[sc:review nota=5]

Shingeki no Bahamut continua não parando para explicar nada, o que as vezes pode ser um pouco confuso porque estão transmitindo uma série de informações importantes. O começo é um bom exemplo: parece haver algo entre anjos e demônios (clássico), uma chave celestial foi roubada, e se duas dessas chaves forem unidas (só existem duas?) “ela despertará”. Suponho que esse “ela” seja o Bahamut do título e o dragão do primeiro episódio. Confiam que uma humana, uma tal Joana D’Arc (um nome poderoso que dá o que pensar sobre esse personagem mesmo sem jamais tê-la visto) da Ordem de Órleans encontrará a chave. E nada é dito a respeito, mas fica mais do que subentendido que é a demônio protagonista a responsável pelo roubo, de alguma forma. Aliás, nesse episódio ela conta seu nome: Amira. Estará Favaro disposto a ajudar uma demônio caçada pelos céus, pelo inferno e pelos homens a chegar até a mítica cidade de onde ninguém volta vivo?

E dançaram

E dançaram

Se estivesse, ele não seria o Favaro! Mas deixe-me explicar com mais vagar. Ele e o espectador descobrem que a cauda demoníaca que ganhou é a marca do contrato que Amira selou com ele. Se ele der a ela a informação sobre como chegar a Helheim, estará livre da cauda! Talvez intimidado pelo poder da garota do qual ele é testemunha, Favaro não escolheu o caminho fácil da mentira. E para ser justo ele nem teve muito tempo para pensar a respeito: logo Kaisar estava na estalagem o caçando novamente. Então o anti-herói da história diz a demônio perdida que a levará pessoalmente até Helheim. Onde ele não tem a mínima ideia de como chegar. Ele só quer se livrar da droga da cauda! Ele não está nem aí para a garota, nem mesmo depois de ver o quão inocente ela é e descobrir que ela só quer ir até Helheim para reencontrar a mãe, de quem ela sequer se lembra.

E olharam as estrelas

E olharam as estrelas

Favaro decide matá-la para se livrar da cauda indesejada, mas não encontra oportunidade para tanto, além de sentir que não tem a menor chance contra o poder esmagador dela. Ele encontra uma chance, contudo, quando descobre que ela é fraca para bebida: trata logo de embebedá-la. Mas quando tem a oportunidade, percebe que seu bracelete de caçador de recompensas não reage à garota (e ele aparentemente reage a demônios ou criaturas sobrenaturais em geral, não sei direito, não explicam) e acaba desistindo por hora. Mas não perde a oportunidade de vender Amira para a Ordem de Órleans quando seus cavaleiros passam pela mesma cidade em que eles estão. Ganhou uma pequena fortuna e ainda espera que, assim que eles a matem, se livre do rabo. É um plano seguro e perfeito para um canalha como Favaro.

E Favaro quase matou ela em seguida

E Favaro quase matou ela em seguida

Uma moral que flui de acordo com a conveniência e súbitos e raros lampejos de consciência pesada é característica fundamental desse protagonista anti-herói. O bom humor é outro: é muito difícil vê-lo de mau humor, mesmo nas piores enrascadas. Das quais ele sempre escapa, por mérito próprio ou não, mas quase sempre de forma desastrada. E essas características o tornam um personagem bastante carismático, porque eu adoro, e tenho certeza que todo mundo adora, personagens falastrões como o Favaro. Quem não gosta do Han Solo? Ou do Jack Sparrow? Ainda assim, não há profundidade em Favaro, ele é por enquanto apenas a personificação desse arquétipo. Não dá para saber ainda nada sobre sua história, suas motivações ou seus objetivos (se é que ele tem algum).

Kaisar aparece para atrapalhar o clima (de assassinato)!

Kaisar aparece para atrapalhar o clima (de assassinato)!

Kaisar, por outro lado, embora também seja uma representação de um arquétipo (o cavaleiro que caiu em desgraça mas mantém sua altivez), e ainda que tenha relativamente pouco tempo de tela, já começa a ter um esboço de profundidade. Já sabia que, de alguma forma, ele havia caído em desgraça. Agora sei que a coisa é bem mais grave, sua família foi condenada à morte! É uma bela queda! E segundo ele acusa, a culpa é do Favaro. Favaro mataria alguém? Sem dúvida, ele passou esse episódio pensando em formas de matar a inocente Amira, por que teria escrúpulos com uma família nobre? Mesmo assim não sei porque mas não consigo me livrar da sensação de que essa história está muito mal contada. Em primeiro lugar, com Kaisar o perseguindo por sabe-se lá quanto tempo e sendo Favaro assim tão cruel, por que não o matou em nenhuma oportunidade? Tenho certeza que ele teve algumas. E Favaro não parece ser completamente mal, ele é apenas muito egoísta. Há alguma coisa a mais ainda não contada, mesmo se Favaro for responsável, aposto que é de alguma forma indireta e acidental. E talvez Kaisar saiba isso, mas bom, ele perdeu a família, é compreensível que não queira entender. De qualquer forma os dois personagens, Kaisar e Favaro, funcionam muito bem juntos. O homem sério e o engraçadão sempre formam uma boa dupla.

Muito poder, nenhuma noção de como montar um cavalo

Muito poder, nenhuma noção de como montar um cavalo

E por último, Amira. Nesse episódio ela se comportou muito mais como uma adolescente. Ou melhor, como uma criança mesmo, tamanha era sua inocência. Ela é do tipo que se impressiona com tudo o que descobre de novo e bonito ou divertido: cavalos, se jogar na água, estrelas, bebida. E ainda acredita no Favaro! A tristeza que sente pela falta da mãe é legítima e quase de partir o coração, não fosse a possibilidade incômoda de que isso leve à libertação da criatura que dois milênios atrás precisou da força conjunta de anjos, demônios e humanos para ser selada. Mas ela mantém a postura poderosa quando transformada, embora, pareça, mesmo nessa forma ela continue com seu jeito de pensar infantil. Caso notável: quando os cavaleiros da Ordem de Órleans tentaram selá-la mas simplesmente não tinham poder suficiente, ela comentava genuinamente divertida e encantada que aquilo estava a lhe fazer cócegas.

Adeus cavalo, sentirei sua falta!

Adeus cavalo, sentirei sua falta!

No final, o cavalo de Favaro salva Amira e o dia, cavalgando contra a vontade de seu mestre que o montava em direção ao local onde os cavaleiros emboscavam e tentavam capturar Amira. O Favaro é tão canalha que até o seu cavalo é uma pessoa melhor do que ele! Uma vez no meio da confusão e incapaz de desfazer a impressão de que traíra os cavaleiros (sério, ele não poderia dizer que a culpa foi do cavalo, né), acaba fugindo com ela e os dois ganham uma recompensa por suas cabeças. E acabam deixando o cavalo para trás, que lástima! Espero que eles ainda se reencontrem, esse cavalo merece mais. Há também uma cena curta do que parecem ser demônios aguardando a chegada de Amira. E o episódio ainda termina com um último enigma: aparentemente, a tal chave celestial roubada é o pingente de Amira. Só que o capitão da Ordem de Órleans tinha um igual! Será que era a outra chave? Ou será que era só um símbolo nobiliárquico e não tem nada a ver com a chave? Nesse caso, seria Amira parente do cavaleiro, de alguma forma? O episódio deu mesmo a entender que Amira possa ser um ser híbrido entre humano e demônio (e sua asa única pode ser uma dica nesse sentido também).

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