The Promised Neverland (Yakusoku no Neverland) voltou com sua segunda temporada após um ano do fim da primeira e o encerramento do mangá, que até onde sei não foi tão bem recebido pelo público. De toda maneira, a mudança era esperada, mas pelo que esse episódio mostrou, foi boa? Se estiver querendo se lembrar da primeira temporada leia minha resenha antes de embarcar na sequência dessa aventura envolvendo crianças e monstros.

Essa segunda temporada começa de onde acabou a primeira, com as crianças em fuga na floresta, a diferença é que ao invés de um belo amanhecer ensolarado o que as crianças da Grace Field House enfrentam é um monstro selvagem. Sim, não lembro se isso foi explicado na primeira temporada, mas existem monstros inteligentes como os que se alimentam das crianças e existem monstros selvagens que vivem na floresta caçando suas presas.

É esse tipo de situação que evidencia o contraste entre a beleza e a crueldade da liberdade, pois enquanto eles podem aproveitar paisagens que não conheceriam se não tivesse fugido, entre outras maravilhas, também enfrentam perigos decorrentes dessa liberdade. Apesar de ser até fácil escolher pela fuga quando o destino é virar comida de monstro, ao menos se há alguma esperança de escapar, coisa que o Ray não tinha antes da Emma mostrá-lo o caminho.

Enfim, ele promete a Emma que não vai mais arriscar a própria vida e essa mudança no amigo traz alívio a garota, mas ao mesmo tempo não dá a nós a sensação de que não está tudo bem com ela? Foi como se a Emma estivesse segurando alguma coisa ao longo de todo o episódio e no final é revelado o que era, mas não sem antes muitos outros acontecimentos também relevantes, tudo a fim de contextualizar a base para a fuga que empreenderam.

A caneta que o Norman deixou era um mapa do William Minerva, mas eu me pergunto o quanto esse sujeito esteve envolvido com os demônios para conseguir deixar tantas pistas para uma eventual rebelião. Aliás, o quanto ele está, porque sua influência continua a ser relevante, não à toa nunca foi descoberto e tem uma base secreta no território dos demônios. Ou os demônios são todos uns bocós ou o plano dele é meticuloso ao extremo, coisa de infiltrado mesmo.

Em todo caso, além da caneta, também apareceu o livro que funciona como guia para a jornada deles, algo útil e mais fácil ainda de disfarçar em meio a tantos outros. Além disso, temos que observar a diferença de fauna e flora desse mundo em comparação ao dos humanos, então se dava para ensinar as crianças a como sobreviverem ao mundo dos monstros sem alardes era assim. Inclusive, isso e a caneta dão abertura a algo mais “elaborado”, ou quase isso.

Se a tendência é que faltem embates psicológicos como os da primeira temporada, que ao menos hajam mistérios, adversidades, saídas criativas e tensão, mais ou menos como o que ocorria no orfanato. Entretanto, o cenário agora é diferente e ele exige mais do entorno que dos personagens. Isso nos vemos com a aparição dos perseguidores, tanto é que na altura em que encontram o Ray a situação se transforma em um beco sem saída para o garoto.

Chega a ser cruel que pouco após ter dito que queria viver ele tenha que atrair a atenção dos demônios para permitir que seus irmãos fugissem, e ele ter feito o que fez não significa que não prezava pela própria vida, é só que não fazia mesmo sentido que conseguisse escapar, exceto no caso de ser salvo, como foi. Aliás, a Emma sucumbe a febre e aí a outra salvadora aparece em uma cena que dá a entender outra coisa, mas não fazia o menor sentido que fosse algo ruim.

Se os demônios que ajudaram as crianças fossem mesmo “do mal”, por que tratariam elas como convidados quando poderiam muito bem ganhar a confiança para dar o bote, o que implicaria que a Emma e o Ray nem acordariam. Alias, essa fragilidade misturada a sorte pode ser conveniente, mas também é bacana, porque dá essa ideia de que essas crianças podem ser sabichonas, mas precisam de muito mais que somente inteligência para conseguir sobreviver no mundo exterior, ainda mais em um mundo de monstros…

Voltando a aparição dos demônios, por que aquele cliffhanger denotando algo ruim se está na cara que não é nada disso? A abertura tem uma imagem em que esses personagens (um deles ou os dois, não lembro) aparecem no meio das crianças e isso faz parecer que não são nada de ruim. Além deles, outro personagem também aparece, quase que entregando o clichê que o cerca, mas não vou me aprofundar na questão.

Tirando esse cliffhanger forçado para trazer alguma tensão que fazia ao menos um pouco de sentido que existisse para os personagens, no geral achei uma boa estreia a dessa continuação, porque apesar da mudança drástica de cenário, os elementos que era possível preservar foram preservados, ainda que a perspectiva não seja exatamente animadora, afinal, a recepção do mangá não foi a melhor e o anime terá final original. Vou até retomar o mangá para comparar.

Quando isso ocorre é sinal de que não valia a pena investir na produção de mais anime da franquia, o que sinaliza senão perda de qualidade, perda de popularidade. Nem sempre a qualidade e a popularidade andam de mãos dadas, mas após todo o hype que a primeira adaptação teve a notícia de que não adaptariam todo o mangá não é um bom sinal, apesar de que se o mangá for mesmo por um caminho ruim seria um belo porre ter 20 ou mais episódios disso.

Por fim, dá para dizer que Neverland “mudou de gênero”? Não diria exatamente isso, mas as coisas serão bem diferentes na segunda temporada, o suficiente para vermos menos do intelecto das crianças e mais de outras coisas necessárias a sobrevivência delas. É importante ser inteligente a fim de sobreviver no mundo exterior, mas isso não é tudo, apesar desse elemento ainda poder ser bem aproveitado, é o que espero. Por menos cliffhangers vazios e mais adversidades interessantes.

Até a próxima!

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