Arquétipos em Fullmetal Alchemist Brotherhood
E começamos com a primeira resenha, análise, ou “arquétipar”(se você falar enquanto toma um chá inglês fica melhor). Enfim, decidi começar com FMA porque eu sou um grande fã da obra, e tem tanta coisa pra falar sobre Fullmetal que eu não sei como começar. Fullmetal Alchemist: Brotherhood foi serializado de Abril de 2009 até Julho de 2010. O anime é uma adaptação do mangá, escrito e desenhado pela Hiromu Arakawa entre 2001 até 2010, publicado pela Monthly Shonen Gangan no Japão e pela Viz Media nos EUA/USA.
Já que vocês sabem o básico, que não é necessário, podemos ir em frente sem arrependimentos.
Mas enfim, eu irei falar sobre o Brotherhood e não da versão de 2003, por razões muito simples. Uma delas sendo que eu não lembro de muita coisa do 2003, tirando algumas mudanças enormes e de um episódio onde geral vira árvore de Halloween, e a outra sendo que eu não tenho tempo para reassistir tudo e arquetipar (ou sei lá como eu chamo isso) o animu.
Eu acho melhor dividir FMA em partes. Mais fácil de entender, e faz bem pro meu tempo. Primeiro eu pretendo falar do começo da história.
E se você não sabe do que eu vou falar ou do que eu tô falando, você pode ler o artigo anterior (aqui), ou tentar entender com os resumos de uma linha.
Pra começar eu posso falar sobre o título em geral. No começo, temos Edward e Alphonse, ou simplificando, Ed e Al, procurando formas de como recuperar seus corpos originais. Ou melhor dizendo, um braço e perna de Ed e o corpo todo de Al. O motivo da perda foi tentar quebrar o tabu dos alquimistas, a transmutação humana, para ressuscitar a mãe deles. Em meio a esse caos, Ed culpa seu pai por não estar no momento em que a mãe deles morre. Okay, parando por aqui um pouco. Só com esse começo dá pra tirar algumas coisas que se aplicam aos arquétipos. Comecei assim porque o objetivo da história é basicamente isso. E o que isso significa? O que objetivos significam em arquétipos? A Era de Ouro (na maioria dos casos). A Era de Ouro de Ed e Al era quando eles eram crianças, tinham a mãe viva e seus corpos, em outras palavras, eles eram felizes. Porém, como em toda história, a Era de Ouro nunca dura pra sempre e nesse caso não é diferente e, de novo, quando alguém perde a Era de Ouro geralmente este é corrompido (o que vai para o outro arquétipo, a Perda de Inocência). Ao falar que o pai dele tem parte da culpa sobre a morte da mãe (a qual na verdade morre de uma doença), culpar o pai em si não é o suficiente para corromper Ed. Porém, o problema é quando Ed quebra o tabu para fazer uma transmutação humana. Mas isso não é culpa dos irmãos? Sim e não, se Ed e Al não soubessem sobre alquimia, provavelmente eles não fariam a transmutação… Porém, quem apresentou alquimia pros dois foi seu pai, Hohenheim. É um pouco confuso essa parte no começo pelo motivo de que você não sabe quem é Hohenheim no começo da história. E quando você sabe, ele está representando e vive em outro arquétipo que eu não citei antes. Mas nesse caso é seguro falar que Hohenheim representa o “God Teacher” (aquele cara que traz poderes ao mundo e guia este), ao introduzir alquimia aos irmãos Elric e fazer eles eventualmente descobrirem sobre a transmutação humana. Engraçado que ele não é maligno, mas fez mal. Al, até essa parte, não significa muita coisa, mas diferente do irmão, Ed, representa “A Perda de Inocência”. Como mencionado antes, Ed, culpa o pai que leva eles a fazerem a transmutação. E por que Ed é A Perda de Inocência? Bom, ambos os irmãos fizeram a transmutação achando que eles teriam 100% de sucesso, porém falharam. E como preço, saíram do jeito que conhecemos eles. Mas quem sofre mais nessa cena é Ed, porque ele entra em pânico e tenta de tudo para salvar seu irmão. Al também representa um pouco esse arquétipo, mas ainda acho que Ed representa mais por nós vermos ele sofrendo. E continuando a história, temos Mustang visitando os Elric e ficando assustado em ver o monstro que eles criaram. E eventualmente ele dá a ideia do Ed ser um alquimista do estado. Em geral, essa parte não adiciona muita coisa, só intensifica mais os arquétipos. Ah sim, o Al ganha mais significado; já que Ed não tava afim de falar, é ele quem mostra como eles se sentem. Depois disso, vemos Ed determinado e virando um alquimista, Al apreciando a paisagem com a Winry, e esta preocupada e a vovó… também sendo a vovó.
Okay, até agora cobri ¾ do segundo episódio…. s/2. Mas esse primeiro episódio fala muita coisa, o que prende o coração das pessoas. Continuando de onde parei, em meros minutos, onde Ed, Al e Winry estão juntos, meio que é mostrado um pedaço da relação deles. OK… eu sei que a história tem os irmãos como os personagens principais, mas digamos que Al não apareceu o suficiente até agora nesse… segundo episódio para ser marcante de alguma forma. Mas Al e Winry meio que representam as duas partes da inocência de Ed (lembra que eu falei que a inocência de alguém vai de “socorro” até “eu não sei”). Enquanto Winry representa o suporte de Ed, pelo seu automail, Al representa o “desconhecido”, por toda a desgraça que aconteceu com ele. Ambos meio que atuam como os dois complementos do Ed. Logicamente, o Ed ainda representa a Perda de Inocência, mas digamos que agora Al pegou um pouco dessa carga. E depois disso, Ed vira um alquimista e… é mostrada a Winry preocupada de novo. E com isso terminamos o episódio dois.
O episódio 3 eu não acho um episódio tão legal assim comparado aos dois anteriores por simplesmente não desenvolver muito a história. Tudo bem que introduziu os homúnculos e a pedra filosofal… mas mesmo assim, comparado a quantidade de informação que o episódio 2 deu, o 3 é tipo aquele irmão que não faz sucesso. Enfim, pra quem já viu o anime todo, o 3 tem o único propósito de dar o gostinho do que vai vir em forma de xarope. Ah, esse episódio tem a Rose, e é legal essa cena com a Rose, mas é mais uma mensagem passando alguma moral do que um arquétipo, então não tem muito o que falar. E adicionando, a Rose é um Ed versão mais light e incompleta em termos de arquétipos.
Só falei do 3 por falar mesmo, mas o 4 é, ó, véri nice. Nesse episódio, temos três novos personagens: a família Tucker (Shou e Nina) e o dog deles. O propósito desse episódio é simplesmente tacar sal, e muito sal, na ferida. O maior foco do segundo episódio foi focar no sofrimento do Ed para mostrar a Perda de Inocência, já nesse temos algo similar. Graças a esse episódio, adicionamos algo especial no Ed. Um trauma dele sobre a vida. Quando Tucker fala pro Ed que os dois são iguais por fazerem transmutação humana, Ed simplesmente entra em choque. Teoricamente eles são iguais, mas se usarmos os arquétipos eles são bem diferentes. Mas antes de ir explicar isso, deveríamos comparar a história dos dois até esse ponto. Bom, a do Ed todo mundo conhece, mas a do Shou é um pouco diferente. Não temos muito o background dele, só o fato que ele tinha problemas com a esposa. Depois de um tempo, mais exatamente quando ele larga ela, ele é promovido para alquimista federal por ser capaz de criar uma quimera que entende a língua humana (como ele conseguiu explicar isso… não me pergunte, só ignora). Aqui eu vou precisar adivinhar muitas coisas, assumindo que a Era de Ouro de Tucker era uma época não citada, quando ele era feliz com a esposa e por x e y motivos eles começaram a brigar, fazendo a Era de Ouro desmoronar. E como consequência, isso resultou na Esposa-Quimera, que é o pecado de Tucker, mas a diferença é que Tucker, aparentemente, fez isso não porque “não sabia” ou não esperava isso, ele claramente tinha isso em mente e pretendia se aproveitar disso. Diferente de Ed, cujas ações são esperando que consiga recuperar a Era de Ouro dele, Tucker simplesmente descartou essa possibilidade e decidiu viver com os resultados da sua transmutação. Logicamente, como isso é considerado um pecado, ele acabou pagando as consequências, como ser incapaz de ter algum resultado melhor ou igual à sua esposa, o que eventualmente fez ele cometer o mesmo pecado de novo (pobre Nina). Mas graças ao Tucker, os irmãos ficam mais bad do que já estão, e em especial o Ed, que fica se questionando pelo resto da série sobre a vida humana. No fundo eu penso que Ed sabe que ambos cometeram os mesmos erros, mas com intenções diferentes. Porém, é incapaz de afirmar isso porque no fim ambos cometeram grandes pecados que custaram caro. Ah sim, sabe o “Human Year”? Aquele arquétipo excluído que é difícil pra caramba de notar? Então, ele acontece aqui nessa cena. O cenário onde Tucker transmuta Nina ser um porão deixa essa cena melhor, como deixar chovendo dando um foreshadowing (previsão) do que vai acontecer e continuar chovendo com os irmãos na escada, mostrando o quão perdidos estão, e fora que usar Ed (uma “criança”) e Tucker (um adulto) para representarem essa questão de inocência foi uma bela jogada da Hiromu.
Enfim, pelo meu bem, eu pretendo terminar esse artigo aqui. E com esse artigo cobrimos 4 episódios…. É, eu realmente preciso de um plano, ou desse jeito eu vou terminar só ano que vem.
Bônus: Eu pulei o primeiro episódio de Brotherhood pelo simples motivo de que eu não acho que faz sentido mencionar ele no começo. Quem sabe no futuro eu menciono Isaac. Mesmo eu achando que ele não fez nada. E isso não é um bônus, tá mais pra aviso, mas no futuro vou fazer bônus melhores… juro!
Revisado por Tuts
Escritora
Muito legal falar deste começo, porque o que vem depois são as consequências. Claro que isso comprova algo que já tinha suspeitas: esta segunda versão acelerou até dizer chega os primeiros acontecimentos dos Irmãos Elric, pegando apenas os pontos mais importantes e com isto, deixa uma sensação de certos pontos ficarem rápidos demais. Caso dê esta impressão, rever os episódios 01/02/06/07 da primeira versão pode dar uma visão maior destes fatos, sem apressar demais no roteiro.
E sim, tenho mais lembranças da primeira versão que da segunda, porque me marcou muito e marca até hoje, tanto que boto em igualdade as duas versões, cada uma tem sua forma de contar a mesma história. O que muda são as circunstâncias: a segunda acelera demais o que a primeira já tinha adaptado, o que muda quando vem as partes não adaptadas e aí, o roteiro acerta e muito.
O começo dos Irmãos Elric chama a atenção porque tinham uma vida feliz e aí, perdem mais que a mãe, perdem a maior segurança; a pessoa que mais confiam na vida; a transmutação de ambas as versões é assustadora,mas, a que é revelada no comecinho do primeiro episódio da 1ª versão e do episódio três chega a angustiar até demais. Dá pra sentir na pele o que eles passaram e as sequelas desta tentativa falha. A participação da Rose nesta versão é bem maior e tem um impacto enorme no andamento. E finalmente no que chamamos de divisor de águas: Shou Tucker, este cara que parece bonzinho, faz o que faz e não tem um pingo de arrependimento no que fez; deve ter tido muita gente que pensou “céus, o que é tudo isso” quando transforma filha e cachorro (Alexander o nome dele) e o que vem depois disto, é de deixar muitos em choque. O impacto é bem maior na primeira versão, porque vemos uma amizade profunda entre Nina/Alexander com os dois irmãos e aí, vem a tragédia pra mostrar a eles que a vida da menina e do cachorro não valia nada para o pai. Dá pra entender mais da raiva do Ed quando isto acontece.
Enfim, se há uma série que tem muito o que falar, com certeza é “Full Metal Alchemist”. O maior merecimento é ter tido uma história muito bem pensada, do começo ao final e ter deixado uma marca e tanto nos shounens. O que mais me irrita é quando falam que é um shounen de batalha, o que não é, porque até mesmo no mangá e nos guias completos, dão uma tiração de sarro disto que é zuado de tão cômico. Bem é isso e até mais!!!
akunji
Eu só percebi o quão rush foi esse começo quando fiz esse post. Por isso me confundi e o tempo que eu tinha não foi o suficiente pra cobrir tudo. Mas, eu ainda acho que o brotherhood rushou tudo de uma forma bem simples pra todo mundo entender. E eu to complementando esse post no próximo, enfim, nesse post só consigo falar que faltou tempo pra mim. Eu tentei focar só nos irmãos nesse começo e não falei muito do TuckerI(mas no próximo eu to arrumando). Mas eu ainda acho que o anime de 2003 dava um feeling mais intenso, não sei se é pela arte ser um pouco mais antiga. Então, tanto a transmutação da mãe e da Nina podem ter se beneficiado disso. Concordo que fullemtal tem uma história bem pensada e muito bem pensada por sinal. Eu não ligo se falarem que é shounen de batalha, tem luta mas eu sempre acho as lutas de fma unilaterais.