One Punch Man – ep 4 – A bicicleta não vai salvar o mundo
[sc:review nota=4]
Agora voltei a ter esperança nesse anime. Mas precisava três episódios só pra mostrar o quão vagabundo o Saitama era? Ah sim, as piadas. Foram mesmo de matar, que bom que ficaram três episódios contando as mesmas piadas para eu decorar elas direito e rir bastante. Enfim, nesse episódio, movido por sua motivação idiota de sempre, Saitama entrou em ação mas pela primeira vez os adversários que enfrentou o levaram a refletir um pouco. Para alguém que não quer nada com nada como o Saitama refletir é uma grande coisa. E porque ele quer ser mais reconhecido (ele não sabia que ninguém o conhecia) decidiu entrar em uma tal Associação de Heróis, o que me parece promissor também em termos de possibilidades de evolução do enredo e do personagem.
Tudo começou quando os Carecas do ABC (estou supondo que tenham vindo das cidades A, B e C só para fazer essa piada ruim) decidem acabar com os ricos e exigir seu direito humano inalienável à vadiagem sustentada pelo estado. Inspirados pelo seu líder Hammerhead, um vilão conhecido, eles roubam armaduras de batalha e saem causando pela cidade, carecas, enquanto seguem a caminho do edifício de um milionário em particular que enfeita sua propriedade com um imenso cocô dourado. O plano é derrubar o edifício, e considerando o adorno que ele possui eu não posso deixar de torcer por eles, embora nossas motivações sejam distintas. Por conta da ameaça careca os cidadãos são aconselhados a evitarem pessoas carecas, o que enfurece o Saitama (muito embora ele até agora tenha parecido ser complexado e insatisfeito quanto à sua falta de cabelo, vai entender). Enquanto o Saitama não chega, o super-herói ciclista está lá para proteger os cidadãos. Ou para ter sua cabeça estourada. Dizem que capacetes de ciclismo são uma porcaria e não protegem nada mesmo.
Ao mesmo tempo no arranha-céu de merda, o guarda-costas do ricaço do cocô dourado parte para se livrar dos carecas que estão à caminho. Ele é Sonic, o super veloz porco-espinho ninja e assassino cruel. É um super-humano, mas definitivamente não é um super-herói. Como os ninjas originais, ele é um assassino por encomenda. E ele gosta de assassinar. Acho que só tem uma coisa que ele gosta mais do que assassinar: exibir seus poderes e colocá-los à prova contra oponentes desafiadores. Infelizmente não é o caso dos carecas vagabundos, e ele sabe disso, possivelmente sendo essa a razão de dar a eles a chance de recuar. O que eles recusam, e são todos rapidamente decapitados, exceto seu líder Hammerhead. Ele é forte de verdade, ainda que não seja páreo para Sonic, e o ninja aproveita para brincar um pouco com ele. Ele finalmente o derrota com uma kunai na cabeça (o que Hammerhead considera sorte, pois a cabeça dele parece ser tão indestrutível quanto o Saitama inteiro, então ele finge de morto e foge assim que encontra a chance).
É aí que começa a participação do protagonista na história. Primeiro ele encontra o Hammerhead. Se identifica com ele de várias formas: ambos são vagabundos, ambos são carecas, e ele até mesmo se lembrou de como brigava quando criança ao ver o “golpe supremo” do vilão. No final o deixou ir embora, pelado, com a promessa de que nunca mais delinquiria. Essa luta é importante para o Saitama pois ele realmente se enxergou no Hammerhead e viu que por muito pouco não era ele quem estava ali. Poderiam muito bem estar em posições trocadas. Isso é empatia, e é algo que eu não havia visto em nenhum dos outros episódios até agora. De certa forma, desde o garoto queixo-escroto, essa é a primeira vez que o Saitama “salva” alguém. E mostra que salvar não é apenas proteger contra ameaças físicas! O Hammerhead termina sua participação no episódio sendo encurralado pelos, suponho, verdadeiros vilões que estavam por trás dele e que devem se tornar vilões do anime (talvez principais vilões). De novo, ele só não morreu porque tem uma cabeça indestrutível e porque sabe fingir de morto de forma muito convincente.
A luta do Saitama contra o Sonic foi menos importante, mas foi interessante para o protagonista também. Ele enxergou no ninja alguém que, como ele, sente vontade de testar sua força física. Vê onde o Saitama poderia estar, caso tivesse se tornado um vilão? Não sei se ele percebeu isso, mas eu percebi muito bem. Ele já é um homem crescidinho, um adulto, não tem um Tio Ben para lhe ensinar que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, a formulação mais comum de um clichê que se repete em vários super-heróis bonzinhos, desde o mais antigo deles, o Superman (ele se tornou quem é graças à criação que recebeu de seus pais adotivos). Super-poderes se ganha, se treina, se nasce com. Mas moral é algo bem mais difícil de se aprender.