One Punch Man – ep 7 – A subida meteórica de Saitama
[sc:review nota=4]
A Cidade Z é mesmo um lugar complicado. Talvez seja o centro do universo, não sei. Não só o Saitama tornou-se incrivelmente poderoso lá, não apenas monstros tão poderosos atacaram uma grande região da cidade (curiosamente essa região inclui a casa do Saitama) tão impiedosamente que todos os habitantes a abandonaram, como agora até mesmo um meteoro enorme, que estava ali apenas de passagem pelo espaço perigosamente perto do planeta mas não em rota de colisão, de repente desviou-se diretamente para a Cidade Z. O que isso quer dizer sobre a cidade? Que quem está escrevendo essa história a detesta. Ou que assim é mais fácil de dar oportunidades para o Saitama mostrar do que é feito, quem sabe. Confesso que aprecio a indiferença com a qual o anime se desobriga completamente de dar qualquer tipo de explicação para isso. Talvez a Cidade Z não seja o centro do universo em One Punch Man, mas o Saitama é e ninguém tenta esconder isso.
Por motivos de “o Saitama é o centro do universo” as autoridades decidiram adiar o alerta de evacuação da cidade para meros 30 minutos antes do impacto, antes que a população tivesse tempo para sequer sonhar em evacuar e depois dela já não precisar de alerta nenhum pois o meteoro já está bastante visível e ameaçador no céu. Não é como se houvesse muito tempo desde o começo de todo modo, lembre que o meteoro desviou-se de repente de sua rota. E se é para desviar-se, por que não fazer isso no pior momento possível, quando haverá o menor tempo entre a detecção e o desastre? Acredito que o meteoro deva ter se feito essa pergunta. Mesmo assim por que, por que em nome dos Superamigos e de tudo o que há de mais heroico, adiaram o anúncio? Para evitar o pânico? Super funcionou. A população em pânico confirma. Quero dizer, na verdade eles não pareciam em pânico não, estavam calmos até demais para quem estava prestes a experimentar um chapéu de pedra pesando milhões de toneladas e caindo do céu a uma velocidade inimaginável. Mas bem … eu não tenho razão nenhuma para acreditar que houvesse qualquer diferença entre esse “pânico” e o “pânico” que teria ocorrido sei lá, uns 15 ou 20 minutos antes. Com a vantagem que antes talvez algumas pessoas tivessem tempo suficiente para evacuar de verdade (e eu quase fiz uma piada com “evacuar” aqui, me desculpe). Mas bom, esse parágrafo todo é retórico porque eu já respondi a razão de ser assim: porque Saitama.
Mas mesmo “porque Saitama” faz a Associação de Heróis parecer bem idiota por convocar o Genos e abandonar as instalações na Cidade Z antes de ele chegar no local. Sequer deixaram um aviso, um lembrete, um post-it escrito “olhe para o céu”, sei lá. O Bang estava lá, mas se bem entendi ele também já havia chegado ao local depois dele ter sido esvaziado. Ok, talvez alguém tenha contado para ele. Então evacuaram a Associação dos “Heróis” mas sequer alertaram a população. Legal hein? Não é de se estranhar que a maioria dos heróis que apareceram até agora pareçam grandes babacas. Essa gente tá precisando aprender uma coisinha ou duas com os heróis americanos da Era de Prata.
Ou, na falta deles, com o Saitama. Em termos de bizarrice, ele bem poderia mesmo ser um super-herói da DC nos anos 1980. E em termos de filosofia também. Saitama desde criança queria ser um herói, depois de adulto e frustrado ele decidiu seguir seu sonho de infância, e se tornou um poderosíssimo herói frustrado. Frustrado porque de tão poderoso não sentia graça no que fazia. Acho que esse é o tipo de dilema que eu veria em um herói da Era de Prata mesmo. Com o que conhecemos dos heróis de hoje, é fácil pensar que ele quer apenas ser forte e colocar essa força em uso, mas não é isso. Ele não quer ser um super-fortão, ele quer ser um super-herói. E isso é tão natural para o Saitama que ele nunca parou para pensar no que isso quer dizer, e quando fala sobre a possibilidade de encarar a morte certa zomba do Genos como se estivesse contando para ele uma obviedade ao afirmar que ele não fugiria porque a função de um herói é exatamente ficar e lutar. Ele quer ficar e lutar, sempre, como um herói. A frustração que ele sente é outra face de sua personalidade, não tem nada a ver com o que ele acha que deva fazer.
No episódio anterior o mundo de One Punch Man ficou um pouco mais complexo, e agora seu protagonista também. Antes como agora, a diferença é mínima, mas fundamental. Ele quer ser reconhecido como um herói, por isso entrou para a Associação, mas não luta pelos aplausos. De novo: como um herói, ele faz o que acha certo, e ponto. O reconhecimento é apenas consequência. Ou, às vezes, o que vem são vaias e críticas. Tudo bem, ele lida com isso da mesma forma. Ao contrário do que os irmãos Tanktop sugeriram, a última coisa que o Saitama quer é fugir da responsabilidade. Ele faz o que acha que tem que fazer e assume. Saitama tem seus defeitos e não são poucos, mas sua pureza heroica é tal que está constantemente impressionando todos os que vivem à sua volta nesse mundo cínico. Nesse episódio, conseguiu até me impressionar. Como um herói, Saitama é mesmo de uma outra época. Ah, e para não deixar de comentar: e aquele sorrisinho no rosto do nosso herói quando o Genos fez sua mais candente declaração de admiração e lealdade desde o começo do anime, hein? Até semana que vem no próximo artigo de One Punch Man!