Dimension W, Ao no Kanata, Kono Subarashii Sekai – Primeiras impressões
Se você vivesse no futuro daqui a algumas décadas, que tecnologia você gostaria que a humanidade tivesse desenvolvido? Uma forma de geração de energia inexaurível e limpa? Sapatos voadores? Bem, você não vive no futuro, então nesse momento a tecnologia que você tem é a internet, e a está usando para ler um artigo de primeiras impressões de animes da temporada de inverno de 2016! Ele faz parte de uma série que até agora já inclui:
- Boku Dake ga Inai Machi, Dagashi Kashi e Rakugo Shinjuu
- Prince of Stride, Nurse Witch Komugi-chan R e Haruchika
- Shoujo-tachi wa Kouya wo Mezazu e Norn9
- Schwarzesmarken, Active Raid e Myriad Colors
- Hai to Gensou no Grimgar, Koukaku no Pandora e Bubuki Buranki
Mas voltando a pergunta inicial do artigo, se você prefere energia infinita você prefere Dimension W, se prefere voar então sua escolha é Ao no Kanata. Não que qualquer desses animes trate desses temas, eles apenas compõe o cenário fictício onde a história se desenvolve. E esqueça o que você pode ter nesse mundo enquanto vivo: e depois de morrer, o que acha de ir para um mundo de fantasia e se tornar um aventureiro? Com uma deusa bonitinha e burrinha te acompanhando (ah os clichês…)? O autor de Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo pensou exatamente nisso para sua versão bizarra de “vivendo em um mundo de jogo”! E aí, o que acha desses animes? Oh, bem, deixe para responder essa pergunta só depois de ler esse artigo!
Dimension W, episódio 1 – Energia infinita, monopólio de uma empresa
O fim da escassez de energia é uma ideia tentadora. Se for energia limpa, melhor ainda! Em Dimension W o mundo atingiu essa utopia através de bobinas que recolhem energia de uma quarta dimensão e … ok, a parte sobre física desse anime é uma baboseira ofensiva, mas releve, por favor. Por bons ou por maus motivos porém (suspeito que seja o segundo caso), apenas uma empresa domina essa tecnologia e é a única fornecedora dessas bobinas mágicas no mundo inteiro. E persegue ativamente quem possui “bobinas piratas”, chegando ao ponto de contratar mercenários para recolher tais bobinas ilegais. O protagonista de Dimension W é um desses mercenários, que o anime chama de “coletores”. E ele odeia bobinas. Duvido que seja só por causa do belo Toyota 2000 GT que ele dirige – os impostos sobre combustíveis nesse mundo estão cada vez maiores para desestimular o uso de carros à combustão interna, que em poucos anos serão banidos de todo modo.
A empresa que controla a geração de energia e a distribuição de bobinas se chama New Tesla Energy, que chama sua rede de geradores de Sistema Mundial, um sonho do próprio Nikola Tesla da vida real (um cientista do século 19 que fez várias descobertas no campo da eletricidade e criou inúmeras invenções – a mais difundida delas o sistema de transmissão de eletricidade por corrente alternada que abastece a sua casa). No anime, a tecnologia das bobinas foi pesquisada e desenvolvida por Shidou Yurizaki, que foi o responsável pela expansão das bobinas, a construção do Sistema Mundial e continuava suas pesquisas ativamente – até que por alguma razão não explicada a companhia mandou roubar sua pesquisa e matou sua esposa e filha no processo. Ele desapareceu depois disso e continuou sua pesquisa em segredo, com a ajuda de uma androide chamada Mira que ele construiu. Quando a história do anime começa ele está doente demais, usando uma bobina no peito no melhor estilo Homem de Ferro, e Mira tenta conseguir algumas bobinas ilegais para ele – aparentemente a ativação de uma bobina envia informações para a New Tesla, então usar as bobinas oficiais é uma má ideia para ele.
Com Mira e Mabuchi em busca de bobinas ilegais, cada um por seus próprios motivos, eles eventualmente se cruzam – e não é da forma mais amistosa. O Dr. Yurizaki é encontrado no fim do episódio pelos funcionários da New Tesla e tira a própria vida com uma grande explosão que danificou todas as bobinas em um imenso raio ao redor, incluindo a própria Mira, que acabou enfim capturada pelo Mabuchi. Ela tem uma missão não especificada, o Mabuchi tem seu ódio por bobinas, e ao fim do episódio ela implora para que deixem ela recolher bobinas ilegais também. Qual será o grande mistério por trás das bobinas? Que tipo de arranjos políticos e econômicos ocorreram durante a implantação da tecnologia, que com certeza mudou o mundo radicalmente? Pelo que passou Mabuchi? Qual era o objetivo do Dr. Yurizaki que a Mira quer agora atingir? Esse mundo está bem longe de ser a utopia que a ideia inicial poderia passar. Torneiras cheias de água suja (em pleno Japão!) dão a dimensão da degradação que assola o mundo. O episódio teve bastante ação também, e muito boa, na minha opinião. Dimension W me interessou muito, e sem dúvida eu recomendo.
Ao no Kanata, episódio 1 – Garota sem noção carrega o episódio nas costas
A protagonista desse primeiro episódio foi Asuka Kurashina, que acabou de se mudar para uma ilha onde os estudantes podem usar um calçado voador. Não entendo porque havendo tal incrível tecnologia ela não seja permitida no resto do mundo, mas releve, o anime não se trata disso. Kurashina se mudou para lá e está encantada com o lugar, que ela já conhecia por ser a terra natal de seu pai e ela já ter ido lá em visita algumas vezes quando criança. Ela acha o lugar lindo. E ela tem parafusos a menos na cabeça.
Extremamente extrovertida, simpática, que confia fácil nos outros, fala demais, etc, etc (fiquei com preguiça de escrever mais adjetivos porque percebi o quanto ela é parecidíssima com a Nene de Koukaku no Pandora, sobre quem escrevi ontem). Ela é realmente adorável e engraçada, as situações que ela provoca e as besteiras que fala são muito divertidas. Assim, não é nada para gargalhar, mas dá para ficar o tempo todo com um sorriso no rosto.
O problema é que não é ela a protagonista do anime. É aquele garoto sem graça, o Masaya Hinata. Ele teve algum problema no passado e agora está traumatizado (bom, trauma é um pouco forte demais, mas ele se sente desconfortável) com os sapatos voadores – chamados de grav-shoes no anime. Ao no Kanata é baseado em uma visual novel adulta, mais especificamente um dating game erótico com protagonista masculino. O anime obviamente não irá tão longe, mas já usaram o primeiro episódio com sucesso para cercá-lo apenas de garotas. Na minha época politicamente incorreta pensavam várias coisas sobre garotos que só tinham amigas garotas no colégio, menos que ele fosse pegar todas elas. Bem-vindo ao politicamente incorreto mundo atual das visual novels!
Ainda assim o anime pode ser divertido caso não se foque demais nos clichês de harém. O Masaya tem um trauma a superar afinal, e certamente envolve o esporte fictício que usa os grav-shoes: o Flying Circus. Quem sabe não pode ser um anime esportivo divertido? Bom, se for tirar por esse episódio é difícil, as regras não parecem fazer sentido. A Kurashina ganharia caso marcasse um ponto que fosse, e além dela ela se tornar repentinamente incapaz de voar, sendo que estava voando de boa até pouco tempo antes, ao invés de ir tocar na boia que fica parada e não oferece resistência nenhuma, preferiu tocar nas costas da oponente – as duas formas de marcar pontos no jogo, segundo o anime explica. Pode ter sido erro de tradução e na verdade ela só ganharia se marcasse ponto tocando nas costas, vai saber. A animação dos personagens voando não é muito boa também, exceto durante a partida de Flying Circus.
Kono Subarashii Sekai ni Shukufuku wo, episódio 1 – Segunda temporada de Dungeon?
Me perdoe por te comparar a Dungeon, Kono Subarashii Sekai, prometo nunca mais cometer esse erro! Bom, na verdade, é provável que eu faça isso muitas vezes ainda, porque os cenários são parecidos: um aventureiro medíocre acompanhado por uma deusa. As semelhanças acabam por aqui, ok, talvez não sejam tantas assim. Os personagens são bem diferentes e muito mais engraçados – aliás, Kono Subarashii não tenta ser um drama, é uma comédia do começo ao fim. Sequer acredito que vá ter um arco dramático. Se tiver, provavelmente não será sobre um dos os dois protagonistas, mas sobre personagens secundários que eles encontrarão pelo caminho.
Se a ação vai ser melhor eu não sei. Nesse episódio não teve nenhuma porque foi todo ele dedicado a incontáveis piadas sobre como o protagonista Kazuma morreu do coração achando que seria atropelado por um caminhão (que na verdade era um trator) depois de “salvar” uma garota (que não seria atropelada porque era um trator, andando devagar como tratores costumam fazer). Uma vez no além, Aqua, a deusa designada para lidar com ele, riu muito pela forma como ele morreu e disse que todo mundo, médicos e família, também riu. E depois listou as opções que ele tem: seguir para o céu, onde não tem nada pra fazer, renascer, ou ser enviado para outro mundo com o corpo e memórias dele para enfrentar o Rei Demônio. A vantagem da opção aventureira? Ele poderá escolher qualquer coisa para levar com ele. Um item superpoderoso, uma super habilidade, qualquer coisa. Cansado das gozações de Aqua, ele se vinga: escolhe levar ela!
Acostumado com jogos ele acha que tudo vai ser fácil, mas aqui é um mundo real, ele não tem equipamentos iniciais e ninguém vai guiá-lo pela mão até ter capacidade de se virar sozinho. Ele descobre isso rápido e toda sua animação desaparece. Por sorte, a Aqua conseguiu dinheiro emprestado de um sacerdote e assim os dois conseguiram pelo menos se filiar a uma guilda de aventureiros. Mas nada de aventura: todos os monstros ao redor da cidade já foram dizimados. Os dois não têm equipamentos nem habilidade para se aventurar longe. Então passam os dias a fazer tarefas triviais – pelo menos conseguiram comprar três lençóis e dormir mais confortavelmente no estábulo. O episódio acaba com a Aqua convencendo o Kazuma a partir em uma aventura de verdade. Foi um episódio bastante engraçado, parece que o anime vai virar um harém, mas se continuar engraçado tudo bem.
CoolSkeleton95 (@EuGostoDeLolis)
A parada do Kono Subarashii do protagonista “salvar” alguém que na verdade não iria morrer e depois se recepcionada por uma deusa (COM CABELO AZUL, isso é muito importante) me lembrou Yu Yu Hakusho e,e
Fábio "Mexicano" Godoy
Não fosse a distância temporal entre as duas obras consideraria a sério a hipótese do começo de KonoSuba ser uma paródia de YuYu mesmo =)