Bom dia!

O Café com Anime é um bate-papo descontraído sobre animes da temporada entre mim e meus colegas Vinícius, do FinisgeekisDiego, do É Só Um Desenho, e Gato de Ulthar, do Dissidência Pop.

Acabou Kujira no Kora!! E veja como foi nosso último bate-papo sobre ele abaixo:

Fábio "Mexicano":
A gente tem que se livrar desse encosto, não é?

Bom, Kujira conseguiu fechar as duas linhas de enredo que ele abriu no décimo primeiro episódio porque achou que era uma hora boa para fazer isso. Os marcados aceitaram fácil demais a verdade sobre suas vidas curtas, em especial o Chakuro, que tinha ficado chocadíssimo, largou tudo no chão e saiu correndo depois de escutar a Lycos.

E os gêmeos foram patéticos. Vão virar algum tipo de alívio cômico? Porque é para isso que eles servem. Quero dizer, quando eles resolveram brincar de revolucionários de novo quando o Suou estava fazendo seu discurso eu só queria rir.

Diego:
Eu literalmente nem sei o que dizer. Não podemos fingir que esse anime nunca aconteceu e deixar por isso mesmo? Não? Temos que discutir é? Ah…

É difícil dizer o que foi pior aqui. A resolução fajuta dos “conflitos”, os gêmeos que é difícil dizer se era pra levar a sério ou não, ou aquele diálogo expositivo horrível no Império onde o irmão da Lycos fala para o outro almirante informações que os dois já sabem (mas né, tem que dar um jeito de falar pra audiência também, então vamos pelo caminho mais preguiçoso e forçado possível). Foi um péssimo episódio, bastante adequado para um péssimo anime. Que bomba essa que caiu no nosso colo.

Gato de Ulthar:
Que bosta de episódio final. Entretanto, combinou com o péssimo nível do anime. Tivemos até uma palhinha do retardado de cabelo rosa falando em se vingar de Falaina! E foi o típico episódio emendando para uma segunda temporada. Se por um milagre do destino esse anime tiver uma segunda temporada, quero passar muito longe.
Vinícius Marino:
Eu me pergunto se esse anime forçou a barra por uma segunda temporada por simples ganância corporativa, obrigação moral ou se simplesmente foi incapaz de fechar os pontos corretamente. Do jeito que nos chegou, pareceu que o roteiro se perdeu a meio caminho, e ficou se debatendo episódio após episódio como um peixe fora d’água.

O episódio final só salienta o quão inconstante e desbalanceado foi o andamento de Kujira. Temos conflitos inteiros resolvendo-se em FRAÇÕES de episódios, enquanto que outros se desenrolaram por arcos inteiros (enquanto Suou e companhia tomavam banho pelados ou se divertiam brincando pelos cantos).

Gostaria de dar um ponto positivo por conta do Cabelo-Rosa em versão bobo da corte. Mas a própria postura dele já mostra que todo o “desenvolvimento” forçado goela abaixo após a batalha foi ilusório. Ele termina exatamente onde esteve. Uma boa metáfora para toda essa série.

Fábio "Mexicano":
O Ryodari se vestiu de bobo, mas os palhaços fomos nós.
Diego:
Melhor metáfora possível para esse anime.
Fábio "Mexicano":
Apesar de tudo, o bonde precisa andar. Vamos falar de algo relevante então:
Fábio "Mexicano":
O que vocês mais gostaram, de verdade, de coração, livres de preconceitos e com a mente aberta, o que vocês mais gostaram de comer nesse ano novo?
Vinícius Marino:
Blinis (panqueca russa) com caviar de berinjela, figos caramelisados e pinholes. Uma delícia!
Fábio "Mexicano":
Nunca comi caviar, tenho só uma vaga noção do que seja (sei lá, geleia podre de ovas de peixe?), mas caviar de berinjela???
Diego:
Aqui em casa foi um pernil assado com batatas, e depois doces como brigadeiros e pudim. Tava gostoso. Infinitamente mais digerível que Kujira no Kora 😃
Gato de Ulthar:
O meu foi o mais simples: churrasco, maionese, pão. Só o arranjo de frutas ficou chique!
Vinícius Marino:
Caviar de berinjela é uma pasta feita para imitar a textura do caviar original (tipo um babaganouche da culinária árabe). Não tem nada a ver com peixe. Tipo Kujira. Tem “Baleia” no nome, mas nada a ver com baleias 😀
Fábio "Mexicano":
E o bichão do navio deles se chama Falaina, que também significa baleia, mas parece mais uma lula gigante. Entendi.

Eu comi lasanha hot pocket e tomei sorvete. Foi muito gostoso. Aliás, sobrou lasanha pro dia primeiro também, uma maravilha.

Fábio "Mexicano":
Agora pensei em algo diferente. Vamos falar sobre um personagem que estava sendo interessante e morreu antes do anime virar uma porcaria. Agora com a série acabada, o que acham da Sami?
Vinícius Marino:
Olha, considerando que a série foi para as cucuias no episódio 3, acho que a Sami é a única que se enquadra 😅

Mas vou divergir e apontar o velho suicida que se jogou na frente dos minions feito um zumbi durante a segunda batalha. Vou ser bem sincero: nem me lembro do nome dele, mas aquela morte foi sem sombra de dúvida memorável. Foi o momento do anime em que comecei a ententer que Kujira deveria ser apreciado como comédia

Fábio "Mexicano":
A animação dele andando em direção aos minions foi terrível mesmo.

Mas acho que a forma como você se expressou serviu para destacar bem um dos principais problemas de Kujira (em tantos, dizer que um deles é “principal” é complicado, mas vou tentar 😛)

A primeira personagem que o anime mata é a Sami, que era praticamente uma das protagonistas até então. Tinha personalidade, desenvolvimento, e a morte dela fez parte desse desenvolvimento também. Uma das coisas que uma história diz quando mata um personagem assim é que não vai ter pena de ninguém, se for pelo bem da história. No fim, não teve pena foi de nós espectadores, e é difícil dizer que tenha sido para contar uma história melhor. Matou mais um monte de gente, um monte de gente que a gente não conhecia direito, ou totalmente não conhecia, ou conhecia e queria mais é que morresse mesmo. Pecado dos pecados, o anime ressuscitou o personagem mais odioso de todos, depois de dar-lhe uma morte muito mais dramática do que ele merecia mas que, bem, pelo menos era uma morte.

Vinícius Marino:
“Matar” personagens é uma coisa muito difícil. É uma corda-bamba entre mutilar a sua própria história (como Kujira fez) ou cair em um banho de sangue sem sentido só para dar algum peso dramático (como Kujira também fez).

A decisão de encenar duas batalhas foi, na minha opinião, um erro terrível. Se Kujira fosse um battle shonen com 100 episódios, ele poderia se dar ao luxo de introduzir todo um rol de personagens para ir matando aos poucos (ou de uma vez). Com 12, isto não chega nem perto de ser viável. O primeiro confronto poderia muito bem ter sido reduzido a uma escaramuça, com nada além de alguns red shirts morrendo. Daí na segunda poderia finalmente descer a espada na Sami, no amigo do Ouni, em quem quer que fosse.

Fábio "Mexicano":
Então acha que matar a Sami foi um erro em primeiro lugar? Eu acho que foi bom para estabelecer a urgência da situação. Mas bem, o resto da série não correspondeu a essa urgência, e seu argumento é que isso não seria possível de todo modo.
Vinícius Marino:
O problema de matar ela, como você mesmo disse, é que ela era praticamente uma protagonista. É um vácuo que não foi preenchido direito nos episódios seguintes. Acho que a morte até poderia funcionar se o anime reduzisse seu escopo a um pequeno grupo de amigos, em vez de três dúzias de personagens esquecíveis.
Fábio "Mexicano":
Por “direito”, a Lycos deveria ter preenchido o espaço da Sami. Mas ela não estava pronta para isso naquele momento e demorou o anime inteiro para chegar a tanto – ela inclusive guardou um segredo muito importante até o final, o que foi bastante irritante.

E, reconheça-se, por interessante que seja seu personagem, não sei se foi por algum problema na direção, na dublagem, ou se é assim no original mesmo, mas a Lycos ficou muito aquém do que eu esperava.

Diego:
Eu surpreendentemente não tenho nada contra a Lycos – a Ginshu me incomodou bem mais, diga-se de passagem. Mas sobre a Sami, eu… não realmente tenho uma opinião sobre ela. Era uma das protagonistas? Sim, mas não deixou muito impacto, ao menos pra mim. Ao menos a morte dela foi tratada com a devida seriedade e trauma que seria de se esperar, e não com todo mundo indo nadar pelado logo depois.
Fábio "Mexicano":
Eu também não tenho nada contra a Lycos, mas tenho muito contra a expectativa que eu tinha para a Lycos, porque não correspondeu, hehe.

E sim, o anime até a morte da Sami é um, e depois dela é totalmente outro. Ou talvez não, talvez tenha sido sempre o mesmo. É esse o nosso dilema aqui. Não que valha a pena nos debater com dilemas sobre Kujira, mas é isso aí.

Gato de Ulthar:
Bom, em resumo, fiquei com saudades da Sami, por marcar um período no qual Kujira ainda não estava perdido. Sami, Rest in Peace!
Fábio "Mexicano":
HAHAHAHA!!!
Diego:
Mas pra manter a conversa correndo (daqui a pouco começa a próxima leva do Café e nós ainda não nos livramos desse encosto! 😛), vou dizer que eu… gostei (?) do líder dos “novos invasores”, aquele príncipe (era um príncipe?) de cabelo vermelho do país inimigo do Império. Não é nenhum grande personagem nem nada, mas foi mais gostável que praticamente todo o restante do elenco.
Vinícius Marino:
Ainda não superei o nome “Rochalito”. Nem o país de “Amonlogia”. Sério, há geradores randômicos de nomes para RPG que fazem coisa melhor….
Fábio "Mexicano":
O nome é horrível, mas não gostei do personagem também. O que ele é, afinal de contas, um nobrezinho metido condescendente que tenta dominar uma ilha sozinho, um hábil político e estrategista, um conselheiro…? Ele chegou do nada, sabe-se lá como, e já está incluído em todas as reuniões de alto nível da ilha, fica sabendo de segredos que nem mesmo seus cidadãos ordinários sabem. Parte disso é culpa do deslumbramento do Suou, claro, o líder da Baleia de Lama nunca foi um bom personagem também. Enfim, preferiria que o Rochalito não existisse, não agora, não dessa forma, e que eles conseguissem sair de lá sozinhos, enfrentassem mais algumas dificuldades e crescessem por conta própria antes de se aboletar sob as asas de outra nação. E que isso tudo estivesse em uma segunda temporada, porque a primeira deveria mesmo ter acabado junto com a batalha.
Diego:
Vamos e venhamos, a primeira não deveria ter existido para começo de conversa 😛
Vinícius Marino:
Eu não sei direito o que pensar sobre ele. Ele é o tipo de personagem que faz malabarismo com o pouco tempo que tem de cena. É menos um ser humano que um quest giver de RPG, que surge com uma exclamação sobre a cabeça para dar um norte às aventuras dos protagonistas.
Fábio "Mexicano":
Minha exata impressão sobre o Rochalito. Ele estava ali pra falar tudo “sobre o mundo” que os Filhos de Falaina precisam saber para a continuidade da história conforme planejada pelo autor.
Gato de Ulthar:
Em suma, foi um elemento de cena para permitir que o enredo prosseguisse. Um método um tanto detestável.
Fábio "Mexicano":
Impressionantemente já falamos mais do que eu esperava sobre esse anime. Vamos enterrá-lo de uma vez por todas? Digam suas últimas palavras para Kujira no Kora
Vinícius Marino:
Já vai tarde.
Diego:
E por favor não volte 👋
Gato de Ulthar:
“Vade retro Satana”
Fábio "Mexicano":
Quanta maldade 😃

Eu só quero que ele afunde em areia movediça. Vejam como sou respeitoso, até mantenho um elemento temático do anime, mais ou menos…

Fábio "Mexicano":
Enfim, a melhor coisa sobre esse anime, e sobre esse último episódio em particular, foi ele ter acabado. Temporada que vem já está aí, tenho certeza que nossas escolhas serão melhores, continue conosco!

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