Teria sido legal se Hannibal Lecter tivesse aparecido nesse último episódio para fritar literalmente os cérebros de todos os personagens de Psycho-Pass 2, mas muita coisa teria sido legal em Psycho-Pass 2 se não tivesse sido tão ruim. Quem fritou cérebros (literalmente, ou cozinhou, derreteu, enfim) foi Sybil. Parte de seus próprios cérebros. Olha, se o sistema tinha mentes criminosas tinha mais é que se livrar delas mesmo, e me impressiona não tê-lo feito antes. Mas os cérebros usados para a matriz de Sybil não são todos criminosos para começo de conversa? E incorruptíveis, apesar disso?
Ainda não entendi se os trens são tradicionais, com rodas, ou levitam de alguma forma. De todo modo, pela via parecem ser monotrilhos, mas pelo trem não parecem nada. E em um momento os vilões estão na cabine de comando do trem, mas em outro toda a frente do trem se abre para os passageiros saírem, demonstrando que ele não tem cabine nenhuma. Não faria sentido ter cabine de todo modo já que a condução é remota, então acho que o erro foi ter aparecido uma cabine em primeiro lugar. Consistência é isso aí. Há problemas gritantes também na conexão entre as dominators e Sybil. É tudo futuro, a tecnologia pode ser diferente? Claro, espero que seja. Mas vejo no anime problemas que nunca existiram ou já foram resolvidos pela tecnologia hoje, e certamente não espero que tenham surgido ou ressurgido em um futuro distópico onde a sociedade é regida pela tecnologia. Estou sendo mesquinho, apontando detalhes do cenário ao invés de considerar tudo isso liberdade criativa na condução da história? Estou mesmo. E é um artigo longo sobre isso. Me aguente. Quando a história é boa a gente ignora o som no espaço e a cabeça do protagonista continuar inteira embora ele tenha sido arremessado com tal força contra uma parede que a mesma rachou. Quando ela é ruim, bem, aí todos os defeitos ficam muito mais evidentes. Psycho-Pass 2 pode muito bem ser considerado uma desconstrução do mundo criado pelo próprio Psycho-Pass original, ao levar às raias do absurdo os temas propostos e recursos de narrativa utilizados na primeira temporada. O problema é que isso não parece intencional.
É triste ver tamanha degradação em uma série que eu gostei tanto da primeira temporada. Tantos personagens interessantes, temas provocativos, combinados em uma narrativa que não é perfeita, mas que até mesmo seus defeitos adicionam personalidade ao resultado final. Essa segunda temporada, contudo, tem os personagens, adicionou alguns novos e rasos, tem um conflito bem mais preto e branco, sem propôr reflexões ao espectador, e a história em si é contada de um jeito apelativo e sem pé nem cabeça. E esse nono episódio, o pior da série até agora e sem nenhuma característica redentora, serve também como uma síntese de tudo o que foi feito errado em Psycho-Pass 2.
Esse é o primeiro artigo do blog no servidor novo. Como me faltou tempo, ele está sem imagens ainda, mas peço que me desculpe por isso. Vou corrigir isso assim que tiver tempo, bem como publicarei os demais artigos atrasados o quanto antes. E agora ao que interessa.
Desde o começo da segunda temporada, a inspetora Shimotsuki está lá para contrariar a Tsunemori. É só isso que ela faz, mesmo quando as evidências ou os resultados demonstram que a Tsunemori estava certa. Não vou dizer que a Tsunemori sempre esteve certa quando Shimotsuki discordou dela. Embora estivesse certa sim na esmagadora maioria das vezes esse não é o mérito da questão: ocorre que o comportamento da Shimotsuki era inadequado, anti-profissional mesmo. Quando discordamos, especialmente quando discordamos no ambiente de trabalho, existem formas bem mais sensatas de resolver o problema do que desprezar, passar a realizar serviços paralelos em segredo e ir falar mal do desafeto para o chefe. Não obstante, a Shimotsuki foi o único personagem novo que não era novo de verdade: já disse aqui, mas ela era apareceu na primeira temporada como estudante colegial em um dos casos mais importantes da série. Essa ligação com a primeira temporada me atraiu nela (tá bom, admito, as sardas também), mas nunca foi desenvolvido na história. Era só um fetiche a mais, uma pena. E não consigo ignorar que todas essas qualidades negativas dela soaram artificiais para mim. Quero dizer, lógico que a história dela foi escrita para ser assim por um propósito, mas achei tudo forçado demais. O resultado é que não posso evitar sentir pena dela, e me pergunto se era essa a intenção do anime; suspeito que sim. Esse oitavo episódio faz o trabalho de terminar as revelações que começaram no episódio anterior e colocar (quase) todos os personagens em posição para o arco final. Disse quase todos porque o Kamui e sua gangue não apareceram nesse episódio, deixando em suspense o que exatamente será seu ataque final.
Quase todos os mistérios do anime foram resolvidos nesse episódio. Bom, mais ou menos isso, quero dizer, algumas coisas bem importantes são descobertas e a Tsunemori e seus colegas têm agora uma boa ideia de com quem estão lidando e uma boa pista para avançar na solução do caso. Como não poderia deixar de ser, isso também estava nos planos de Kamui. Há também uma revelação importante sobre Togane, e francamente, acho que a Shimotsuki está ferrada. Quero dizer, desde os primeiros episódios eu achava que ela iria se ferrar de algum jeito, o personagem dela foi construído para isso, mas agora meio que acho que é o Togane quem vai ferrar ela. Ainda não está claro se existe relação e qual seria entre Kamui, Togane e Sybil, mas por tudo o que foi apresentado até agora é quase seguro afirmar que não há nenhuma relação e todos agem por conta própria. Enfim, foi um episódio expositivo, mas pelo menos Psycho-Pass sabe fazer episódios expositivos que não são entediantes. E já estamos entrando na reta final, deve ter mais um caso antes do último arco no máximo.
Estou ficando confuso quanto aos rumos do anime e às motivações dos vários antagonistas da série. Mas acho que isso é normal com Psycho-Pass, não é? Na primeira temporada foi assim, só em algum momento da segunda metade da série é que as motivações do Makishima foram ficando mais claras. E elas eram bastante subjetivas e etéreas de todo modo, o que não facilitou nada. Ainda assim, a primeira temporada teve um formato episódico com vários casos pequenos fechados que me mantiveram entretido. Nessa segunda temporada é Kamui pra lá, Kamui pra cá, Kamui, Kamui, Kamui, e eu não entendo nada do Kamui! O agravante é que saiu a sinopse do filme do Psycho-Pass. Ele se passará depois dessa temporada, então só pela sinopse eu de antemão sei que algumas coisas importantes não vão acontecer. Mas falo disso depois. Nesse episódio, Tsunemori e seus executores tiveram que lutar contra um exército de drones militares controlados por pessoas anônimas que não sabiam o que estavam fazendo.
Primeiro episódio de Psycho-Pass, das duas temporadas, que eu não gostei. Parabéns, Tow Ubukata, você está conseguindo me surpreender! Negativamente, mas o que importa é surpreender, suponho. Para não ser totalmente injusto, não acho que possa creditar toda a ruindade desse episódio (e o enredo fraco dessa temporada como um todo) inteiramente ao roteirista. Creio sim que ele tenha uma boa dose de culpa, mas não posso ignorar o fato de que a primeira temporada de Psycho-Pass teve 22 episódios, e essa terá apenas 12. É bem menos tempo de tela para condensar a informação. E pior ainda: o ponto de chegada, o término da série já está definido em linhas gerais, pois será lançado um filme na sequência. Mesmo assim, não vou deixar de reclamar e de apontar o que acho que está ruim. E agora permita-me falar de tudo o que achei ruim nesse episódio.
Eu pensei em chamar esse artigo de “A verdadeira cor de Sibyl”, mas já sabemos desde a primeira temporada que o Sistema Sibyl é um sistema desumano e totalitário, então eu lançar essa dúvida seria chover no molhado. Tsunemori já deveria saber disso também, mas até agora tem preferido continuar atuando sob esse sistema, como se acreditasse poder tirar dele algo de bom. O final desse episódio talvez tenha sido a gota dágua para que ela comece a se questionar sobre isso. Ou pelo menos foi o que deu a entender, e ficarei frustrado se ela continuar ignorando o que é o real antagonista desse mundo. Claro que, no momento, ela tem preocupações bem maiores: provar que Kamui existe e pará-lo, e talvez precise dar um apoio e um sermão para sua colega inspetora Shimotsuki que, por não ter feito nada, contribuiu para o terrível resultado do episódio dessa semana. Mas Tsunemori não deve mais perder Sibyl de vista e não deve mais deixar de vê-lo como um inimigo. Assim espero.
O vilão coloca um pouco mais as suas garras de fora. Enquanto isso, parece que os mocinhos ainda estão bastante perdidos. Preferem acreditar na verdade conveniente que o sistema Sibyl pode atestar. Mesmo a Tsunemori parece estar duvidando de si mesma. Enquanto isso conhecemos um pouquinho mais os novos personagens, e um antigo personagem volta a aparecer (não, não é o Kogami ainda, infelizmente). Nesse episódio várias coisas desconexas entram em movimento, e ao final parece que a próxima grande jogada de Kamui pode estar começando. Será que ele quer continuar capturando inspetores? Será que ele ainda tem interesse especial na Tsunemori? Por quê?
Se na primeira temporada Makishima questionava a capacidade e legitimidade de Sibyl para julgar o destino de cada pessoa, nessa segunda temporada Kamui questiona a imutabilidade de seus julgamentos. Makishima não se importava se as pessoas eram más ou não, ele apenas não acreditava que fosse justo uma entidade decidir isso sumariamente baseado em um mero diagnóstico das pessoas, sem que elas houvessem efetivamente cometido crimes. Kamui parece acreditar que qualquer pessoa pode mudar, mesmo aquelas dadas como perdidas pelo sistema, e tenta usa um maníaco para provar o seu ponto. Ainda é cedo para eu próprio ter certeza disso que estou dizendo, mas é o que absorvi do primeiro arco, introdutório. E como toda introdução está cheia de informações, confesso que ainda não sei como encaixar tudo o que acho que entendi. Então vou apenas explicar ponto a ponto, e esse texto deve ficar mais desconexo que a média dos meus demais artigos. Me desculpe, me aguente e me acompanhe.