Kyoukai no Rinne – Ep 21 – Muito barulho por quase nada
[sc:review nota=3]
O episódio da vez me lembrou até um arco recém finalizado de Gintama: rola um pequeno desentendimento a respeito de uma coisa grande, inocentes são acusados e perseguidos, inimigos se unem em prol de um inimigo comum (ou não) e tudo acaba com final feliz. O que me deixa bolada. Sim, pode ter virado costume pra mim reclamar de Rin-ne, mas vejam se não tenho meus motivos: Masato, o demônio, e Kain, o shirushigami, estão armando contra Rokudou ao mesmo tempo. Mesmo que não sejam aliados, isso é uma coisa grande, seus dois mais poderosos inimigos agindo contra você e, o pior, nenhuma nuance deste caso te favorece. Tinha tudo pra acabar muito mal, mas claro que acabou bem. E rápido, inclusive. Me faz questionar seriamente a qualidade dos dois como antagonistas.
Vou resumir tudo de forma direta, e não usando vários flashbacks entediantes como o episódio fez, e só depois aponto as partes relevantes. Kain era encarregado de pegar uma mala de dinheiro no banco e levar até o Escritório de Censo Mortal do Banco do Além. No caminho, foi atropelado por um pégaso desgovernado e perdeu a consciência. Convenientemente, Masato estava no além para comprar fogos de artifício (roubar seria a palavra certa), mas foi atropelado pelo mesmo bicho, na mesma hora, carregando uma mala igual à de Kain e também desmaiou. Resultado óbvio: troca de maletas. A troca só foi percebida quando o suposto dinheiro chegou ao destino, mas quando abriram a mala, quedê grana? Sumiu, escafedeu-se, virou lembrança. A primeira suspeita é sobre o entregador, mas convenhamos que era idiota desde o começo; quem roubaria mó fortuna pra depois aparecer de cara lavada, pagando de inocente? Por favor, não digam políticos. Masato também não percebe a troca mas tava muito a fim de tirar com a cara de Rokudou, então largou a maleta cheia de “fogos” na casa dele. Quando descobriu o erro, só ficou mais feliz e até ajudou a atiçar um furioso shirushigami. Claro que Kain cairia nessa, e não perdeu tempo em atacá-lo. O objetivo primário se tornou provar a inocência do ruivo, mas como fazer isso, quando até seus supostos aliados desconfiam dele?
Rokudou precisa arrumar outra lata de pêssego em calda pra presentear Sakura; ela foi a única a acreditar em sua inocência e o defendeu diante dos outros (bem, daquele seu jeito, né). Nesse meio tempo, ele foi para o além, arrastou Masato e forjou uma parceria para roubos entre os dois, recebeu ajuda do tiozinho dos fogos, bateu, apanhou, foi aquela festa. Quando os outros os alcançaram, ele até tentou explicar por A mais B sobre a troca, fez até uma reconstituição bacanuda, mas em vão. Quando o caos chega a seu ápice, Sakura (novamente) consegue acalmar a todos e permite as explicações. Quando finalmente aceita seu erro, Kain sofre em pedir desculpas a Rokudou, mas acabou nem precisando; com toda a generosidade que mora em seu coração, o rapaz aceitou uma compensação financeira em troca do uso de um de seus objetos de trabalho. Ele só esqueceu de contar que o adesivo usado custava 10 ienes (uns 25 centavos), e ele levou 10 mil pra casa. Esperto nada, a muléstia. Bem, Kain recuperou o dinheiro, limpou seu nome e saiu com o máximo de dignidade possível; Rokudou levou uma graninha extra e tá nem aí pro resto; os outros… Bem, nem ganharam nem perderam. Masato apanhou pra caramba mas não houve outras consequências além desta. Eu diria que, no geral, foi um incidente bem inútil.
Agora, as falhas (sim, é uma comédia sem um pingo de seriedade mas eu sou deveras chata): porque Masato e Kain não conferiram o conteúdo de suas maletas antes de saírem da rua? Afinal, eram itens importantes e eles passaram alguns minutos desacordados. Porque ninguém interferiu no furto de uma quantia tão significativa? No inferno tem uma imensa burocracia pra entrar, mas no além é só chegar e pronto? Precisava mesmo mostrar a cena da troca tantas vezes? Rokudou perceberá os atos significativos de sua amada? O tiozinho dos fogos foi ressarcido? OK, a última era só curiosidade minha, mas deu pra notar por cima que todo esse caos poderia ter sido evitado. Poderia, mas não foi. Ficarmos gratos ou não por isto, eis a questão.