[sc:review nota=3]

 

 

 

O episódio da vez me lembrou até um arco recém finalizado de Gintama: rola um pequeno desentendimento a respeito de uma coisa grande, inocentes são acusados e perseguidos, inimigos se unem em prol de um inimigo comum (ou não) e tudo acaba com final feliz. O que me deixa bolada. Sim, pode ter virado costume pra mim reclamar de Rin-ne, mas vejam se não tenho meus motivos: Masato, o demônio, e Kain, o shirushigami, estão armando contra Rokudou ao mesmo tempo. Mesmo que não sejam aliados, isso é uma coisa grande, seus dois mais poderosos inimigos agindo contra você e, o pior, nenhuma nuance deste caso te favorece. Tinha tudo pra acabar muito mal, mas claro que acabou bem. E rápido, inclusive. Me faz questionar seriamente a qualidade dos dois como antagonistas.

Vou resumir tudo de forma direta, e não usando vários flashbacks entediantes como o episódio fez, e só depois aponto as partes relevantes. Kain era encarregado de pegar uma mala de dinheiro no banco e levar até o Escritório de Censo Mortal do Banco do Além. No caminho, foi atropelado por um pégaso desgovernado e perdeu a consciência. Convenientemente, Masato estava no além para comprar fogos de artifício (roubar seria a palavra certa), mas foi atropelado pelo mesmo bicho, na mesma hora, carregando uma mala igual à de Kain e também desmaiou. Resultado óbvio: troca de maletas. A troca só foi percebida quando o suposto dinheiro chegou ao destino, mas quando abriram a mala, quedê grana? Sumiu, escafedeu-se, virou lembrança. A primeira suspeita é sobre o entregador, mas convenhamos que era idiota desde o começo; quem roubaria mó fortuna pra depois aparecer de cara lavada, pagando de inocente? Por favor, não digam políticos. Masato também não percebe a troca mas tava muito a fim de tirar com a cara de Rokudou, então largou a maleta cheia de “fogos” na casa dele. Quando descobriu o erro, só ficou mais feliz e até ajudou a atiçar um furioso shirushigami. Claro que Kain cairia nessa, e não perdeu tempo em atacá-lo. O objetivo primário se tornou provar a inocência do ruivo, mas como fazer isso, quando até seus supostos aliados desconfiam dele?

"Vamos afundar juntos!"

“Vamos afundar juntos!”

Rokudou precisa arrumar outra lata de pêssego em calda pra presentear Sakura; ela foi a única a acreditar em sua inocência e o defendeu diante dos outros (bem, daquele seu jeito, né). Nesse meio tempo, ele foi para o além, arrastou Masato e forjou uma parceria para roubos entre os dois, recebeu ajuda do tiozinho dos fogos, bateu, apanhou, foi aquela festa. Quando os outros os alcançaram, ele até tentou explicar por A mais B sobre a troca, fez até uma reconstituição bacanuda, mas em vão. Quando o caos chega a seu ápice, Sakura (novamente) consegue acalmar a todos e permite as explicações. Quando finalmente aceita seu erro, Kain sofre em pedir desculpas a Rokudou, mas acabou nem precisando; com toda a generosidade que mora em seu coração, o rapaz aceitou uma compensação financeira em troca do uso de um de seus objetos de trabalho. Ele só esqueceu de contar que o adesivo usado custava 10 ienes (uns 25 centavos), e ele levou 10 mil pra casa. Esperto nada, a muléstia. Bem, Kain recuperou o dinheiro, limpou seu nome e saiu com o máximo de dignidade possível; Rokudou levou uma graninha extra e tá nem aí pro resto; os outros… Bem, nem ganharam nem perderam. Masato apanhou pra caramba mas não houve outras consequências além desta. Eu diria que, no geral, foi um incidente bem inútil.

Agora, as falhas (sim, é uma comédia sem um pingo de seriedade mas eu sou deveras chata): porque Masato e Kain não conferiram o conteúdo de suas maletas antes de saírem da rua? Afinal, eram itens importantes e eles passaram alguns minutos desacordados. Porque ninguém interferiu no furto de uma quantia tão significativa? No inferno tem uma imensa burocracia pra entrar, mas no além é só chegar e pronto? Precisava mesmo mostrar a cena da troca tantas vezes? Rokudou perceberá os atos significativos de sua amada? O tiozinho dos fogos foi ressarcido? OK, a última era só curiosidade minha, mas deu pra notar por cima que todo esse caos poderia ter sido evitado. Poderia, mas não foi. Ficarmos gratos ou não por isto, eis a questão.

Ah, então assim vocês se comportam, né? Tio, me vê 18 dessas armadilhas aí.

Ah, então assim vocês se comportam, né? Tio, me vê 18 dessas armadilhas aí.

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