Citrus – ep 2 – Que primeiro amor complicado, hein!
Citrus é um anime interessante com uma boa proposta e uma ótima personagem central, mas que por outro lado tem uma execução questionável e uma odiosa personagem central, o que torço para que comece a mudar até o terceiro episódio – o famoso divisor de águas para a maioria dos animes!
Nesse episódio vemos a Yuzu passando por um processo de mudança, de descoberta de sentimentos e desejos que ela nunca sentiu antes; e que pessoa para se apaixonar, hein? Justamente a irmã mais nova que em um momento tasca um beijão na garota e tenta agarrar ela, e no outro está fazendo uma cara triste, como se estivesse pedindo socorro para uma verdadeira estranha.
O que, aliás, é o que ambas são uma para a outra: completas estranhas. O que é algo bom, porque por mais que você entre na família de uma pessoa depois que sua mãe se casa com um parente dela, isso quer dizer que você realmente já é parte dessa família? A forma como o avô da Mei reage a Yuzu é uma resposta perfeita a isso, então por que a Yuzu teria que se preocupar tanto com alguém que mal conhece? Não faz mais sentido que ela se preocupe com a Mei por ter se sentido atraída por ela de alguma forma? Isso foi algo bom e minimamente bem trabalhado nesse episódio. A forma como a Yuzu pensa na Mei, no que ela fez e em como pode ajudá-la, em como quer conhecê-la melhor e fazer parte da vida dela. O problema é justamente a Mei e tudo o que envolve essa personagem…
Uma hora ela ataca a Yuzu e na outra se fecha, uma hora ela provoca a Yuzu e na outra ela se afasta, eu já entendi que a personagem tem problemas, mas custava ir mostrando quais são exatamente? O professor espertalhão e o pai ausente com certeza são alguns deles, mas o professor já foi jogado para escanteio assim no segundo episódio e não vão explicar a história escrota do pai não ver a filha há cinco anos mesmo? Provavelmente o professor vai voltar em algum momento e vão explicar melhor a história dela com o pai, o problema é que isso poderia ser melhor trabalhado já de agora, pois de um lado temos uma personagem bem escrita, carismática e com dramas palpáveis sendo explorados, por outro temos uma “porta” que abusa dos outros por ter sido abusada a vida toda?
Juro que se for isso e se isso for bem trabalhado não creio ter motivos para não achar válido como justificativa para ela agir assim com a Yuzu, mas é algo que tem que ser trabalhado, pois a Mei ainda é uma incógnita. A relação dela com o avô, por exemplo, parece ser o previsível, mas se ela pode morar com ele agora então por que não morava antes? Porque ele viu ela com a Yuzu e não deu um escândalo maior – tudo bem, expulsar a Yuzu já foi algo pesado, mas ele nem pareceu assim tão surpreso, né? – como você esperaria de alguém aparentemente conservador? Eu poderia deduzir todo o drama e os problemas da Mei e provavelmente acertaria a maioria das coisas, mas mesmo que fizesse isso alguns detalhes provavelmente não encaixariam e é aí que entra a habilidade de um autor em tornar coisas que não parecem fazer qualquer sentido em ações que tem um porquê, um meio e um fim. É isso o que falta a Citrus, mostrar para o público quem é a personagem Mei Aihara!
Quando isso acontecer, o que espero que comece a acontecer no “episódio divisor de águas”, eu vou poder me sensibilizar com a Mei e não achar ela uma completa escrota quando ela tenta abusar da “irmã”. Pelo menos a Yuzu não aceitou passivamente os abusos da Mei e a impediu de atacá-la, até chegando a mostrar que estava ao lado dela, que queria ajudá-la, na constrangedora cena do quarto.
Sei que alguns de vocês devem estar achando o anime um prato cheio para o fetiche que é ver duas mulheres se agarrando e outros não, e olha, fico em cima do muro quanto a isso, pois por um lado vejo que a produção do anime deve favorecer os momentos de contato físico com teor sexual entre as duas mas, por outro, se fosse só fetiche – mais ou menos como acontecia muito em Netsuzou Trap – a Yuzu teria aceitado passivamente as investidas da Mei, é o que acho. Então, quanto a isso, não acho que é uma coisa que “estrague” a seriedade do drama pressuposto – ao menos ainda não.
Acho que a amiga da Yuzu é uma boa aquisição ao “elenco” do anime, o avô da Mei não. Acho que ela se apaixonar pela irmã ficou um pouco de lado em parte do episódio, mas o final e as pequenas reflexões dela sobre o assunto compensaram um pouco. Acho que esse episódio poderia ter sido melhor se já tivessem começado a desenvolver a Mei, mas que não foi de todo ruim, “só” não tentou desfazer a má impressão causada pela conturbada história dramática que a Mei parece ter, a qual espero que seja realmente boa, pois se não for vai ser decepcionante e com certeza vai atrapalhar muito o prosseguimento do anime. Em uma história com duas personagens centrais, se não for para que eu adore as duas, ao menos não me faça odiar uma e achar que ela e tudo o que a envolve estraga toda o potencial que o anime tem para ser um bom drama como a história promete ser.