Uma Musume: Pretty Derby – ep 11 – Tadaima!
Um medo que eu tinha é de que essa reta final acabasse sem a adição de algum elemento novo que tornasse a história mais interessante, afinal, nós já sabíamos da rivalidade estabelecida entre as duas protagonistas, mas isso seria o suficiente para sustentar mais três episódios? Não, e foi exatamente por isso que a adição da Broye e da Sun Visor ao primeiro plano da história foi boa e necessária para dificultar o caminho das protagonistas até o almejado final com elas correndo juntas e se divertindo.
O foco desse episódio foi, sem dúvidas, a corrida de retorno da Suzuka, mas preparar o terreno para a grande corrida da Spe-chan também era importante, e quer coisa melhor para pressionar ela que a pôr de frente com a corredora que derrotou a El Condor Pasa? Aquela com a qual a Spe só empatou.
A Special-Week vencer a Broye seria a mais incontestável prova da sua evolução desde que começou a competir, mas para alcançar tal objetivo manter seu foco e seu treino fortes era necessário, e foi o que ela fez, mas sem deixar de ser atenciosa com a Suzuka quando podia ou de equilibrar confiança com esforço. Ela recusar a ajuda da El-chan foi exatamente isso, não a demonstração de arrogância de outrora, mas sim de que ela precisa confiar em seu trabalho duro e buscar a vitória por si mesma.
O público não quer ver uma protagonista que dependa demais dos outros, seja com apoio emocional ou com ajuda para bolar a estratégia da vitória, pois já estamos a mais de dois meses acompanhando a Spe-chan e agora é a hora de ver a compensação por esse investimento do nosso tempo e do nosso envolvimento emocional, e para isso uma personagem que amadureceu deve ser o exibido no anime.
Por outro lado, a Silence Suzuka não estava no auge de sua carreira, mas sim buscando se reerguer e para isso vencer a corrida de reestreia seria o ideal, mas isso só seria possível com o apoio emocional das amigas e com a confiança que ela depositou nela mesma, além de seu desejo de realizar o sonho do Treinador, o qual também se tornou seu sonho. A Suzuka ficou focada o episódio todo, ela soube canalizar as suas emoções sem deixar que os fatores externos atrapalhassem a sua busca pela vitória.
Isso se tornou ainda mais perceptível com o modo que ela lidou com o desafio da sua nova rival, Sun Visor. De forma madura, sem fraquejar, tendo consciência de que essa competitividade seria um gás a mais para motivá-la a não perder. Sorrir em frente a um desafio às vezes pode não ser um sinal de soberba, mas sim de confiança. Sentimento posto à prova com a dificuldade dela no início da prova.
Esvaziar a mente, respirar fundo e dar uma arrancada era do que ela precisava para superar o que a estava impedindo de correr com força total. Medo de se lesionar de novo, medo de dar seu máximo e ainda assim não vencer, medo de não conseguir mais correr tão rápido quanto antes, medo de não atender as expectativas do Treinador e dela própria. Pelo que vi da personagem até aqui desde a sua lesão, acredito que todas essas coisas a amarraram no início da corrida, mas ela fez o que deveria ter feito, se propôs a se divertir correndo e extraiu o melhor de si, merecendo a grande vitória que teve.
A Spe-chan não ficou para trás e continuou treinando para ser ela a grande vitoriosa do dia seguinte, o que faria jus a forma positiva como a Suzuka encarou a promessa das duas, a tornando um pilar de sustentação para o seu retorno, mas mesmo que não ocorra, já será gratificante se fizerem o público sentir que ela deu o seu melhor. O ideal seria a vitória, mas mesmo na derrota a obra vem acertando.
Não podemos esquecer que o grande clímax do anime será a corrida entre a Spe-chan e a Suzuka – isso já é quase uma certeza –, então por mais que a Broye seja a corredora mais forte apresentada até agora, ela ainda não é o objetivo final. O normal é que o público queira ver a Spe-chan vencer, só que isso terá que ser muito bem feito para justificar essa vitória – o que eu não duvido nada que seja.
Para uma corrida de menor importância pratica – ainda que com grande importância simbólica – isso já foi extremamente bem feito, pois, por exemplo, nós já tínhamos visto essa arrancada avassaladora da Suzuka, assim como o quão bem faz ter a torcida das amigas, além de sua concentração sem igual.
Não espero menos da corrida da Spe, pois sei que a obra pode entregar algo ainda mais emocionante e criativo. Por exemplo, dessa vez não fizeram o paralelo entre as duas protagonistas do mesmo jeito que na anterior, além de que teve um cliffhanger – algo raro nesse anime – na largada para a corrida.
Meu hype para o final do anime está alto, mas antes de me despedir e contar os dias que faltam para o próximo episódio, não poderia deixar de comentar dois pontos interessantes e bem trabalhados. A Sun Visor pode ter sido ríspida ao desafiar com a Suzuka, mas foi tudo dentro da esportividade, tanto que não foi mal perdedora e soube sair de cabeça erguida. Em nenhum momento ela desrespeitou a adversária, pelo contrário, a reconheceu como uma ameaça, como alguém que valeria a pena vencer.
Outra coisa muito bem trabalhada foi a insegurança do Treinador sobre a volta as pistas da Suzuka, o que não quer dizer que ele não confiava na sua atleta, mas que se preocupava e temia pelo seu bem-estar como a figura fraterna que ele representa na vida de todas essas garotas. Não foi estranho ver ele chorando pelo retorno dela, e acredito que ele faria o mesmo com qualquer uma de suas pupilas.
Foi mais outro episódio espetacular que acertou em praticamente todos os pontos que quis explorar, e dadas as boas-vindas para a Suzuka – e que boas-vindas, hein! – o anime afunila ainda mais e agora deve ter apenas a Japan Cup do próximo episódio e mais uma corrida com grande valor simbólico – mas nem por isso menos competitiva – para fechar com chave de ouro. See you next SPECIAL WEEK!