Não me julgue, mas eu concordo com o Karikiri, que a divisão e substituição celular nos tornam praticamente cópias de nós mesmos em uma reciclagem constante, não que ele pudesse ter uma opinião muito diferente visto que é um híbrido entre humano e sombra…

Apesar de não ter pensado nessa possibilidade, não me surpreenderam as revelações sobre a origem do Karikiri e que ele é o Shide, tanto pelo braço dentro das sombras que vimos alguns episódios atrás, quanto pela personalidade complexa do monstrengo.

Além disso, a explicação que o velho médico deu faz todo sentido, ainda mais para uma ilha pequena em que o templo e o consultório têm uma grande influência na comunidade, tendo sido através dessas instituições que a Haine foi protegida esse tempo todo.

Enfim, se as sombras são existências alienígenas ou não eu não sei, mas que os heróis foram existências de uma burrice fora da atmosfera, isso eles foram. E por que digo isso? Porque era óbvio que era tudo uma armadilha, Shide não se deixaria matar tão facilmente.

A Ushio executa o sacerdote e os heróis, ainda assim, passaram segundos dentro do templo, dando margem para o ataque furtivo do vilão e a, ao menos temporária, segunda morte da heroína. Me parece óbvio que ela vai voltar, vou me surpreender se não for esse o caso.

Ainda assim, nisso o episódio acertou demais, ao nos prover com um plot twist seco, abrupto e violento, como é a abordagem das sombras para com os humanos, que foram tolos em demasia, ainda que eu entenda a vontade do Shinpei de conversar.

O problema é o Shinpei ter tido essa vontade, ter dado essa brecha, depois de tudo que a Haine e o Shide foram capazes de fazer. No fim, o herói que vinha dando um show de racionalidade e paciência sacrificou todas as suas pequenas vitórias em prol do roteiro.

Nisso acho que o autor foi bem mal, pois nada justificava os tremendos erros que o Shinpei cometeu ao não esperar por uma armadilha, ainda mais uma armadilha em que sua querida Ushio se encontraria exposta, tendo sido ela a chave para a resistência até aqui.

O autor precisava elevar o tom do drama em torno da Ushio nessa reta final e para isso precisou “nerfar” o intelecto fora do comum que o Shinpei vinha demonstrando até então. “Precisou” nem é a palavra correta, visto que ele poderia ter feito de outra forma.

Em todo caso, ainda assim é inegável que a conversa com o vilão foi muito boa, trouxe novas informações e expôs seu ponto de vista, as justificativas para os seus atos. Eu só não curti a roupagem que deram para a suspeita criada em torno dele, em cima da hora.

As cenas em que o Shinpei e os outros conversam sobre o Karakiri foram “cortadas” do anime até aqui e a gente precisa acreditar que eles vinham suspeitando dele há tempos, tendo até formulado teorias sobre seu papel no grande esquema das coisas.

Entendo que isso foi feito em prol do plot twist, mas o quanto essa preocupação toda faz sentido se você avança de peito aberto, expõe sua melhor carta e não se preocupa devidamente quando parece ter vencido tão fácil? Ainda assim, o drama foi bom, não nego.

Por fim, espero mesmo que a Ushio volte, pois, ainda que sua ausência possa prover desenvolvimento interessante a alguns personagens e situações, sua ausência ceifaria o desenvolvimento da relação dos protagonistas rumo a um desfecho minimamente decente.

Além disso, na prática ela é essencial para evitar o plano dos vilões, sem ela o Shinpei e os outros não têm a menor chance, e até por isso acho que a forma como trataram esse plot twist, com o maior zelo, não faz muito sentido, só expôs as fragilidades do roteiro.

Como ultimo comentário, a história da chegada da deusa Hiruko na ilha e a própria natureza das sombras me fazem pensar que essa é a fraqueza delas, elas precisam dos humanos para viver. Sem plots mais complexos envolvendo Ushio e Shinpei? Veremos.

Até a próxima!

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