figuras como o Oberstein ou o próprio Domínio de Fezzan. Aliás, não é “engraçado” como mesmo diante de tamanhos poder e inteligência, ainda assim, sua posição o coloque a mercê dos desejos de outros?

Poder e política são dois mecanismos dos mais complexos e simples que a sociedade já produziu, pois dependem demasiadamente dos desejos e das relações humanas, ao mesmo tempo em que têm que respeitar suas próprias idiossincrasias e processos a fim de sua validação.

E nisso entra outra figura muito interessante da trama, a Hildegard, que lê o Reinhard como um livro aberto e o dedica uma preocupação e um carinho só superados pelo que o Kircheis fazia por ele. Reinhard ainda não se perdeu ao ponto de matar seus homens, mas…

Como Reuenthal bem expôs na franca conversa com sua cara metade, Mittermeyer, só o fato ele ter enviado o Kempff em uma luta perdida (pelo menos em situações normais de temperatura e pressão) foi prova da desconexão do comandante com a realidade.

O isolamento manipulado pelo Oberstein, e que também é conveniente a Fezzan, tem tornando Reinhard uma figura senão mais próxima do que ele mais abomina, certamente alguém mais suscetível ao erro que cometeu porque, sério, ele não subestimou o Yang.

E nisso milhões de vidas humanas viraram obituários (se muito) e a desconfiança se instaurou entre os “peões” mais valiosos. E perceba que, mesmo a plenos pulmões, as fragilidades do Império são expostas, novos tempos inevitavelmente trazem novas discórdias…

A história da humanidade é composta por sistemas de exploração que, quando subvertidos (ou simplesmente suavizados) dão braços a conflitos que, quer sejam contidos ou não, acabam por influenciar o futuro. LOGH se sai muito bem em expor essa realidade latente.

E quanto a Aliança, o mesmo podemos dizer de seu sistema decadente? A liberdade que o Yang tanto insiste em proteger justifica a manutenção de um sistema tão falho? Sinceramente? Não sei a resposta, mas acredito que o Yang não está errado em pensar e agir como o faz.

Ele não é o dono da vida do Julian e, portanto, jamais o moldaria a sua vontade, o que não seria a sua face visto que ele sabe o quanto as escolhas que fez na vida o cobram dele. Como alento, fica a lucidez de alguém que mantém seus valores mesmo em face das piores coisas…

Yang sabe que o poder que detém não é definitivo, ele atende a um propósito que o torna tanto perpetuador das justiças e arbitrariedades humanas, quanto sua vítima. É a pena que tem o poder para extrair o melhor de nós, não as ferramentas da violência que um militar detém.

Por fim, Yang lamenta o imponderável que levou sua vida, e deve levar a de Julian, para lugares outros… Aliás, quando, isso não acontece? Sequer somos senhores de nossos próprios destinos, como podemos não brigar entre nós ou cometer os mesmos erros, ainda que tentando acertar?

Até a próxima!

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