Kamisama Hajimemashita 2 – Ep 5 – Raposa encarcerada
[sc:review nota=4]
Este foi o episódio mais lento de KamiHaji até agora, mas nem por isso foi tedioso ou inútil. Pelo imenso contrário. Foi um episódio sobre amor e paixão, medo e recusa, desejo e rejeição, sabedoria e imaturidade. Sobre prisões físicas e grades mentais. Acima de tudo, foi um episódio sobre o Tomoe. Mas vamos devagar, seguindo o ritmo da raposa.
Nanami acorda feliz e faceira, faminta depois de passar tanto tempo à própria sorte e temendo tudo a sua volta. Após consolar um muy desolado Mizuki, ela recebe Ookuninushi em seus aposentos, congratulando-na pelo sucesso na tarefa, mas ao mesmo tempo informando que mantém Tomoe encarcerado. Faz sentido, já que ele voltou a ser uma raposa selvagem sem o controle de um deus. Antes de avisá-la de que ela não tem permissão para vê-lo, Nanami já está a meio caminho da cela de prisão. Ao chegar lá, o encontra (muito bem acomodado, diga-se de passagem) diferente. Ela não estava completamente acordada quando ele a resgatou, então ficou confusa. Nanami imediatamente se oferece para restabelecê-lo como mensageiro divino, mas ouve uma inesperada recusa. Tomoe diz que precisa pensar se realmente quer ser encoleirado de novo, deixando sua ex-mestra triste. Ela o deixa em paz, sem perceber que não são as amarras do acordo que o prendem. É a dúvida. O receio. A necessidade de entender porque ainda se sente ligado à morena, mesmo que não tenha mais nenhum contrato com ela.
Enquanto a deusa (enfim) se ocupa com os afazeres do festival, Tomoe recebe a visita furtiva de Mizuki. A serpente toma a titude que todos os espectadores esperavam e esfrega na cara da raposa o óbvio: ele ainda se sente ligado a Nanami porque está apaixonado por ela. A revelação deveria ser suave, mas o atinge com um impacto significativo. É, eu estava enganada. A negação do Tomoe em amar uma humana é muito mais profunda do que simples medo de adolescente. Tanto que ele foge de sua cela, invade o quarto da mestra e restitui o contrato por conta própria, simplesmente para conseguir a confirmação de seus sentimentos. Ele gosta dela. E, agora que sabe disso, as coisas devem ser mais simples. Será?
CLARO que não! Tomoe se mostra um sádico sem uma gota de romance nas veias, sendo mais irritante com Nanami do que de costume. Como ele mesmo admite, vê-la corada dá vontade de judiar dela, pobrezinha. Sabe criança de 10 anos a fim da coleguinha de classe? Pois é. Mizuki dá uma de advogado do diabo e resolve piorar a situação, se oferecendo para dormir com ela, mas é claro que o raposo (agora com livre acesso ao evento, desde que alimente direitinho as carpas) proíbe. Quem acha que a proposta dela para que todos durmam juntos no mesmo quarto só piora tudo, ganhou um biscoito. Ele está chato, e Nanami notou isso. Ainda bem que ela não é rancorosa e o chama para um encontro numa pausa do festival. Após ser arrastado pra lá e pra cá,ele perde sua curta paciência e resolve ser direto,perguntando sem pudor se ela ainda gosta dele. A resposta positiva só o irrita mais, e a mim paralelamente e até mesmo a protagonista. Ela troca de blusa na frente dele, leva outra bronca (mesmo estando de camisola por baixo), explode e finalmente se permite chorar. É compreensível, afinal desde que este maldito festival começou os dois foram separados por um longo tempo, ela correu perigo e, quando finalmente se reencontram, ele é mais frio do que de costume. Nanami está no seu limite, e só então Tomoe nota o quão irracional anda se comportando,e pede desculpas. O momento fofo dura dez segundos, antes que ele a ataque como um pervertido, tentando fazê-la entender que ele é perigoso, que os machos são perigosos, e que ela não deveria confiar tanto assim mesmo em seus mensageiros divinos. Foi a gota d’água. Pra casinha, cachorro.
Enfim, e o último dia do festival. Os deuses são liberados para se divertir à vontade, inclusive ela .Mas com o clima entre o casal pesando, fica complicado sorrir. De um lado, Mizuki usa sua personalidade gentil para alfinetar as más atitudes do rival, e do outro, Nanami encontra com um psicólogo inesperado: Mikage finalmente aparece para uma conversa direta. Ouço o coro de anjos louvando. Ela, assim como todos nós, já associara a borboleta e ajuda que recebera no tempo a ele, e fica feliz em encontrá-lo. Ele elogia o seu trabalho como deusa e, quando questionado sobre o motivo pela qual ele não se mostra o Tomoe, a resposta é bem o que eu esperava. Ayakashis vivem muito, e seus corações são menos mutáveis do que os corações de humanos que vivem pouco. Suas personalidades, sentimentos e emoções são muito intensos e, quando algo os influencia, é uma força descomunal. Yukiji e Mikage foram as maiores pedras de mudança na vida de Tomoe, e as marcas são visíveis até hoje. Para piorar, ele ainda não sabe caminhar sem o segundo. Foi por isso que ele o deixou a cargo de Nanami, na esperança de ela seja capaz de ajudá-lo a entender a força dos humanos. Mikage quer reencontrá-lo, mas ainda não é tempo para isto. Esta explanação sobre os sentimentos da raposa foi bem reconfortante, já que o fato de um ser que já amou no passado não reconhecer os sinais de outro amor surgindo me deixava meio cabreira. Mas é necessário entender: era um outro Tomoe, outra época e outras circunstâncias. Talvez o que hoje seja encarado com tanta resistência ele tenha aceitado instintivamente da primeira vez. Talvez o trauma de perder as pessoas que mais amava e confiava o deixou preso em si mesmo e em pânico de se entregar novamente. Ainda mais com Nanami, que é a incorporação dupla de seu medo: sua deusa, a quem ele serve e protege, e sua humana, a mulher que ele busca e deseja. Se o grande poder de Nanami é mesmo a cura, com Tomoe e Akuraou ao seu redor não faltarão chances para que ela mostre a que veio.