Antes de entrar em maiores detalhes sobre minhas primeiras impressões com a estreia de Lupin III, existe uma coisa que eu preciso dividir com vocês, leitores do Anime21:

1 – Eu sou absolutamente apaixonada por séries e romances policiais. Sério, todos eles mesmo! (incluindo sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie, sem preconceitos ou cismas bobas entre ambos autores, como os leitores mais grognards);
2 – Tenho uma grande queda por histórias que são contadas a partir do ponto de vista do anti-herói, do underdog. Ele está do outro lado da lei, mas ele tem um código de conduta que ele dificilmente quebra e, na essência, ele não é tão diferente assim dos oficiais da lei que o persegue incansavelmente;
3 – Minha história com Lupin começou anos atrás, então eu estou MUITO animada com essa estreia (e não, minha história com Lupin não começou em Harry Potter).
(lame joke is lame, por favor não me matem)

Eu quase chorei assistindo a abertura, que pra muitos de vocês não deve ter nada demais. Mas eu fiquei encantada com a forma como a trilha sonora foi capaz de juntar o melhor de vários mundos: ritmos atuais, o arranjo instrumental típico do R&B americano que é símbolo dos romances noir, mas que também consegue trazer aquele sensação de familiaridade com a música (e não aquela sensação estranha de anacronismo extremo que rola muitas vezes).

O episódio começa com Inspetor Zenigata chegando para o casamento de Lupin, em San Marino (que você vai descobrir, é uma nação independente dentro da Itália! Anime também pode ser informação!). Ele e Lupin já brincaram de gato e rato por tempo o suficiente na vida para que o homem desconfie dos motivos que levaram Lupin a se casar e ele chega interrompendo a cerimônia depois da troca de alianças (rude paca, se você me perguntar). Zenigata acusa Lupin de estar apenas usando o casamento como parte de um plano para um roubo, e a noiva parece ficar muito feliz com essa prerrogativa, o que me deixou sinceramente feliz por Lupin. Parte de um relacionamento saudável é encontrar alguém que te aceite como você é, não? O Inspetor é removido da capela pelos guardas e prosseguimos para a festa. Lupin diz que o show acabou, mas você tem certeza que ele está apenas começando.

Não demora para você perceber que as mechas verdes no cabelo loiro de Rebecca fazem jus à sua personalidade (como se o vestido curto com uma cauda longa já não tivesse sido o bastante para você intuir o estilo da mulher!): ela desdenha a música clássica da pianista, durante o jantar na festa de casamento e quer que lhe sirvam um prato de… batata-frita. E não demora para você perceber que existem sim segundas (ou seriam terceiras?) intenções no casamento de Lupin com a mulher: ela é herdeira da famosa e super abastada família Rossellini que, entre outras coisas, possui uma cadeia de hotéis de luxo por toda Itália. Além de comandar o negócio, ela é modelo, estilista, cantora, atriz e escritora. Ufa! E você aí achando que sua meta de terminar a faculdade até os 30 anos era grande coisa! Fujiko e os amigos de Lupin não entendem porquê diabos ele foi se casar com a mulher (mesmo ela sendo uma Mary Sue mais forçada que o Batman) e parecem bem decepcionados com o aparente desejo dele com uma pacata vida doméstica tomando conta do jardim de sua casa.

Eu particularmente acho válido casar-se com uma Mary Sue.
Ainda mais uma Mary Sue que projeta um jato particular e único para a viagem de lua de mel. Ostentação pouca é bobagem!

Enquanto isso, Inspetor Zenigata ainda está preso depois de causar na cerimônia de casamento. Ele tenta argumentar com o guarda de seu cárcere que Lupin é um ladrão famoso, que retruca dizendo que Rebecca jamais se casaria com um ladrão (e eu tenho a sincera impressão de que ele está terrivelmente enganado ao pensar isso. Essa mulher é da pá virada, escuta o que eu to dizendo!). Logo em seguida, o homem recebe uma mensagem de outro guarda, uma carta de Lupin dizendo que ele vai roubar a Coroa Real da Liberdade no dia seguinte, e aí ele parece mais inclinado a acreditar em Pops. A coroa é tesouro nacional de San Marino e aparentemente apenas Jigen sabia do plano de Lupin, o que deixa Goemon meio chateado. A localização da coroa é secreta e apenas as Nove Famílias mais ricas de San Marino a conhecem, sendo a coroa apenas vista em público quando uma das filhas dessas Nove Famílias se casa (há!).

Lupin e Jigen encontram-se para fazer seu grande roubo antes da cerimônia no dia seguinte e Zenigata já está lá, causando no role dos ladrões novamente. O Inspetor fala sobre a carta que Lupin enviou ao Capitão da Guarda de San Marino, que retruca não ter conhecimento algum sobre aquilo. Zenigata persegue os ladrões, que são salvos pela intervenção de Goemon (seu presente de casamento para Lupin). Mas ainda resta o mistério: quem diabos revelou os planos de Lupin para a guarda de San Marino?

Fujiko consegue roubar a coroa na confusão, passando-se por um dos líderes das Nove Famílias, mas Lupin e Jigen conseguem recuperá-la e estão prontinhos para ir embora quando Fujiko é capturada pela guarda. Jigen e Goemon parecem dispostos à deixa-la apodrecer na prisão em nome da confusão que ela armou com a carta, mas Lupin vacila. Estamos falando de Fujiko, afinal de contas! Se você assiste Lupin faz tempo, você entende o que eu quero dizer. Se você não assiste, deixa eu explicar: se tem uma constante nas séries de Lupin, é o chove e não molha entre ele e Fujiko. O casal que todo mundo shippa, mas nunca fica junto. O casal que te faz morrer de agonia. O casal que te frustra até não poder mais. O casal que todos amam odiar e odeiam amar. Lupin finalmente cede e devolve a coroa em troca da liberdade de Fujiko, mas parece haver mais nessa história do que os policiais percebem.

Quando Patrick, o Capitão da Guarda, é designado para guardar a Coroa, descobrimos o grande plot twist desse episódio, quem realmente foi o autor da carta que revelou os planos de Lupin para o governo de San Marino.

Rebecca.

Sim, Rebecca!

Caras, eu falei que essa mulher era da pá virada!
Tava muito óbvio!

Ele revela para Lupin que só comete esses roubos em nome da adrenalina envolvida na armação e vai embora logo depois, no jato que ela mesma criou, porque quem pode, pode! No final, Lupin percebe que deveria ter pedido o divórcio da Sra. Lupin quando teve a chance, e decide persegui-la, um pouco tarde demais.

Eu devo dizer que fiquei bem satisfeita com a estreia de Lupin III.
A fórmula imortal da série continua aí: humor leve e descompromissado, plot divertido, personagens que todo mundo ama e viradas no enredo tão óbvias que ninguém vai ficar se sentindo burro por não ter percebido que isso ia acontecer. Se você tiver a oportunidade de conferir as outras animações de Lupin, eu sinceramente recomendo que você faça isso. E vá ler os livros sobre Arsène Lupin, escritos por Maurice Leblanc, se você gosta do gênero policial. Monkey Punch criou seu personagem como sendo neto de um dos ladrões mais classudos da literatura policial e seria uma pena deixar isso passar batido também.

Não tenho acompanhado muitos animes ultimamente, mas a minha grade de enlatados televisivos estava precisando de algo leve como Lupin III pra acalmar os ânimos e tirar aquele ranço deprê de Arrow, Gotham e iZombie. Espero que continue assim.

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