[sc:review nota=3]

 

 

Pra mim, não.

No artigo anterior eu até tentei me conter, coisa e tal, mas não dá mais. Minha alma feminista gritou todo o tempo o quão idiota esse plot era, o machismo impregnado no comportamento dos dois machos alfa, e todo aquele arrodeio, rosnados e palavras supostamente bonitas que poderiam muito bem terem sido evitados simplesmente PERGUNTANDO PRA YAMATO O QUE ELA QUERIA. Claro, ia tirar todo o aprendizado do Takeo e coisa e tal, mas já que é o último artigo vou mandar logo a real: tô nem aí mais pros aprendizados tardios dele. Dois caras achando que sabem o que é melhor, mais, quem é para uma garota sempre me deixará desconfortável.

Ichinose provavelmente se apaixonou pela primeira vez na vida quando conheceu Yamato. Tudo nele transpirava isso, e o fato de ser péssimo em cultivar relacionamentos humanos só piorava. Ele tomou a garota sob sua asa usando como base diversas situações ambíguas que tanto poderiam representar interesse romântico quanto simples coleguismo. Até aí, beleza de creusa, acontece, se todo mundo fosse bom em interpretar sinais de interesse alheio ninguém estaria solteiro. O problema começou quando ele descobrir que ela tinha namorado. Isso tende a afastar a maioria dos caras (em geral pelos motivos errados, mas vamos ser diretos), mas Ichinose não. Ele foi até lá conhecer Takeo, deduziu por si só que Yamato merecia mais e que ele tentaria roubá-la dele. Para tanto, usou uma competição de patessiêre, à qual ela ficou bem contente em ajudá-lo. Se ele ganhasse ouro, se declararia a sua musa. Caso não, ele desistiria. Congela a cena, já voltamos a ela.

Rinco.

Rinco.

Takeo descobre que tem um cara atrás de sua namorada. Mesmo sendo um namoro de quase um ano, ele ainda não sabe lidar com isso, então toda a sua alma de cara legal transborda. Belê. Mas aí ele, além de entrar numa espiral de autopiedade por se achar inferior à namorada, ainda aceita o desafio do rival em conquistá-la – mais uma vez, sem perguntar o que ela acha. Aliás, o tempo todo Yamato não desconfia de nada, mas os dois ficam se digladiando para ver quem é o melhor. Takeo não quer perder, o que já é alguma coisa, mas ele também torde para que o chef ganhe a bendita medalha. Ele até vai buscar seus utensílios que ele deixou na confeitaria. Takeo é o cara mais legal do mundo, é feito pra gente gostar dele, mesmo que o mundo não o compreenda. Tipo um Quasímodo dos shoujos (e MUITO me frustra só ter pensado nisso agora). Mas já deu, né? Se ele estivesse torcendo por Ichinose na competição por saber que, no fim, nada mudaria, Yamato o escolheria porque o ama e tal, lindo, mas ele não sabia. Ele torcia para que a namorada o escolhesse, mas não tinha certeza. Não confiava nela. Não confiava em si mesmo. Eu ouvi alguém dizer “namoro fadado ao fracasso”?

Fechando a história, rola tudo como deve ser, Ichinose vence, se declara e é chutado. Afinal, ela ama o namorado, sempre amou e isso não vai mudar só porque um filhinho de papai egocêntrico quer. Conformado, Ichinose admitiu que Takeo serve pra Yamato sim, e passou a fazer bolos não por capricho, mas para fazer os outros felizes. Ah, seu bolo vencedor agora se chama Rinko. Sobre os namorados, Takeo voltou a ganhar confiança e o relacionamento se fortaleceu. Ele tentou chamá-la pelo primeiro nome, mas não conseguiu. Fofo. SÓ QUE NÃO. Eu não sei vocês, mas a sensação que tive ao acabar de assistir foi a mesma que eu digo desde o artigo anterior: bastava. Ter. Perguntado. Tudo teria sido lindamente esclarecido, mas nãããão, vamos pelo caminho mais difícil e idiota. “Ah, mas os dois caras saíram dessa como pessoas melhores…”. Tente outra vez, essa não cola comigo. “Você está exagerando.” Talvez. Mas não gosto de criarem arcos dispensáveis e inúteis em um anime, ainda mais um romance, pior ainda o arco final. Creio que a impressão que deveria nos tocar é a de que este foi o momento em que os dois mais correram o risco de se separar, mas não funcionou direito, porque esse risco sequer jamais existiu. A não ser na cabecinha do Takeo, o que, com o perdão da palavra, não é grandes coisas.

No final das contas, nada mudou. Os dois ainda namoram. Ele e Suna ainda são amigos e, olha só, o loiro ainda faz sucesso com as mulheres mas permanece solteiro. O mundo gira, e Ore Monogatari chega ao fim. Depois de seis meses de exibição, não fico feliz em dizer que não sentirei muita saudade. Foi bom? Sim. Dá pra amar? Quem sabe. Mas ficou faltando um gostinho de quero mais. Aliás, muito sabor, eu diria. Quem sabe numa possível continuação.

 

Fofo. Mas nenhuma novidade.

Fofo. Mas nenhuma novidade.

  1. Fábio "Mexicano" Godoy

    O Ichinose eu compreendo, e não repreendo – não pela forma como agiu, pelo menos. Ora, ele se apaixonou por uma garota já comprometida. Ele não queria, ele não poderia apenas dizer “oi, gosto de você, abandone o seu namorado porque acho que sou mais legal que ele”. Ele se achar melhor que o namorado dela é totalmente compreensível também, tanto na grande narrativa do anime (o Takeo é construído para parecer ou se sentir inferior aos demais) quanto na pequena narrativa desse arco (o Ichinose era o rival da vez, se ele se achar pior a coisa nem decola). Ele queria cortejar a Yamato de forma mais convincente. Aí entra a personalidade dele, que para mim é totalmente repreensível: ele é um egomaníaco. Mas não importa, ele poderia ter qualquer outra personalidade. Poderia ser alguém adorável como a Saionji, por exemplo, que a mecânica narrativa provavelmente seria a mesma. Por isso reprovo-o como pessoa, mas não reprovo seu comportamento em linhas gerais nesse arco. Como bom egomaníaco que ele é, não queria mostrar para a Yamato quão bom para ela ele poderia ser ou quão bom seria um relacionamento entre eles: queria só mostrar o quão bom ele é. Intransitivo. Não deu certo. Mas ele poderia ser uma pessoa melhor e ter tentado fazer algo diferente, mais aceitável. Não teria dado certo do mesmo jeito. Por isso não o repreendo. O choque de realidade (nem todo mundo gosta dele, afinal) até ajudou a torná-lo uma pessoa melhor.

    O Takeo… o Takeo. Se deixou levar pela insegurança, dessa vez mais do que nunca. Acho que já te disse que isso é compreensível até certo ponto. Ele está há meses com a Yamato e por isso deveria ter mais confiança, mas está a vida toda não tendo confiança nenhuma. Se ele fosse meu amigo na vida real eu não o repreenderia. Diria para ele ter confiança em si mesmo e em sua namorada, para tentar conversar com ela, se não conseguisse puxar o assunto diretamente que tentasse de uma forma indireta, mas que fosse nela primeiro. E no final ele poderia acabar não conseguindo fazer nada disso. Isso acontece o tempo todo. Talvez o relacionamento dele acabasse por causa disso, talvez acabasse mais tarde por algo parecido, talvez nunca acabasse, enfim. Ele provavelmente aprenderia alguma coisa com a situação independente do que fizesse ou deixasse de fazer. Talvez até se tornasse uma pessoa melhor. Repare como nesse arco faltou Suna – o Takeo é péssimo deixado à própria sorte com seus sentimentos. Como amigo, meu investimento emocional seria diferente, mas imagino como seria incômodo para um terceiro sem vínculo emotivo específico com ele ou sua namorada assistir isso se desenrolar. Incômodo como foi para mim assistir o Takeo nesse arco, e como parece ter sido muito mais incômodo para você, que se identifica mais com a Yamato, suponho. A questão é que o Takeo não é uma pessoa real, não é nosso amigo, Ore Monogatari não é baseado em fatos reais. É uma ficção, ela tenta ser verossímil na medida do possível, mas é lógico que as situações apresentadas são idealizadas. E o que se aprende vendo o Takeo? Seja sempre um imbecil inseguro, ela gosta de você mesmo assim? E ele é o protagonista. Esperava muito mais dele. Não acho que ele saiu desse arco uma pessoa melhor – embora, no anime inteiro, eu ache que ele melhorou um pouquinho. Bem pouquinho.

    E a Yamato é boazinha demais. Não acho que fosse o caso de romper com o Takeo, até porque ela o ama e seria bem difícil conseguir fazer isso, mas eu acho que ali no final quando ela descobriu que ele sabia de tudo ela deveria no mínimo ter ficado chateada. De novo, existe muita gente assim no mundo real, mas isso não é mundo real, é uma idealização. O que se está dizendo para as garotas? Que é normal e aceitável que rapazes disputem seu afeto sem que elas próprias saibam o que está acontecendo, e eles só apareçam no final para revelar o resultado?

  2. Desculpa dizer, mas eu acho que a sua resenha foi muito infeliz. O Takeo é inseguro e eu como uma pessoa insegura entendo o lado dele. A insegurança dele é algo que foi desenvolvido ao longos dos anos. Não é porque a Yamato tá com ele que a insegurança dele ia sumir como mágica, não dá pra uma coisa de anos sumir assim. E também ele é apenas um adolescente e não fez nada de errado. Foi uma batalha com ele mesmo e o fato de ele não ter comentado sobre isso com a Yamato demonstra o quanto ele se importa com ela, afinal outra parte da personalidade dele é colocar a felicidade de outras pessoas acima da dele. Sobre a “competição” do Takeo e do Ichinose não foi algo tão sério, não digo que foi certo, pois ele (Ichonose) não ligou muito pros sentimentos da Yamato, mas não ia ser algo que ia de fato magoar ela. Ela não ficar chateada com isso significa que ela foi uma pessoa madura que soube lidar com isso de forma decente afinal não era bem uma grande coisa. Foi uma “competição” até que amigável e sem danos pra nenhum lado. Acho que você foi muito dura sobre esse plot. E eu não achei ele dispensável. É importante pro Takeo saber que é amado pois ele nunca teve tanto afeto assim por parte de uma pessoa que ele goste e como eu disse, ele é inseguro e para pessoas inseguras é muito importante saber com gestos e palavras o quanto ela é amada.

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