The Aquatope on White Sand – ep 11 – O arauto do fim
Para quem ainda guardava no coração uma pontinha de esperança quanto ao Gama Gama, esse episódio simplesmente destrói tudo, mostrando as limitações do lugar e colocando a Kukuru no fim da linha. No fim essa tempestade que arrasa, é a mesma que recria uma nova possibilidade para ela, como a menina vai processar essa virada?
Flávio: O tufão levou as esperanças da Kukuru e dos outros embora. Depois do que passou vem a reconstrução, não do aquário, mas da vida.
JG: Bom, ao menos agora entendemos a direção que o anime quer seguir, porque antes ainda pairava a dúvida sobre a sobrevivência do Gama Gama, já que era o sonho da menina.
Aquatope quer ensinar como não se prender ao passado e sim seguir em frente, porque é assim que a protagonista estava, presa a morte dos pais e a memória afetiva do aquário. A sua pouca experiência de vida não lhe deu a condição de entender isso, e infelizmente foi necessário essa tempestade para que ela se movesse adiante, mesmo que com pesar.
Flávio: Posso ter interpretado errado, mas entendi que um tufão causou a morte dos pais da Kukuru.
JG: Para ser honesto eu não cheguei a pensar dessa maneira, mas é uma interpretação válida, até porque eram desconhecidas as causas. Diria até que é curioso não terem contado sobre isso, considerando que normalmente esse tipo de coisa é logo exposta – justamente por não se tratar de um mistério.
O fato é que natureza não colaborou e deixou claro que o Gama Gama não podia continuar de pé, mesmo debaixo de todo aquele esforço e desejo. Se uma catástrofe dessa fosse mesmo a responsável pela menina ser órfã, ia ser bem pesado. No momento em que ela gritou, pensei que ela “discutia” com a vida por ter tomado tudo que tinha.
Flávio: Na tradução de uma das falas, a Kukuru grita desesperada que o tufão tiraria (ou levaria) mais uma vez algo importante para ela, ou algo assim. Caso esteja correto, o tufão do episódio carregaria ainda mais simbolismo, o que tornaria o episódio ainda mais dramático.
JG: Eu achei esse episódio ainda mais deprimente do que o anterior – no quesito drama -, pois praticamente arrancaram da protagonista toda a dor que ela vinha acumulando e retendo, de uma só vez.
A Fuuka novamente teve um papel crucial, porque nos momentos em que a amiga desaba, é exatamente quando ela brilha, trazendo a sua paz de espírito, coragem e companheirismo. Sem ela presente, a Kukuru não teria saído desse limbo tão facilmente e conformada em encarar o que virá pela frente.
Na verdade toda a equipe é muito atenciosa, do bem e familiar, incluindo o Kuuya que mesmo se escondendo, não deixa de se preocupar pelos demais. É bonito como todos se uniram mesmo com os ventos desfavoráveis – literalmente.
Flávio: A Fuuka é a irmã mais velha que a Kukuru não teve.
JG: As vezes tenho a impressão de que ela acaba ficando um pouco em segundo plano, talvez por conta desse ar mais maduro e equilibrado, destacando a Kukuru. No entanto, creio que agora com as duas em “igualdade de condições”, ela vai poder mostrar um pouco mais de si para além da figura fraterna que tem representado com força até aqui.
Flávio: Em alguns episódios a Fuuka ficou em segundo plano, mas até mesmo nesses episódios ela fez intervenções importantes.
JG: Penso eu que diante das reviravoltas e do fim concreto do Gama Gama, a intervenção dela vai ser ainda mais necessária, mas aí que entra a grande questão. Será que ela vai adiar o sonho para seguir ao lado da outra, ou ela vai tentar encontrar um novo sonho enquanto permanece ao lado da amiga?
O altruísmo dela é louvável, entretanto essa ainda é uma decisão bem complicada, e como a própria Kukuru colocou, ela precisa focar mais em si mesma.
Flávio: Acho que a Fuuka recusará o convite para ficar ao lado da amiga, a não ser que o filme seja gravado em Okinawa. Quero levantar uma questão que para mim é pertinente. A Fuuka no está ajudando a Kukuru por altruísmo ou pela falta de perspectiva de um sonho próprio? Caso seja a segunda opção, ela não estaria fazendo isso para se satisfazer e/ou aliviar a frustração sofrida?
JG: Aí que está, essa é uma ótima pergunta porque julgando pela forma como a história se desenrolou no começo, daria para dizer que é uma ação baseada na falta de rumo, a identificação com a situação e etc. Contudo, julgando pela conexão que se construiu, talvez nesse exato momento seja a outra opção.
Penso que ela tenha aprendido a amar o que viveu após sua fuga e essa amizade faz parte disso, então talvez o que fosse uma autopiedade, acabou se tornando uma missão que ela executa apenas pelo desejo de ver a outra feliz. Sinceramente nem eu entendo muito bem de onde vem toda essa abnegação e esforço, mas é exatamente isso que quero que o anime me responda, depois da decisão que ela tomar quanto ao convite.
Flávio: Amizade é o que pode estar por trás da abnegação e esforço da Fuuka, mas o tempo de amizade delas é curto demais para que haja esse tipo de sacrifício em prol da outra.
JG: E é por esse mesmo motivo que me confundo, porque não é normal a dedicação que ela emprega nessa missão, por mais amiga que seja. Abrir mão do próprio sonho em nome de outro é algo muito complicado, para ser tratado de forma leviana – e constante no caso da personagem.
O que me dá alguma noção de que ela é de fato altruísta, é lembrar o ocorrido com a idol “amiga” dela, pois a situação foi semelhante, ela se contendo pelo bem da outra. Acho que na verdade o sonho da garota é ser uma Madre Teresa de Calcutá, ela só não descobriu isso ainda.
Flávio: A própria Kukuru disse á Fuuka que ela deveria pensar em si mesma.
JG: Por sua vez a Kukuru agora está frente ao que mais temia, o fechamento do Gama Gama. Agora é ela que está zerada e precisa se reinventar, só espero que também não fuja. Seria até engraçado que a Fuuka retornasse e ela viesse junto para ajudar a amiga a reconstruir o sonho, olha a reviravolta grandiosa que isso daria – um ciclo de ajuda mútua.
Flávio: Não acho que a direção ousaria em fazer essa reviravolta. Quem sabe depois desse episódio a Kukuru amadureça mesmo que seja só um pouquinho. Se trancar no aquário só mostra o quão imatura a personagem é, e também mostra o tamanho do desespero da garota.
Admiro muito o comportamento do avô da Kukuru, que agiu com cautela, permitindo a Fuuka ir ao encontro da neta para amansar a fera, pois ele sabia que uma amiga da mesma faixa etária poderia dialogar melhor com ela do que ele próprio. O mesmo só interviu quando foi necessário.
JG: Foi exatamente o que dissemos sobre o episódio anterior, ele se posiciona corretamente e na hora propícia. Acredito que talvez pelo laço que tem com a neta, ele compreende a imaturidade dela e sabe como lidar com essas inconstâncias, usando de sua paciência e sabedoria para lhe dobrar e ensinar as pequenas coisas da vida.
O pior é que por mais bobo que tenha sido o gesto da menina, é algo perfeitamente compreensível para alguém que não quer deixar essas memórias se esvaírem e serem tomadas. Diria até que nesse episódio, mais do que nunca eu consegui me colocar nos “sapatos” dela, e sentir a pressão.
Será que no próximo já vão começar as transições? Tenho uma certa crença de que vai ter mais um pouco de depressão, especialmente agora que a protagonista aceitou seu destino – mesmo conectada ao Gama Gama. Seja como for, é chegada a hora das novas escolhas para a dupla que teve seus sonhos destruídos.
Agradecemos a quem leu e até a próxima!