Esses dois episódios nos clareiam sobre o que é a grande mansão dos Shadow, enquanto descobrimos um pouco mais acerca dos outros moradores dela e as relações entre cada um ali dentro. No entanto para nossa surpresa, o anime mantém sobre si o véu obscuro que nos impede de entender o que realmente se passa nessa história e para onde ela pretende apontar de fato.

Shadows House é um caso de anime bem interessante porque diferente da grande maioria – que se expõe em três episódios -, quanto mais o enredo avança, menos parece que sabemos sobre os mistérios que rolam por ali. A impressão que tanto o João como eu temos, é que a cada resposta dada, mais 10 perguntas são jogadas na nossa cara, para que teorizemos e fiquemos malucos tentando conectar as peças desse quebra cabeça sombrio.

De modo geral no segundo episódio, a ideia central é mostrar mais da residência e como os sentimentos variam naquele lugar, a cada pessoa, mestre e situação. Diante de toda a estranheza em que vivem, bonecas como a Mia, Rosemary e Lou mostram o lado “cego”, obediente e ideal das bonecas verdadeiras, ao passo em que outras como a Emilico, continuam sendo um contraponto pela liberdade que detém – o que também se aplica as suas sombras.

A Kate desde o princípio se mostra uma mestra que pelo seu jeito e por conhecer pouco e estar aprendendo, concede a Emilico uma posição de não ser uma mera boneca escrava e obediente. Como nada é perfeito, a menina não é totalmente passiva com os deslizes que a outra comete, porém por apreciar a sua sinceridade e boa vontade, ela consegue equilibrar as coisas.

Ao nosso ver a relação das duas se constrói pautada no aprendizado mútuo entre elas, de modo que a sombra mesmo com seus receios, acaba gostando de como a sua parceira tem uma personalidade própria e busca compreendê-la sendo autêntica, gostando dela sem obrigações ou a necessidade um laço forçado. Uma impressão que também temos desde o começo, é que Kate parece se incomodar por ser uma sombra incapaz de se expressar como gostaria.

Em oposição a ela, temos a Sarah, que apesar de pouco aparecer, foi impactante o suficiente para entendermos que nem tudo ali são flores. o que fica visível no comportamento da Mia, que embora haja com uma perfeição notável, sofre internamente por coisas que obviamente perpassam a opressão e o abuso – itens mais notáveis ao final do segundo e no terceiro.

A obra explana pouco, mas a sua sutileza nos diálogos e cenas, deixa clara a aflição da Mia com as suas discretas reações de raiva. Nesse momento começamos a teorizar que ela não é só perfeita porque é uma garota naturalmente excelente, mas é fruto de um treinamento árduo e que provavelmente nenhuma das outras gostaria de passar.

A cena em que ela representa com fidelidade as emoções da Sarah, mostram não só a capacidade da garota, como a sua personalidade ainda incerta. Em um dado momento ela se apresenta de forma amigável e acolhedora, no instante seguinte, a obrigação entrega outra face, como se ela de fato entrasse em um personagem.

É muito provável que toda essa obediência cega e a despreocupação com coisas banais que não a sua função primordial sejam uma mera fachada, e estamos bem curiosos para ver como isso se desenrolará, até para entender melhor como ela realmente se sente em relação a sua insuportável mestra.

Por debaixo dos panos, a nova personagem induz que existe uma conspiração interna e algo muito esquisito envolvendo os membros da família, assim como esse tão falado debute das sombras novatas. Na verdade a própria composição da mansão ajuda a criar essa sensação, já que existem restrições e concessões, dependendo da posição que se ocupa dentro da hierarquia do lugar – itens que ganham mais força e dúvida na sequência.

Abrindo um parêntese rápido, uma coisa que especulamos bastante é como a Kate conseguiu andar com tanta precisão dentro da casa para salvar a Emilico, uma vez que ela nunca saiu de seu quarto por não ter debutado ainda. Seria um furo do roteiro ou esse fato emergencial tem uma outra explicação? Fica a pergunta.

Enfim, esse estilo da obra de mostrar algo e ao mesmo tempo não mostrar nada, é algo que nos intriga muito porque ficamos sempre “boiando” e o terceiro episódio é ainda mais enigmático que o anterior, por introduzir outros elementos e uns que anunciam perigos escondidos na mansão.

Um exemplo curioso são os fantasmas que causam a doença da brasa, afinal quem imaginaria que a fuligem acumulada poderia tomar uma forma violenta, quase que como um espírito maligno que zumbifica as bonecas? Inclusive a tensão criada no momento em que ela surge é legal, nos chamando atenção por quase ter levado a Rosemary se não fosse a intervenção providencial da Emilico.

Falando na protagonista, ela nos surpreende por se mostrar tão esperta em sua ingenuidade. É notável como a boneca é perceptiva, intuitiva com as coisas ao seu redor e pensa rápido quando solicitada, pois assim como no primeiro caso, nos impressionou como ela discretamente notou as marcas na Mia e os “poderes” latentes da sua mestra – o que acreditamos ter a ver com sua personalidade curiosa e atenta.

Durante mais um desentendimento com a Kate, a menina nota as possibilidades de que ela tenha habilidades a mais para controlar a fuligem que expele de seu corpo, e isso torna a sombra bem mais interessante para o enredo do debute, por ter um a mais que pode lhe favorecer futuramente – até porque eles serão postos a prova e não se sabe como.

Nesse momento das duas algo que causou estranheza em nós, é como a Kate parece se estressar com facilidade nos deslizes de sua companheira. A princípio tudo soa muito simples, mas analisando o jeito centrado e compreensivo dela, o que surge a mente é que ela se sente aborrecida por não entender o que a cerca – do mesmo jeito que se sentia aflita para entender a Emilico.

A condição de alienação ao que acontece na mansão, ao que é o debute, ao que ela e a Emilico deviam ser nessa família, deve criar um sentimento de chateação, como uma raiva de quem não quer ser passado para trás por ser inocente.

Felizmente a bondade da boneca é o suficiente para manter a mestra no lugar e agora com a chegada do evento principal, mais do que nunca elas precisam estar em sintonia e prontas, porque um inimigo em potencial já deu as caras e não pretende colaborar com o sucesso de ninguém.

Diante de tanto suspense o que nos resta saber é: o que é o debute? Porque o Edward quer prejudicar todos? Quem é o grande avô, patriarca dos Shadows? Como funciona a hierarquia desse complexo gigante? Quando aparecerão as outras sombras e bonecas? Olha que essas perguntas são poucas, tem muito mais jogado aqui, mas vamos ver o que já nos responde o episódio seguinte.

Agradecemos a quem leu e até o próximo artigo!

 

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