Mas por que será que este anime está na minha coluna experimental de “mais de 10 anos sem ver tal anime, rever e comentar sobre ele”? A resposta para esta pergunta é bem simples. O motivo é que foi o primeiro anime Boys Love que assisti, e eu tinha 16 anos na época.

Claro que eu tinha uma visão bem diferente naquele tempo, principalmente por não ter tido algum amigo que se abriu de todo coração e se assumiu gay, ou bi, ou de outra orientação sexual que quer que fosse.

Eu não era preconceituosa, mas por ter pouco conhecimento e vivência, acredito que eu já tinha feito algum comentário meio pesado que possa pertencer ao tema. Se alguém que me conhece já me ouviu ou leu falando sobre algo parecido, me desculpe. Hoje eu não tenho problemas com isso pois convivo com bastante gente do grupo LGBTQ+, e acredito que consigo ver com mais naturalidade que naquela época.

E não é simples falar sobre algo que não tenha muita experiência, só com animes mesmo, porque naquela época não entrava nem na minha cabeça, e nem na do personagem, que ele estava se relacionando com um homem pela primeira vez, e o que o choca de verdade é ser atraído por alguém do mesmo sexo.

Hoje eu entendo que seja natural na maioria das obras de demografia Yaoi/Shounen-ai que tenha a pergunta: “Mas nós dois somos homens!”, e ver as pessoas respondendo que não importa quem se ame, o importante é sentir amor pelo próximo, independente do sexo, é sensacional, embora essa mesma pergunta sendo feita várias vezes tenha me dado raiva atualmente, pois se libertar das amarras que a sociedade impõe é super importante para viver a vida ao máximo.

Gravitation é a adaptação de um mangá que foi publicado na revista Kimi to Boku (não, não é o anime, é o nome da revista mesmo, e nenhuma obra muito conhecida foi publicada por ela) entre os anos de 1996 e 2002. O anime recebeu sua adaptação entre 4 de outubro de 2000 e 10 de janeiro de 2001 (deve ter tido um hiato por alguns motivos que não lembro quais. Provavelmente algum recesso de natal no meio).

Eu realmente não me lembro direito o motivo de ter escolhido Gravitation como o primeiro anime Boys Love para assistir. Acredito que só tenha ouvido falar nele e em Loveless (que até hoje eu não vi não me perguntem o porquê) e o escolhi por um motivo não muito obscuro, mas por pura curiosidade. Naquela época eu estava me aventurando com Strawberry Panic!, anime Girls Love que não terminei por nenhum motivo aparente também, apenas não terminei mesmo e a vida seguiu.

Primeiro contato com animes LGBT depois de uns anos de existência.

E as diferenças que posso captar, além de ser um anime de um estilo que não agrada a muita gente e também não é muito lançado pelas temporadas afora (embora a quantidade tenha aumentado um pouco nos últimos anos), é que várias pessoas se sentem representadas de certa forma. Em 2006, apesar do fato de eu não estar familiarizada com obras desse tipo, percebia que quase ninguém próximo a mim se abria sobre isso.

O motivo principal que eu percebo hoje é que as pessoas não se assumem por medo da família não aceitar, principalmente as mais conservadoras. Logicamente que precisa de toda uma preparação psicológica para poder assumir algo do gênero, e é importante que se tenha em mente que muitas pessoas ainda não estão prontas para aceitar. Um outro motivo pelo qual não se assumem prontamente é o preconceito gerado por ser diferente. Conheço meninos que disseram que, se tivessem que escolher, escolheriam não ser gays.

Quer dizer, a sexualidade não é algo que se escolhe, e sim se vive, se nasce com ela. O fato das pessoas falarem “fulano virou gay” muitas das vezes não passa de ignorância que foi aprendida desde criança. Inclusive há estudos que mostram que o cérebro de homens homossexuais é parecido com o de mulheres heterossexuais, e o de mulheres homossexuais é parecido com o de homens heterossexuais. Infelizmente, a não aceitação está muito além do conservadorismo, como em questões religiosas também.

Gravitation é um anime que mostra que você pode amar quem quiser, apesar das dificuldades.

Uma das maiores questões do anime, “Mas somos dois homens!”, nada mais é que a dúvida da sexualidade que muitas pessoas têm, e talvez até um pouco de preconceito interno, pensando que dois homens não podem se relacionar. Além do mais, a certeza que alguns têm sobre seus verdadeiros amores na verdade chega a ser encoberta por cenas de comédia.

Porém nem tudo foi alegria em Gravitation. Por ser um anime focado em bandas e sucessos musicais, claro que teria algumas rixas dentre os personagens, inclusive cenas que possuíam estupro e outras formas de violência explícita. Claro que tudo isso foi punido de alguma forma ou de outra. Além da questão de inveja e transtornos obsessivos, também temos questões psicológicas envolvendo o passado de um dos protagonistas, e seu parceiro tenta de todas as formas ajudá-lo a superar o que aconteceu.

Porém este é um dos casais mais chatos e complicados que já vi em animes!

Depois de muito tempo, entendi o quão difícil é conviver em casal, não apenas pelas diferenças, mas também por conta de algumas partes tóxicas que um namoro pode envolver, tanto criticando sua capacidade física, quanto mental, pois quer diminuir o outro de tal forma que tenta se sentir melhor nessas situações.

Muito obrigada por ler este artigo até o fim, e nos vemos no próximo! o/

  1. Assisti esse anime hoje, confesso ter ido pela capa, um traçado bonito, que me chamou a atenção, porém o conteúdo é quase intragável, muitos assuntos muito mal abordados e colocados um sobre os outros aos montes e deixando vários furos. Entretanto, o que eu vim buscar era uma análise do anime e você deixou a desejar, você também foi pelo óbvio e a única questão que você pontuou e em excesso foi a questão da sexualidade. Eu esperava mais de você. Conto com você pra um post mais analítico. Obrigada pela atenção. Você escreve muito bem, aliás.

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