Shonen é romance, Shoujo é porrada! Ou: Público-alvo e gênero

Esse artigo eu publiquei originalmente em 2012, no Another Warehouse (aqui). Ele teve uma recepção bastante positiva, e de lá para cá eu meio que me mantive ausente de novas discussões sobre esse assunto. Contudo, por ter lançado o anime21, eu voltei a ter contato com o público em geral fã de animes e mangás, e nessa virada de temporada (a primeira desde que o blog entrou no ar) percebi que ainda há um número grande de pessoas que confunde as coisas loucamente, por isso achei que seria de bom tom relançar esse artigo com algumas edições mais para atualizá-lo do que para alterar seu conteúdo. O que me motivou a escrever o artigo àquela época foi um artigo no então Nahel Argama, antes dele ser um dos fundadores do Genkidama e simplificar seu nome para Argama, chamado Bleach – O Shonen Mais Shoujo de Todos os Tempos. No sentido correto dos termos shonen e shoujo isso deveria significar “o mangá para garotos que mais atrai garotas”, mas por entender que não era isso que a autora do artigo quis dizer, comentei no próprio minha discordância. Daí fui convidado para escrever sobre isso para o Another Warehouse e o resto é história. Essa nova versão do artigo foi motivada não apenas mas principalmente por comentários que confundem demografia com gênero que li no artigo Aoharaido e a última chance de shoujos no Brasil, do Chuva de Nanquim. Um último comentário é importante nessa apresentação, por ser esse um blog sobre animes: as demografias, conforme abordadas por esse artigo, se aplicam apenas a mangás. E não é assim por uma convenção aleatória, é assim porque o órgão japonês que os define e aplica é específico para mangás. Não é absurdo dizer que, por extensão, um anime de um mangá shonen seja um anime shonen, mas tenha em mente que essa não é uma definição correta, oficial. E para os demais animes, originais ou derivados de outras obras que não mangás (light novels, livros, games, etc), embora cada um tenha sim um público-alvo definido, não se usam termos específicos para definir isso. Sem mais delongas, o que afinal são as demografias?

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[sc:review nota=4]

Não sei se o único tema desse anime (ou mesmo o principal) será o relacionamento amoroso entre mulheres (yuri), mas apesar do uso abundante de metáforas visuais não há nada oculto aqui. Ao contrário de Utena, outra obra famosa do mesmo diretor Ikuhara e onde as questões de papel de gênero e relacionamento entre mulheres eram centrais, em Yurikuma Arashi os personagens falam e agem naturalmente de acordo com suas escolhas homoafetivas. E falando em homoafetividade, não fosse por um detalhe crucial (sobre o qual falarei adiante), pelo menos esse primeiro episódio poderia tanto representar relacionamentos entre mulheres, como ele faz, quanto entre homens. Se essa escolha é apenas estética ou de conteúdo ainda está para ser revelado.

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