[sc:review nota=5]

Estive desde o começo do anime aguardando que “algo” acontecesse. Por que o Jirou saiu do Escritório de Super-Humanos? Por que o Akita aparentemente desapareceu ao mesmo tempo em que o Jirou saiu do Escritório de Super-Humanos? Por que o Raito saiu da polícia? E se tornou um terrorista, nada menos? Conforme todos os episódios alternavam entre datas no passado e no futuro, antes e depois dessas mudanças todas, eu me perguntava quando esse “algo” ia acontecer. Mas já aconteceu! E o anime já mostrou!

A janela de tempo entre o antes e o depois das mudanças se estreitava com o passar dos episódios, de forma que já há alguns episódios eu cravei: o que quer que tenha acontecido, foi no ano de 1968, ou ano 43 da Era Shinka segundo o calendário do anime. Parecia fazer bastante sentido dado que Concrete Revolutio é uma obra de ficção bastante cuidadosa com suas referências à datas históricas reais (e da cultura pop também). O ano de 1968 entrou para a história como um ano de grandes manifestações e convulsões sociais, tendo começado na França e se espalhado para o mundo todo, Japão incluso e com muita força (outro anime dessa temporada também se passa nessa época e se escora com força em fatos reais: Young Black Jack; só por isso já vale a pena assistir). E entre os protagonistas dessas manifestações estiveram os estudantes, jovens em geral. Não me saía da cabeça o que o Raito disse: “tantos jovens morreram”. Tinha que ser 1968.

Não era! Concrete Revolutio me enganou direitinho. A minha derrota é completa. Parabéns, Concrete Revolutio! O que “acontece” para Jirou sair do Escritório de Super-Humanos (e provavelmente para o Raito sair da polícia também) é tão simplesmente ele tomar ciência de algo que já aconteceu há muitos anos, antes mesmo da formação do próprio Escritório de Super-Humanos. O “fato forte” em si já aconteceu e ocorreu na transição anterior de fases do anime (antes e depois da criação do Escritório de Super-Humanos) e já foi mostrado: a morte do Cavaleiro Arco-Íris. O que descobriu-se no episódio 12 foi apenas a conspiração por trás disso. Eu descobri, você descobriu, o Jirou descobriu, e o Raito se não descobriu ainda certamente está a caminho de descobrir.

Jirou e Jin se reencontram

Jirou e Jin se reencontram

Eu sabia que o Cavaleiro Arco-Íris era importante para a história de Concrete Revolutio; se não por qualquer outra coisa, pelo menos ele havia servido como o super-herói que inspirou todos os que surgiriam depois no pós-guerra, quando o mundo ainda estava receoso com os super-humanos por causa da participação deles na guerra. Entre os inspirados por ele estão o líder dos Detetives Secretos BL (que no entanto negava isso, tendo tido uma experiência complicada com o herói no passado) e o próprio protagonista, o Jirou. Sua morte estava envolta em mistério, com muitos acreditando que tratava-se de uma conspiração do governo (eles estavam quase certos!). A atitude do Cavaleiro, conforme viu-se no episódio 8, em nada condizia com a acusação de que seria um sequestrador, um criminoso.

Mas o episódio da morte do Cavaleiro Arco-Íris não foi apenas um marco temporal, bem como ele não foi apenas um personagem inspiracional. Foi uma grande conspiração envolvendo pelo menos o Akita (e provavelmente os outros dois extraterrestres de sua espécie que já apareceram no anime) e o professor Magotake. Tenho fortes motivos para acreditar que tenha envolvido o Yoshimura também. Vou resumir:

Durante a guerra o laboratório Ikuta (onde o Magotake trabalhava) realizou experimentos com super-humanos. Depois do fim da guerra o laboratório foi fechado e os experimentos supostamente encerrados. Mas na verdade apenas mudou de endereço: alguns de seus pesquisadores passaram a trabalhar para os EUA em uma base americana em uma das ilhas do arquipélago de Okinawa no Japão ocupado. A metodologia passou a ser usar crianças consideradas promissoras antes de desenvolverem seus poderes – a coisa se torna muito doentia quando se considera que apenas corpos de adultos foram encontrados no episódio. O Cavaleiro Arco-Íris passou a “sequestrar” essas crianças que de outra forma seriam capturadas e levadas para esses cruéis experimentos científicos. De alguma forma Akita e Magotake sabiam disso e denunciaram o caso como um sequestro comum com pedido de resgate e tudo com a intenção de forçar o governo a criar uma agência para lidar com os super-humanos: o Escritório de Super-Humanos.

Não é que eles fossem insensíveis com o que acontecia com as crianças. Muito pelo contrário, tanto é que a principal função do Escritório de Super-Humanos é justamente proteger super-humanos, o que é a mesma coisa que o Cavaleiro Arco-Íris fazia. Eles apenas acreditavam que o que o herói fazia era insuficiente e queriam o respaldo do governo para agir, e não tiveram pudor nenhum em sacrificar o Cavaleiro para atingirem seu objetivo. Algo maquiavélico: os fins justificam os meios. O Akita ainda tinha um segundo objetivo: fazer os seres humanos evoluírem ao mesmo estágio que o seu povo. Se o Magotake sabia disso e concordava ainda é desconhecido.

Por tudo o que o anime já revelou está na cara que o Jirou não vai aceitar isso. A Emi não irá segui-lo provavelmente porque ele próprio a afastará: ela devia saber de tudo, ou pelo menos ele acreditará que ela sabia (eu pelo menos acredito que ela soubesse). O Yoshimura já tinha tentado fazer coisa bem pior então sabendo desde o começo ou não da conspiração isso não deve mudar a opinião dele.

E a Kikko? A Kikko é tão idealista quanto o Jirou, sendo essa uma das razões de ter se apaixonado por ele. Como ele é um humano e ela uma bruxa-demônio, mesmo que concordem no plano das ideias ainda enxergam o mundo de forma diferente, e isso a fez se desentender com ele no episódio anterior. E agora ela confundiu Jin Nakagawa, um amigo de infância do Jirou de quem ele nem se lembrava e que era considerado morto, o cara por baixo do capacete do Claude, com o Jirou. Pudera: Jin também tem ideais parecidos com os do Jirou, diferindo apenas nos métodos. E parece que uma bruxa quando sente seu amor sendo correspondido perde toda a capacidade de raciocínio e, tendo confundido o Jin pelo Jirou, ela “o escolheu” como seu parceiro para governar o submundo (foi isso que ela veio fazer aqui, descobriu-se afinal). Se essa união vai de alguma forma se “consumar” não sei, mas depois do que ela fez nesse episódio é muito difícil voltar para o lado do Jirou mesmo. Do jeito que a Imperial Propaganda planejou?

Comentários