Steins;Gate 0 – ep 12 – Mãe
Como eu já imaginava, a Kagari roubou os holofotes nesse episódio. Só que a sua mãe, a Mayuri, roubou também, tornando esse um momento de mãe e filha, propício para a recuperação das memórias da viajante no tempo. Em um episódio mais sentimental, como muitos dos anteriores, o anime acerta ao deixar de lado qualquer paralelo com o doze original. Que se abra o Steins Gate!
Desde o trecho introdutório à cena pós-créditos, esse episódio foi primariamente focado na Kagari e na Mayuri, mãe e filha separadas por um salto temporal, mas reunidas no passado. Porém, antes de ir a fundo nisso, preciso comentar o ato da Kagari de apontar a arma para a Suzuha. Pensando no medo que ela tinha de “apagar” a linha temporal em que sua mãe se encontrava, a reação da Kagari, motivada pela inocência e o desespero de uma criança, não me parece mais tão incongruente assim. Se lembrarmos que ela é uma órfã de guerra que sequer conheceu os pais e que já deve ter visto muita desgraça na vida, apegar-se de modo tão intenso à pessoa que a tratou com tanto amor e carinho faz bastante sentido e é melhor do que uma explicação “lógica” para isso – que poderia acabar em um “belo“ furo de roteiro.
Furo que poderia ter ocorrido no que se refere à canção que norteou esse episódio, entretanto se pensarmos bem no que ocorreu, encontrar uma resposta que evite um paradoxo temporal é possível, mas primeiro creio que seja preciso organizar todo o “caminho” que fez essa música.
- A Kagari aprendeu a canção com a sua mãe, viajou para o passado e, ao se encontrar com o Okabe mais novo, ensinou essa canção a ele antes de ser capturada.
- O Okabe cantava a canção no chuveiro e sua mãe a aprendeu.
- A mãe dele cantava a canção na aula de culinária que a Yuki frequentava e lá ela a aprendeu.
- No futuro, a Yuki cantava a mesma canção para a Suzuha.
- A Suzuha cantou a canção no laboratório e lá a Mayuri a aprendeu.
Isso configuraria um paradoxo temporal se não fosse por uma coisa: as divergências nas linhas do tempo. Na linha do tempo atual em que a história se encontra, a Mayuri aprendeu a canção pela Suzuha, mas isso não implica que necessariamente o mesmo tenha ocorrido na linha do tempo α da qual a Suzuha e a Kagari vieram. Sendo assim, tudo o que aconteceu foi possível e, apesar da Mayuri dizer que conheceu a Kagari por causa da canção, não significa que seja igual na linha do tempo β.
Ao menos é no que quero acreditar, pois se o mesmo processo ocorreu na linha do tempo α, isso se configuraria como um paradoxo temporal. Agora, voltando ao episódio em si, a Kagari desmaiar ao ouvir a canção foi o mesmo que ocorreu quando ela viu o upa da Mayuri no episódio 6. A partir daí o que vemos é o Okabe, a Mayuri e a Kagari tentando descobrir a fonte da música, o que deu uma boa pincelada em como a família Hashida tem se virado em 2011. A Suzuha do futuro deve faturar uma graninha extra ganhando concursos de comida, e a Yuki e o Daru estão aos poucos avançando para o que vai se tornar um relacionamento sério. Esses momentos trouxeram agradáveis cenas de comédia ao episódio, mas não deixaram de levar os personagens até onde deveriam ir se quisessem recuperar as memórias da Kagari. O cemitério onde a vó da Mayuri está – um lugar bastante simbólico na obra.
Através de uma experiência sensorial, e já tendo sido estimulada pela canção, a Kagari relembra do passado e finalmente encontra a resposta a qual seu coração já sentia que era a certa: a Mayuri é a mãe que ela tanto ama. Um momento que aparentemente não contribui tanto para a história como ela vinha se desenvolvendo, mas que, com a cena pós-créditos, nos lembra que existe uma lacuna a ser preenchida com informações sobre o tempo que ela passou sozinha desde que se separou da Suzuha. Isso deve ser explorado a partir de agora, porém, por ora, o importante foi ela ter recuperado suas preciosas memórias em um belíssimo e marcante momento, que foi brilhantemente “adornado” por ela cantando a linda canção que duvido muito não ter emocionado um pouco cada um de vocês.
Um episódio de personagens, marcado por um reencontro e a reafirmação de laços; que não deixou de lado a trama séria e misteriosa que está em progressão, mas passou a certeza de que momentos emocionantes assim são essenciais e gratificantes para o público. Agora, o que esperar da outra parte do anime? Creio que a trama voltará a um ritmo mais rápido e que as viagens no tempo não devem demorar muito a acontecer – e que o Amadeus deve voltar logo. Contudo, fiquem com esse momento de mãe e filha até semana que vem – tenho certeza de que ele irá “acalentar” os corações de todos nós.
Richard Frederick
Primeiramente… sim, eu sei. Fazem 3 anos desde que o artigo foi criado, junto com o lançamento do episódio maaaas, fazer o quê?! Tem mesmo gente que está descobrindo esse anime incrível só agora! 😅
Assim sendo, quis compartilhar uma opinião em relação a essa bendita musiquinha: é um “furo paradoxal”
Vejamos, vamo seguir a explicação que foi dada nesse episódio:
Mãe do Rintaro aprendeu ouvindo ele cantar > Yuki aprendeu ouvindo a mãe do Rintaro cantar na aula dela, em 2010 > Suzuha aprendeu da sua própria mãe, Yuki, já no futuro, lá para 2030 > Mayuri aprendeu ouvindo Suzuha cantar, quando a mesma voltou de 2036 para 2010 > Kagari aprendeu, quando era criança, ouvindo a Mayuri cantar, já no futuro, lá para 2030 > Kagari volta para o passado e ensina a música para o Rintaro
Pronto, está feito o loop de paradoxo temporal, porém ainda contém um erro já que se observa que não foi explicado como surgiu essa bendita música.
Nos fóruns do Reddit, informaram que tudo começou, realmente, com a Mayuri. Segundo eles, no jogo é mostrado que a caixa de músicas que a Mayuri dá para Maho, no episódio 4, toca aquela musiquinha, então a Mayuri já sabia!
“Problema resolvido???”
Até seria se não fosse por um detalhe: no futuro, lá pelos anos 2030, e também no início do episódio 12, a Mayuri explica para a Kagari criança que a musiquinha é importante porque foi graças a ela que a Mayuri comheceu a Kagari, embolando toda a lógica de novo, não respondendo o porquê disso.
Enfim, é um furo de roteiro mesmo.
Kakeru17
Excelente comentário esse seu, confesso que á época não fui a fundo na questão por falta de tempo (sempre escrevi bastante aqui para o blog), como para evitar pegar spoilers de detalhes que possivelmente tenham explicação na visual novel (ainda não comprei a de 0, apenas a primeira). Esse caso tem toda a cara de furo de roteiro e, convenhamos, histórias de viagem no tempo têm dessas coisas mesmo, então nem encuco por ser um detalhe menor, não crucial para a trama. De toda forma, fica a curiosidade e agradeço demais por um comentário tão bacana depois de tanto tempo.