The Promised Neverland 2 – ep 9 – Uma saída para o desespero
Esse nono episódio teve um baita problema, mas apresentou algumas possíveis soluções, o problema é que isso derivou do grande problema. Ainda assim, posso escrever que gostei do episódio, ele me fez querer refletir sobre algumas coisas, então reserve um tempinho aí e me acompanhe!
Por que não matar os demônios? Criticar o código de Hamurabi seria muito simplista e, na verdade, não é nem que eu ache matar os demônios uma saída impensável, o problema é partir para essa saída tendo outras. Se fosse o caso de não ter outra escolha eu entenderia matar para sobreviver.
Mas não é o caso com a ideia do Norman, tanto que mesmo ao saber que a Mujika existia ele, ainda assim, pensou em seguir com o plano. Se você faz exatamente o mesmo, tenta responder a um mal feito a você com um mal tão perverso quanto, o que você aprendeu com tudo que sofreu?
Honestamente, acho que nada. Não que sofrer deva ser necessariamente uma lição, mas seguir pelo caminho da vingança apenas repete um ciclo que eu imagino que quem sofreu com ele gostaria de ver quebrado. Então, quando leio por aí gente falando que a Emma é uma tapada eu fico…
Eu fico triste, mas nada surpreso, pois é até previsível que a maioria não se atente a essa questão, de que a gente acompanha a ficção justamente para ver esses ciclos de ódio sendo quebrados. É claro que às vezes isso não ocorre em histórias de vingança, mas Neverland nunca se tratou disso.
Pelo menos não a princípio e, na boa, nem depois que a verdade foi revelada. Sendo assim, o choro do Norman e sua mudança de opinião faz sentido? Eu acho que sim, até porque sua hesitação vinha de antes e nas minúcias ficou claro o porque de estar fazendo isso, era sua “síndrome de deus”.
A Emma escancarou isso em seu discurso e se não aplaudo o roteiro nesse trecho, é porque ele poderia ter sido ainda melhor, mas certamente não foi ruim. Ela passa muita confiança para o Norman de que ele pode contar com seus irmãos e de que mesmo tendo feito o que fez havia saída.
Com isso veio a conversa dele com seus seguidores e mais uma vez acho que a direção e o roteiro foram pontuais em mostrar que não fazia o menor sentido eles mudarem de ideia pelo discurso e sim por afeição ao “chefinho”, mas não foi surpresa nem todo mundo comprar a ideia de verdade.
Mas antes de chegar ao cliffhanger desse episódio, gostaria de pontuar o óbvio (às vezes o óbvio deve sim ser pontuado), que fiquei feliz pela sobrevivência da garotinha com o bebê demônio. Seus irmãos (eram irmãos, né?) morreram, mas eles conseguiram sobreviver. Foi satisfatório a beça.
Não me envergonho por sentir empatia pelos demônios, me envergonharia é por banalizar a morte quando há outra alternativa e claramente a proposta da história é exercitar o perdão, a quebra dos ciclos de ódio e a perseverança em detrimento do desespero, coisa que vimos nesse episódio.
Mas foi a base de uma forçada de barra que me desagradou muito. Só que antes de comentar isso preciso frisar também que achei conveniente demais a Isabella fazer seu movimento só agora, como se estivesse sendo preservada de propósito para esse momento em que deve ajudar em algo.
O Peter Ratri já é o rosto humano que devemos antagonizar e também questiono a utilização disso. O papel dele não poderia ser desempenhado por um demônio? Sei que está sendo trabalhada a ideia de não se praticar a vingança, mas esvaziar a posição antagônica dos demônios era preciso?
Deixando isso de lado um pouco, posso escrever que gostei bastante da confissão do Vylk, pois ela explica muitas coisas, tanto sobre a maneira como ele aceitou as crianças muito fácil depois que percebeu que eram humanas, como o porque de ter um trato mais afável que o aproximava de um humano.
Além disso, ele deixou claras todas as suas fraquezas com o relato, o temor que sentia pela família (afinal, é certo que os nobres não deixariam barato) e a incapacidade de mudar o status quo, assim como o fato de ter comido o humano que ajudou, não que comê-lo seja um problema, convenhamos.
Eu já me livrei dessa ideia de que comer um humano é errado. Não é, ele seguiu a gupna e não matou ninguém. Por que eu deveria julgá-lo? Tudo bem que ele não precisava ter feito isso, mas não dá para considerar um sinal de respeito? Respeito pela carne a sua frente e seus próprios instintos.
Porque, no fim, são todos animais, os humanos e os demônios, e não é o fim do mundo que comam a carne um do outro. O problema reside na morte e no tratamento de gado dado de uma raça a outra, ambas com um nível de inteligência que as aproxima e sucinta o encontro de uma saída.
Saída essa que parece cada vez mais possível graças a parte da caneta holográfica que o Vylk entregou aos humanos e, honestamente, foi um banho de água fria em um episódio que vinha bem. Nada espetacular, mas bem. É sério que não tinha outra forma de forçar um pouco menos a barra?
Foi muito conveniente tudo que havia naquele pequeno pedacinho de metal, fossem as plantas ou a fórmula para o remédio. Se tivesse só um dos dois seria mais fácil de aceitar, mas ambos? Foi ainda mais ridículo pela diferença de mais de uma década para o estudo e a complexidade aparente dele.
Digo, do estudo sobre as drogas para criar cérebros mais inteligentes artificialmente. É bem difícil de engolir que com uma diferença de 15 anos a cura para todo o efeito colateral até ali letal já houvesse sido descoberta. Foi uma forma bem porca de resolver algo que deveria ser resolvido de outra forma.
Por outro lado, gostei bastante do poder da gentileza que a série trabalhou com o singelo pedido de desculpas da garota demônio chamada Emma. O nome igual era desnecessário, mas não dá para dizer que não foi fofinho. Foi por essa e outras coisas o episódio me sensibilizou, não pelo lance da caneta.
Enfim, mesmo com os novos recursos adquiridos fazia sim sentido que nascesse um espião entre eles. Alguém que estava com o Norman, claro. Por quê? Porque por mais que a situação tenha virado favoravelmente, será que era mesmo o suficiente para convencer todos a apoiarem o chefe Incondicionalmente?
Não, não era. Lembra que escrevi que fazia sentido que eles concordassem com o Norman em respeito a ele, mas que não necessariamente isso significava que acreditassem em sem discurso? Foi o que aconteceu, a sorte da Emma e dos outros é que a Isabella deve se provar uma traidora também.
Mas uma traidora dos demônios, pois não vejo como ela seguirá os ajudando depois de tudo que aconteceu. Exceto se ela realmente for uma mulher sem qualquer amor ou esperança restando em seu coração, o que também não seria uma construção inadequada, só surpreendente, o que Neverland não tem sido.
Na verdade, o anime surpreendeu com uma bullshit tão grande, mas não com a forma como seu final está se encaminhando. Apesar da bullshit da caneta não sei em que isso vai ser crucial para o sucesso da ideia de salvar a todos, vai depender de como essas informações serão usadas.
Por fim, ainda consegui gostar do episódio e acho que se o único grande problema desse final for o desse episódio vai dar para ter um final feliz e minimamente coerente. Inclusive, a tendência agora é de que o Norman se salve, isso significa que a Emma e os outros não pagarão nenhum “preço” pela realização de seus desejos? Veremos.
Até a próxima!