É um prazer imenso começar o episódio com um momento da Little Shimamura e da Yachi, uma duplinha animada que é uma fofura só e também foi a melhor forma de deixar a Yashiro não sumir da história, mas também não interferir rotineiramente, deixando as protagonistas com mais tempo uma para a outra e a possibilidade de novos cenários, como o que foi proposto no fim desse episódio. Quem nunca quis ganhar chocolate de uma pessoa especial que atire a primeira trufa na minha boca!

Quem nunca namorou e virou o ano ou ao lado da pessoa ou falando com ela pelo telefone? Até mesmo com uma amizade especial é legal fazer esse tipo de coisa e como a Adachi e a Shimamura são tipo melhores amigas, super entendo o que a Adachi fez. Foi um momento doce esse entre as duas, ainda mais pelo que a Shimamura fala das coxas da Adachi e o que ela pensa sobre o título de melhores amigas, que é percebido de forma diferente pelas duas.

Inclusive, a diferença de percepção da relação que têm, que se escancara na diferença daquilo que pensam uma sobre a outra e até mesmo sobre si, é uma das coisas mais ricas em se relacionar com outra pessoa, em nutrir intimidade com alguém, mas ao mesmo tempo ainda constantemente encurtar distâncias que se criam naturalmente ou são descobertas sem querer. Relações, ainda mais amizades fortes como as das duas, são assim mesmo, complexas e ao mesmo tempo simples; imprevisíveis ali, previsíveis acolá.

Enfim, agora focando mais na Adachi, essa ideia dela de querer ter sentimentos puros pela amiga e não impuros penso que muito tem a ver com a ideia que a sociedade quer vender para as pessoas do que é pureza e do que não é, do que se pode ou não se pode sentir, do que é recriminável ou não; e isso é ainda mais delicado por se tratar do potencial relacionamento entre duas mulheres. A trama não entra na questão porque não é necessário fazer isso, mas a gente sabe que a Adachi se segura muito por esse motivo.

Se a Shimamura fosse um garoto ou se a Adachi fosse um garoto as chances de que já existisse um romance, ou o caminho estivesse trilhado para tal, seriam maiores, então entendo a Adachi se policiar, mas discordo dela. Sou da opinião de que sentimentos são puros se forem genuínos, se forem verdadeiros. Os sentimentos da Adachi pela Shimamura são muito sinceros, egoístas até certo ponto, mas em um nível bem aceitável, tanto é que ela se policia, por não querer tornar as coisas estranhas para a Shimamura.

São essas amarras que mantém certa distância entre as duas e se por um lado isso é bom, permite que elas se descubram pouco a pouco, por outro é capaz de fazer com que se distanciem por um mês inteiro apenas para a Adachi reunir coragem suficiente para chamar a Shimamura para sair e assim começar a executar seu plano de Dia dos Namorados. Não a vemos planejando nada, apenas executando, mas não era preciso, estava na cara que a Adachi gostaria de repetir mais ou menos o que aconteceu no Natal.

Não à toa a Adachi chega a sonhar tendo mais “intimidade” com a amiga, a qual, inclusive, reage de jeito diferente as características peculiares dessa amizade, mas também demonstra preocupação com a relação das duas. Só que de um jeito diferente, a Shimamura é mais prática, pensa no médio/longo prazo e na manutenção dessa relação de maneira a não magoar a Adachi, mas também não deixar ela se afastar. Inclusive, eu acho até meio bobo, apesar de fofo, a Shimamura se preocupar com coisas como troca de salas, etc.

De toda forma, é fato que o convite da Adachi e as reflexões da Shimamura, assim como o que ela percebe sobre o impacto da Adachi em sua vida antes solitária, mais uma vez encorparam o episódio e nos dão esperanças de que essa relação possa evoluir ainda mais, até pelo que rola no pós-encerramento. Quando percebi que a ED veio mais cedo já imaginava uma cena forte no final, mas confesso que não esperava pelo clichê da amiga de infância, só que, ainda assim, vejo pontos positivos em se valer dele, será um “empurrãozinho”.

O que a Tarumi vai impactar na relação das duas? Eu imagino que ela traga a Adachi um sentimento de urgência, o temor de perder o posto de “melhor amiga da Shimamura”, que ela sequer sabe que é dela. Já a Shimamura pode resolver qualquer pendência emocional que tiver com essa amiga com a qual manteve uma relação que comportava suas semelhanças com a relação que tem com a Adachi. É claro que a coisa pode escalar para um triângulo amoroso, não duvido disso, mas duvido muito que esse seja o foco.

Uma guerra aberta não deve ser travada, deve cair mais no campo da personagem que aparece e serve como estímulo para que outras personagens deem passos maiores naquilo que é a problemática da trama. Nesse caso, seria o desenvolvimento da relação das protagonistas, de “melhores amigas” a “namoradas” ou algo assim. Então sim, a Tarumi aparecer agora é bem clichê, mas não subestimo a ótima escrita da história até aqui. Acredito em desenrolares interessantes com a chegada dessa nova, e meio que prevista, personagem.

Por fim, foi outro ótimo episódio no qual foi muito fofo ver as vergonhas da Adachi, mas também a preocupação da Shimamura com a relação das duas, assim como as brincadeirinhas do casal figurante (não poderia esquecer da Hino e da Nagafuji, né) e da dupla mirim. O aparecimento da Tarumi me preocupa um pouco, não vou mentir, mas tenho a impressão de que ela pode ser o tijolo final a ser quebrado a fim de mudar a relação das protagonistas de uma vez por todas. Espero que para melhor, porque um drama que as afaste seria tudo menos isso.

Até a próxima!

Alguns prints extras muito bons

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