Arquétipos em Fullmetal Alchemist Brotherhood, segunda parte – episódios 1 a 6
Bônus: Começamos com um bônus porque meu antigo post foi bem incompleto e meu tempo livre também é, mas os meus professores da faculdade não ligam. E eu não acho que vou completar completamente o post anterior nesse (ou tentar), enfim, já que tá incompleto vou ir completando nos próximos.
Enfim, o post anterior ficou parecendo meio incompleto ou ruim mesmo, mas tem um motivo, eu juro que faltou tempo e eu tive que resumir o que eu queria falar (além de eu ter subestimado a quantidade de assunto que esse tipo de post rende). Mas então já falamos sobre o começo de Fullmetal e como adaptaram várias coisas em 4 episódios. Enfim, em geral o começo de Fullmetal Alchemist Brotherhood foi bem apressado, mas não foi algo ruim. Pela popularidade que o anime tem em qualquer lugar, foi uma adaptação muito boa. Eles mantiveram os fãs de 2003 e conseguiram novos. Mas enfim, tirando o primeiro episódio, porque vamos combinar né… aquele episódio pra mim só foi exibido pra falar que as coisas vão ser diferentes pros fãs de 2003. O episódio 2 foi muito bem adaptado, não acho que pecaram em nada, mesmo se comparando com o de 2003 o de 2009 tenha sido um pouco menos impactante. Mas enfim, adaptaram bem o suficiente pros novos espectadores não ficarem perdidos e os antigos fãs não ficarem entediados. Sobre o Tucker, o de 2003 deve explicar muito mais sobre ele (por motivos de encheção de linguiça), mas eu sempre vi ele como combustível para fazer a série melhor. E no começo de Fullmetal acontece um monte de coisa “importante” pra história até todo mundo saber o que eles realmente devem fazer.
Agora continuando de onde paramos, eu tentei evitar o Scar naquele antigo post, por alguns motivos. Um deles sendo que no pouco que ele apareceu era mais uma introdução e a outro sendo que ele não fez muita coisa além de matar. É, fica difícil falar de alguém assim, a impressão que você tem dele, é “onde tem alquimista, eu vou”. Enfim, eu vou tentar evitar falar muito sobre o personagem, por motivos de spoiler. O anime cobre a história dele mais pra frente, então quando chegarmos lá eu falo. Por enquanto, o Scar complementa o papel do Tucker. Faz pensar se a alquimia é algo bom ou mau, mais especificamente o arquétipo Bem vs Mal (eu não falei sobre esse no post anterior e eu deveria ter falado, então eu tô falando nesse). E eu também não vou focar muito nesse, porque eu acho que esse episódio não é o melhor exemplo para expandir isso, mas é uma boa forma de introdução. Porém, a autora fez uma mudança.
Geralmente esse arquétipo é uma “luta” entre dois lados: o bem e o mal. Mas como ela usa esse arquétipo é algo parecido com, “alquimia é uma coisa boa?”. De um lados temos Tucker que quebrou o tabu por vontade própria para se beneficiar e do outro os irmãos que inocentemente quebraram o tabu. Quem será que tá errado? Enfim, isso tá ficando chato, então vamos piorar. Mesmo que a autora tenha mudado isso, foi útil pra ajudar a tabelar os personagens. Digamos, uma das falhas onde obras que tem um vilão na história, é que fica chato e repetitivo. Eu sempre achei InuYasha e Fullmetal Alchemist parecidos em certas partes, relacionado à história. Ambos tem um vilão a história toda, e a turma do bem corre atrás do vilão, e logicamente o vilão tem seus capangas pra dar volume na história. Quando a história é assim por centenas de capítulos ou episódios, pode ficar bem cansativo. Ainda mais quando o título depende de um único “vilão e seus capangas” e não tem vilões terciários que aparecem em um episódio e batem as botas nos próximos ou acabam virando parte da turma do bem. Mas a diferença de Inuyasha pra FMAB é que embora a fórmula seja similar, ela não é chata (e fora que FMAB não apresenta muitos personagens depois do episódio 20 ou por aí).
Eu acredito que é assim porque a autora deixa claro os níveis de vilões da série. E isso é bom, porque isso já é uma forma de deixar cada personagem único e a obra menos chata. Adicionalmente, se cada personagem é diferente, temos várias metas. O que significa: Mais sub-plots (alguns não recebem muita atenção, mas não são chatos). Sabe aquele posts assim? Então esse tipo de arquétipo é bom porque a gente sabe o quão vilão é o vilão, e o Tucker não tem tanta moral assim não (menos na escala dos irmãos; na tabela deles Tucker deve ser o satanás). Mas nesse ponto da história só temos Tucker como vilão então por enquanto ele tá em primeiro. E sobre a turma do bem, temos os irmãos? Eu colocaria a turma do Mustang na parte neutra e o Hughes como bom e neutro, só opinião minha mesmo.
Enfim, continuando por onde paramos pela segunda vez… no começo o Scar simplesmente mata alquimistas para punir os alquimistas malvados que foram pro lado do mal da alquimia. Se considerar o que a alquimia já fez até esse ponto da história, a Guerra de Ishval e a transmutação humana, é bem compreensível o porquê dele pensar assim. De todo modo você pode considerar que o personagem Scar foi modelado a partir do arquétipo “A Criação do Pesadelo”, no qual basicamente as partes mais obscuras do ser humano ameaçam a vida do herói ou da heroína e geralmente ressalta uma corrupção do ser humano (no caso de Scar: vingança). E mais pra frente você percebe que isso faz mais sentido, mas por enquanto vamos falar que se o Scar ver eles na rua, os irmãos estão mortos e isso o transforma em um pesadelo. O Scar é meio que um combo de arquétipos, ele é uma combinação de Era de Ouro + Perda de Inocência, mas mais pra frente quando chegarmos na parte onde cobrimos toda a história dele eu explico.
Agora que você conhece o Scar, no episódio que é explicada a Guerra de Ishval descobrimos um novo arquétipo: “The Iron Age” ou a Era de Ferro. A Era de Ferro, é parte da Era de Ouro, sabe a parte onde o homem destrói a utopia? É, esse momento representa a Era de Ferro. Em outras palavras, uma terra onde a maioria sofre. Isso também se aplica ao Ed e Al, mas eu queria focar na Perda de Inocência porquê no começo eu acho a Perda de Inocência mais importante para o Ed do que eles lutando pra conseguir a utopia de volta. Mas no caso do Scar é totalmente diferente, ele definitivamente ainda “está lutando” a Guerra de Ishval. Mesmo a guerra tendo acabado, Scar ainda caça alquimistas porque, na guerra, os alquimistas foram a bomba nuclear de Ishval. Concordo que os alquimistas foram a diferença na guerra, mas por quê direcionar o ódio especificamente contra os alquimistas? A história cobre isso mais pra frente, ou senão seria meio absurdo. E a Era de Ferro aqui é meio diferente.
Se quem acabou com a utopia foi o humano, pro Scar quem acabou com a terra dele foram os alquimistas. Seguindo essa lógica se ele matar os alquimistas o mundo magicamente volta a ser o paraíso que era. Convencido? Não? Mas é isso que ele faz até agora. É meio engraçado como a autora faz uma conexão entre esse arquétipo e o anterior (Bem vs Mal), até agora alquimia só causou desgraça, parece até macumba. Alquimia é coisa do capiroto? A resposta aqui se divide em dois lados, de novo o Bem vs Mal, por um simples motivo: é assim enquanto Scar usa o nome de “Deus” falando que ele veio trazer o julgamento e blá, blá, blá (eu tenho certeza que a Hiromu esqueceu metade do bullshit que ela fez o Scar falar). Os irmãos estão usando a alquimia para recuperar o que perderam, então enquanto um está usando a alquimia para se salvar o outro está querendo aniquilar a alquimia do mundo. Enfim, como Scar “não usa alquimia”, ele não entende como a alquimia pode ser algo bom para a humanidade. Resumindo, ele só conhece a desgraça que a alquimia faz, deixando bem óbvio do porquê a alquimia ser coisa do “mal” até esse ponto (e fora que vimos mais desgraça do que esperança). Mas chega disso. Por quê? Porque isso é só uma introdução do que vai vir (ou não), e vai sumindo conforme a história anda. E o Scar vai de levemente malvado pra neutro fazendo com que não valha a pena investir mais tempo nisso.
Essa luta do Ed vs Scar é mais um uso de “Human Year”. Essa luta em si, se comparada com as outras, não tem muita relevância. O foco desse encontro está mais para um “suporte”. Hiromu precisava de uma introdução decente pro Scar, além de matar alquimistas loucamente. Então essa é a minha única explicação que eu consigo pensar do Scar falar sobre ele ser um agente de Deus e etc… E o legal de FMAB é que o estúdio nunca falha nesse arquétipo. Todos os recursos que o estúdio usou pra animar a série, não fazem essa cena ter um defeito enorme daqueles que todo mundo lembraria para sempre. E pra essa cena, isso é ótimo. Eu só queria ressaltar esse arquétipo mesmo, eu acho que dentre todos os arquétipos esse é o que eu vou poder falar menos, mas mesmo sendo o menos “presente” continua importante. Acho que todo mundo conhece cenas onde o anime falha miseravelmente na tentativa de introduzir novos personagens. Pois é, esse arquétipo consegue fazer mágica.
E seguindo os eventos temos o Marcoh. Mas antes de continuar. Eu tenho certeza que eu já mencionei a inocência dos irmãos várias vezes até agora. Mas fazer o quê, FMAB até agora está comparando o sofrimento dos irmãos com os vilões e outros personagens. Enfim, voltando ao Marcoh, eu não tenho muito o que falar sobre seu episódio e nem do personagem, então eu provavelmente vou falar tudo dele nesse post (e isso vai ter spoiler) e ir mencionando ele nos futuros posts (se eu precisar). Tirando o fato de que eu achei meio besta o Marcoh estar de boa andando na estação e do nada Armstrong vê ele. Sério essa é uma das coisas mais aleatórias que eu já vi, mas graças a Nossa Senhora da Alquimia, conhecemos Marcoh, e surpreendentemente, ele é do bem. Quando falaram de um alquimista que participou da guerra e sumiu logo depois, eu logo pensei em alguém maligno.
Mas, não é o caso do Marcoh, ele é o oposto. Incapaz de aguentar as consequências da guerra ele se escondeu em um vilarejo para se redimir. Isso meio que classifica ele no “Caregiver”, solidário, aqueles personagens que se importam com os outros mesmo não conhecendo eles. Geralmente eles têm medo de ser consumidos pelo egoísmo ou ingratidão. No caso do Marcoh, ele meio que foi consumido pela ingratidão. Bem, como o Marcoh já é um personagem desenvolvido não tem muito o que falar dele. E só vemos o desenvolvimento dele nos flashbacks em futuros episódios, e vemos ele regredindo o que faz. E também, eu não lembro de nenhum flashback onde ele é o foco, deixando as coisas mais “sem sal” pra ele. Mesmo eu não achando que seja necessário, acho que com o pouco de tempo de tela que ele recebeu todo mundo conseguiu entender o personagem. E encerrando o tempo de tela dele, vemos ele dando todas as suas pesquisas pro Ed, o que só fortalece esse arquétipo. Se você ainda tem dúvidas de quem ele é e como ele afeta a história, e só considerar assim: se FMAB fosse um RPG, Tim Marcoh seria o healer.
Okay, eu vou pular o resto do episódio, porque não acontece muita coisa, e o que o Major Armstrong aprende não vale a pena escrever aqui. Em outro post eu escrevo dele. E o que rola depois é bem significativo. Então eu termino por aqui e espero que esse post tenha sido melhor que o anterior. E nos veremos de novo pra falar do laboratório mais assombrado da série!