Hisone to Masotan – ep 6 – Sonho e Vocação
Bom dia!
É um pouco estranho falar em vocação quando as pilotas de dragões são escolhidas não pelo talento ou por um chamado divino ou qualquer forma de predeterminação do destino, mas sim por serem ruins na vida. Não é o que elas têm que as garante essa distinção, mas o que falta a elas.
Mas no conflito inicial da Hoshino, resolvido (pelo menos por enquanto) nesse episódio, há sim o que se dizer sobre algo que muitas pessoas sofrem, que é a dificuldade de decidir (ou aceitar o destino) quando sempre sonharam em ser ou fazer uma coisa, mas por razões às vezes alheia às suas vontades, se tornam boas ou necessárias em outra coisa.
Hoshino está frustrada por não ter virado uma pilota de caça e, ao invés, estar com um dragão. Mas não é que ela não goste de seu dragão, muito pelo contrário! Em seus primeiros voos com seu dragão ela simplesmente se apaixonou por ele e pela experiência única que é voar daquela forma. Mas ainda assim ela quer ser uma pilota de caça. Esse era seu sonho desde criança! Talvez seja diferente no mundo de Hisone to Masotan, talvez ele se passe no futuro, mas se nisso ele for similar ao nosso e estiver se passando no tempo presente, quando ela era criança mulheres sequer poderiam ser pilotas de caça na Força Aérea de Auto-Defesa do Japão. Em algum momento ela deve ter descoberto isso, e deve ter sentido seus sonhos se espatifarem, e com intensidade ainda maior suas esperanças devem ter renascido quando, em 2015, mulheres passaram a ser aceitas para essa função.
Ela chegou até lá. Ela fez tudo o que ela precisava fazer, tudo o que ela podia fazer. Se esforçou mais do que qualquer homem para poder ter algum destaque e alguma chance em um ambiente dominado por homens. Ela não apenas iria pilotar um caça: ela seria a primeira mulher a fazer isso no Japão. Seu F2-A estava a sua frente. Era o seu momento de consagração. Mas eis que ele abriu a boca e a engoliu. Era um dragão. Por mais que ela tenha gostado do dragão e de voar com o dragão, chegou até mesmo a dar-lhe um nome (Norma), isso ainda significava o fim do seu sonho. Isso foi muito difícil para ela aceitar.
A coisa se desenvolveu de forma bastante previsível nesse episódio: Hoshino continuou teimosa seu projeto de balsa sozinha e acabou em risco de morte, e seu dragão a salvou. Foi de fato algo tão previsível que a equipe criativa de Hisone to Masotan provavelmente sabia que era previsível, e em sendo assim, simplesmente não animou essa cena. Cortou direto para a seguinte. Com o tempo extra que ganharam não animando essa cena de ação puderam dedicar alguns instantes a mais para o desenvolvimento da relação das demais personagens e para o flashback da Hoshino. Só para não dizer que não animaram nada, teve flashbacks de alguns quadros rápidos do salvamento da pilota, e só. A redenção da Hoshino veio em seguida, quando foi a vez dela salvar Norma.
Por salvá-la, Norma estava superaquecido, mas mesmo assim se recusava a sair da forma de avião. As demais pilotas ficaram terrivelmente preocupadas mas o dragão não as ouvia. Apelaram para Hoshino, que finalmente aceitou seu chamado: ela tem sim que ser “tratadora” de um dragão. Porque na verdade é muito mais do que isso, porque ela gosta dele, porque ela não quer que nada de mal aconteça com ele. Porque apesar de tudo o que ela vem fazendo e dizendo, ela gosta dele como a um amigo. Norma é um dragão, não um avião de caça. E ela agora finalmente está ok com isso.
Do outro lado, o relacionamento entre as demais pilotas deu enormes saltos, e agora elas se tratam pelo primeiro nome – isso é grande coisa entre os japoneses, e quem já está acostumado com mangás e animes sabe disso. Mas mesmo para quem não sabe ou não entende isso muito bem, Hisone to Masotan passou a mensagem de outro jeito: Liliko diz querer ser tratada pelo primeiro nome, e não pelo apelido militar, porque ela não gosta de misturar vida pessoal e vida profissional. O apelido obviamente é o profissional, não é? Todas elas são militares, pilotas de dragão, e só por isso se conheceram, mas para Liliko é pessoal o que há entre ela, Hisone e Mayumi (que até o artigo passado eu chamava de Hitomi, mas agora vou passar a chamá-la pelo primeiro nome também).
Agora elas estão de volta à base de Gifu, reencontraram a Nao, que correu feliz ao encontro delas (pena que a cabeça de sua boneca tenha se perdido). Ainda resta o mistério de o que é que aquele ministro está planejando, e parece que a velha vendedora de Yakult foi pilota de dragão durante a Segunda Guerra.