Ore Monogatari!! é um anime estilo shoujo que começou a ser exibido em 2015, tendo ao todo vinte e quatro episódios cheios de cenas fofas, em sua maior parte. O mangá começou a ser escrito em 2011 e terminou no meio deste ano, e recentemente começou a ser publicado aqui no Brasil pela Panini, sendo conhecido como Minha História.
No artigo anterior eu até tentei me conter, coisa e tal, mas não dá mais. Minha alma feminista gritou todo o tempo o quão idiota esse plot era, o machismo impregnado no comportamento dos dois machos alfa, e todo aquele arrodeio, rosnados e palavras supostamente bonitas que poderiam muito bem terem sido evitados simplesmente PERGUNTANDO PRA YAMATO O QUE ELA QUERIA. Claro, ia tirar todo o aprendizado do Takeo e coisa e tal, mas já que é o último artigo vou mandar logo a real: tô nem aí mais pros aprendizados tardios dele. Dois caras achando que sabem o que é melhor, mais, quem é para uma garota sempre me deixará desconfortável.
Takeo e Yamato já haviam atravessado vários dos problemas comuns a casais de primeira viagem, desde coisas simples como não saber o momento certo para avançar na relação, como outros mais complexos como lidar com uma terceira pessoa. O problema, como é comum na vida real, se repetiu, só que desta vez foi um novo sujeito se interessando por nossa patessiêre. Aliás, até que demorou pra ter um cara a fim dela, a Yamato sendo fofa, gentil e comunicativa como é… Isso por si só nem seria tão complicado, já que bastava um fora dela que tudo se resolveria facilmente. O problema é quando Takeo não sabe o que fazer e, dentre todas as soluções possíveis, começa a pensar que não estar mais com ela é a melhor delas. Poxa, Takeo!
Ok, todo mundo aqui lembra como eu tava agindo no artigo anterior, não precisa esfregar na minha cara. Mas no fundo, eu já sabia. Todos nós sabíamos, o desfecho era óbvio. Torcer pro Suna reagir e se interessar por uma garota é o mesmo que pedir pro tio Martin deixar aquele personagem de Game of Thrones que você tanto ama vivo: a gente sabe que não vai rolar, mas mantém a esperança mesmo assim. Eu mantive a minha, assim como alimentei meu amor e meu desejo de paz e felicidade para o clã Stark. Adivinha? Nos dois casos, eu quebrei a cara.
Tempo é uma medida bastante relativa. Pensem comigo: alguém notou que fazem mais de 5 meses que acompanhamos Ore Monogatari? Que estamos concluindo o oitavo mês do ano? Que o terceiro milênio após Cristo está em seu 15º ano? Podemos ter notado, ou não. Dito isto, o que demora mais tempo pra passar, 16 anos de uma vida simples e fácil, ou 10 anos alimentando uma paixão nunca revelada ou alimentada? Quanto tempo é necessário para que uma pessoa não suporte mais que os seus sentimentos sejam apenas platônicos, e se sinta compelida a revelá-los? Muitas pessoas não conseguem esperar tanto, mas Amami Yukika conseguiu. Dez longos anos. Mas, mesmo para ela, não está dando mais.
Japoneses são pessoas fechadas. Eu já reclamei disso algumas vezes, especialmente em se tratando de Ore Monogatari (poxa, como você não sabe que o pai de seu melhor amigo e vizinho há mais de 10 anos tem problemas cardíacos?), e pelo visto não pararei de reclamar. Takeo e Yamato namoram há uns 9 ou 10 meses, mais ou menos, mas ainda não compreendem muito bem a mente um do outro. Em especial o Takeo. Depois de todo esse tempo, ele achava mesmo que o presente de dia dos namorados que ganharia de sua namorada seriam míseros biscoitos que ela fez junto com as outras garotas? Poxa, Takeo, ela já te deu doces melhores simplesmente por querer, chega a magoar que você pense tão pouco dela. A pobrezinha se esforçou tanto, merece um pouco mais de consideração!
Takeo é uma mistura incrível de seus pais: ele é gentil e solícito como o pai, ao mesmo tempo em que é forte e despreocupado consigo mesmo como a mãe. Como esta se encontra no final da gravidez, seus instintos de proteção se elevam a um nível quase animal, e tudo o que ele quer é ajudá-la o máximo possível para que tudo dê certo, mesmo que na maior parte do tempo ele não possa fazer absolutamente nada. Takeo é um ótimo filho, e tudo leva a crer que também se tornará um irmão mais velho incrível. E olha, a pequena vai precisar.
O título deste artigo nada tem a ver com o episódio em si, mas sim com o que eu senti ao assisti-lo. Talvez também tenha relação com o que a própria Yamato sentiu durante ele, mas no caso dela seria mais desolação mesmo. Eu até já falei sobre isso algumas vezes, mas insisto em dizer: se o anime fosse menos caricato, ou a Yamato tivesse a personalidade um pouquinho mais forte, ela teria perdido a paciência com ele. Eu perdi, e por pouco não a recuperava. Mas nossa pequena é uma fofa que jamais faria isso, então as coisas acabaram muito bem para todo mundo. Felizmente.
Esse episódio foi excelente, em todas as esferas. Em geral há essa sensação em todos os animes que dão um pouco de espaço a personagens secundário (ou, neste caso, terciários), mas o ponto alto foi que no fim das contas foi justamente o casalzinho 20 que aprendeu uma bela lição de vida. Ou melhor, algumas lições de vida, dentre elas o conhecimento sobre como o trabalho do Suna é complicado, hehe.
Takeo não é desejável. Ele anda falando tanto isso desde o episódio passado que convence não só a si mesmo, mas também os espectadores e, a longo prazo, talvez até a Yamato se convencesse disso. Pode parecer improvável, mas quem gosta da Turma da Mônica sabe que a doce Magali e o seu namorado Quinzinho tiveram problemas no relacionamento por motivos parecidos. Considerando isso, talvez a interferência da Mariya Saijou tenha sido algo positivo pra ambos os lados e para o seu relacionamento. Com certeza eles saíram dessa mais fortes – e, espero, um pouco mais atentos pro que acontece ao seu redor. Talvez assim o Takeo perceba que, sim, existem outras garotas que se encantam por caras como ele.