Bom dia!

Bem-vindo ao Café com Anime, um bate-papo que eu e Gato de Ulthar (Dissidência Pop), Diego (É Só Um Desenho) e Vinicius (Finisgeekis) temos todas as semanas sobre alguns animes da temporada. Cada um publica em seu blog as transcrições das conversas sobre um anime diferente.

No Dissidência Pop vamos acompanhar Hanebado!. No É Só Um Desenho vamos acompanhar Shoujo Kageki Revue Starlight. No Finisgeekis vamos acompanhar Happy Sugar Life. E aqui no Anime21 vamos conversar sobre Banana Fish.

Nessa edição do Café com Anime, leia a nossa conversa sobre o episódio 6.

Fábio "Mexicano":
O quê? Já atravessaram os EUA e estão em Los Angeles? Eu meio que esperava que essa viagem demorasse mais, seria divertido. Mas bem, que seja, o episódio foi emocionante o bastante por si só. Depois de assisti-lo e de ler o Laticínio de Cape Cod, o que vocês acharam?
Gato de Ulthar:
A Jennifer morreu! Os bons sempre morrem primeiro. Descanse em paz Jennifer! ☹

Foi um episódio bem bacanudo. Gostei da vibe de “fuga”, e como essas fugas nunca dão 100% certo, o que até culminou na morte de uma inocente.

E aqui vai o meu desabafo, caramba, o Ash atrai estupradores como se fosse o néctar de uma flor atraindo uma abelha. Foi estuprado quando criança por um psicopata, depois pelo Papa Dino, e até na cadeia. E ainda não sei dizer se aquele capanga do Papa Dino que morreu alguns episódios lá trás já tinha conseguido estuprar ele.

Realmente, a viagem para Los Angeles foi bem rápida. O legal é que eles não ficaram numa boa lá, pois o chefão da máfia chinesa já traiu o Ash. Banana Fish está me saindo um thriller policial de primeira qualidade.

Diego:
O Ash atrai pedófilos estupradores E danos colaterais 😛 Primeiro o Skip, agora a Jennifer, tecnicamente também o Griffin… Sinceramente, espero que o anime não desembeste a dar uma de Shingeki no Kyojin, sempre matando figurantes que conhecemos há um ou dois episódios para tentar manter a ilusão de que “ninguém está seguro” (enquanto que os protagonistas saem das enrascadas com apenas alguns arranhões).

O episódio foi bem legal. O começo foi uma boa quebra na ação para deixar os personagens respirarem e interagirem, além de expandir no backstory do Ash. Já o final vem justamente para nos lembrar de que eles estão bem longe de seguros, com uma boa sequência de ação. Só achei o pai do Ash meio esquisito. Ele claramente não culpa o Ash pelas coisas pelas quais o garoto passou, então toda essa raiva dirigida ao garoto soa meio estranha. Fora que o clichê “mas no fundo ele se importa” é um que me incomoda um pouco. Mas bom, picuinhas de lado, ainda foi um bom episódio.

Só uma coisa: como exatamente o Dino sabe que eles estavam indo para Los Angeles?

Vinícius Marino:
“Os bons sempre morrem primeiro” foi de fato a resposta mais cínica possível para a morte da esposa. Jim é um daqueles caras tão “true grit” que nem a morte assusta 😝 Não é à toa que o filho dele virou o Ash.

A despeito disso, estou embasbacado com a capacidade de Banana Fish de nos entregar um drama humano de profundidade. E por “profundidade” não digo conteúdo, mas bagagem humana mesmo. É incrível como todas as personagens tem um pano de fundo interessante, problemas, segredos, esqueletos no armário, sonho. Faz muito tempo, muito tempo mesmo que não assisto um anime que entregue isso em tão poucos episódios. Na maioria das vezes, mesmo em animes de drama, temos apenas breves pinceladas para nos situarmos na história.

Fábio "Mexicano":
A Jennifer foi a primeira vítima completamente secundária. O Skipper era secundário, mas ele vinha participando ativamente e naquele momento não esperávamos por isso. O Griffin então, era um personagem tão central que eu só acreditei que ele morreu mesmo quando o médico disse – e mesmo assim me custou um pouco. Não parecia fazer sentido. O anime começou com um flashback dele. Ele era uma das razões mais fortes por trás das ações do Ash e praticamente a única razão por trás das ações do Max. Mas ele morreu mesmo assim. A morte não faz sentido. O que faz sentido é que alguém como o Ash atraia a morte e deixe uma trilha de cadáveres por onde passa.

Sobre o pai do Ash, concordo que pareceu … estranho? Não sei explicar. Enfim, não pareceu fazer muito sentido a forma como ele age. Não é como se pessoas reais fizessem sentido, mas em uma narrativa buscamos encontrar sentidos. Mesmo assim, ele é apenas humano, como o Vinicius bem colocou, e esse foi um episódio carregado de emoção, apesar de ser essencialmente informativo – serviu para conhecermos o passado do Ash.

Vinícius Marino:
Para mim o mais estranho no Jim não foi nem o “shit happens” que soltou quando a Jennifer morreu. Foi a dica que deu ao Ash quando foi estuprado: “deixe ele te curtir, mas depois o faça pagar!”. Puta que pariu, seu filho de 7 anos foi abusado e é isso que você responde?! Esse cara faz o Mr. Freeze do Batman parecer sangue quente!
Fábio "Mexicano":
Isso é absurdo não importa como se veja, mas foi uma coisa mais indireta. Pelo que entendi, houve a denúncia ou tentativa de denúncia, a cidadezinha começou a se virar contra eles porque ninguém acreditava que o veterano boa pinta fosse um criminoso, chegaram até a insinuar que o Ash é que tinha “seduzido” ele, e aí sim o pai falou isso para o filho. Para uma personalidade fria e durona do interior americano, penso que teria feito sentido ele próprio ir matar o sujeito ao invés de dizer o que disse ao Ash, mas foi uma circunstância certamente complexa.
Gato de Ulthar:
O pai o Ash poderia ter lavado a honra do filho ele mesmo, matando o estuprador, isso iria condizer mais com uma personalidade de pai turrão do interior. Mas da forma que as coisas foram resolvidas foi a melhor possível. Claro que foi algo totalmente maluco, o menino poderia não conseguir se vingar e ter morrido né? E estamos nos EUA, se não tivessem descoberto que o cara era um assassino em série, não duvido que o Ash ganharia uma prisão perpétua ou até mesmo pena de morte. Se bem que pena de morte não poderia né? Já que a cidadezinha era nas proximidades de Boston e o estado de Massachussets aboliu a pena de morte em 1984, se pelo menos fosse na versão da década de 1980 o pequeno Ash ainda poderia ser enquadrado.
Fábio "Mexicano":
Menores de idade não podem receber pena de morte também pelo que eu saiba. Mas sim, me parece que esses personagens todos só poderiam existir nos EUA.
Vinícius Marino:
Essa história toda do Ash me lembrou a O-Ren Ishii, de Kill Bill. No filme, depois de perder os pais para um chefão pedófilo da máfia, ela se prostitui de propósito para fazê-lo baixar a guarda e matá-lo.

Curiosamente, a cena foi feita com animação para driblar a classificação etária.

Fábio "Mexicano":
Está aí outra história de vingança que eu havia me esquecido 😛 E ainda preciso ver os filmes 2 e 3…
Gato de Ulthar:
Não existe o filme três ainda Fábio :grinning:
Vinícius Marino:
Não mesmo 😀 Mas se é de vingança que você sente falta, pode assistir a Django Livre, do próprio Tarantino. A cena final é uma schadenfraude para aplaudir de pé!
Fábio "Mexicano":
Animes têm boas histórias de vingança de tempos em tempos, ainda que não seja um dos temas mais populares. Falta eu com certeza não sinto, mas sempre posso procurar algo a mais para me satisfazer ☺

Enfim, agora a galera está em Los Angeles para visitar a casa do cientista responsável pelo Banana Fish. Ash continua tão determinado quanto no começo a continuar sua vingança. Ter dois moleques dando suporte para ele com certeza ajuda, e dos dois adultos do grupo um deles também está interessado pelo menos em parte do que Ash está fazendo. Mas mesmo que Max e Shunichi se opusessem, Ash iria apenas ignorá-los e continuar sua marcha de sangue. De fato, mesmo que todos se opusessem ele iria ignorar e continuar provavelmente, mas ele é particularmente rebelde com relação a adultos, o que é mais do que compreensível considerando toda a sua história desde que seu pai falhou com ele quando era criança.

Só quem pode pará-lo são seus inimigos. A Máfia Chinesa o está esperando, e talvez usem o Shorter para atraí-los para uma armadilha (eles ainda não sabem da aliança entre os chineses e Golzine). O que imaginam que irá acontecer no próximo arco?

Diego:
Eu espero eles sendo perseguidos, um confronto armado, provavelmente vão é acabar sequestrando o cientista… Algo nessa linha 😛 Banana Fish não é realmente previsível, de forma alguma, mas todas as suas decisões são, de alguma forma, dentro do seu gênero. Então não espero nada fora do que já tivemos até aqui.
Gato de Ulthar:
O líder da máfia chinesa não falou que iria mandar alguém acabar com eles? Será que é aquela mulher vestida de chinesa na opening? Talvez seja uma “femme fatale” assassina. Seria interessante eles sendo perseguidos por algo além de capangas genéricos.
Fábio "Mexicano":
Máfias sempre podem ser sutis ou não. Eles têm a vantagem da surpresa (Ash e companhia ainda não sabem que os chineses se venderam, embora de todo modo sempre seja seguro desconfiar de todo mundo e eu espere ver esse comportamento neles), então eu ficaria frustrado se simplesmente atacassem pela frente direto.
Vinícius Marino:
Eu gostaria de um certo contraste entre o crime organizado da Costa Leste e Oeste. De ver Ash e companhia não só numa enrascada, mas uma enrascada desconhecida. Estranhos numa terra estranha. Acho que a mudança de ares e o envolvimento da máfia chinesa podem oferecer isso. Brigas entre membros de máfias diferentes, com seus distintos valores e métodos, são uma das convenções mais legais do gênero crime. Seria muito interessante se Banana Fish enveredasse por esse caminho.
Fábio "Mexicano":
Pra fechar essa edição, o que estão achando do Eiji? Para mim ele continua parecendo um deslumbrado que quer seguir o Ash porque sim e … sei lá, não parece estar mudando em nada nem estar fazendo qualquer diferença na história.
Vinícius Marino:
Eu acho que eu estou gostando mais do Ibe do que do Eiji. O que é estranho, pois o Ibe é claramente um personagem secundário, que só está lá para unir o Eiji ao Ash. Justamente por isso, no entanto, ele é um personagem mais fácil de se “comprar”. Ele é o rosto conhecido do garoto antes de tudo aquilo começar. As motivações dele são mais claras, se nada mais. E eu gostei também como o anime vem usado uma linguagem visual para criar um senso de identidade. Reparem como ele está sempre tirando fotos, e há sempre objetos relacionados a fotografia ao seu redor.
Diego:
Eu diria que o Eiji ainda está deslumbrado até demais com as coisas, ao ponto de não parecer entender corretamente o tamanho do risco que estão correndo. Claro, ele entende racionalmente, mas instintivamente ele ainda parece muito relaxado com a situação.
Gato de Ulthar:
Não simpatizo muito com o Eiji também. Tirando uma ajuda ou outra que prestou ao Ash, ele se resume a um fã do Ash, nada além disso. Mas creio que o anime terá boas possibilidades de explorá-lo mais eficientemente.
Fábio "Mexicano":
A minha impressão, e o comentário do Gato é o que mais tem a ver com isso, é que por enquanto o Eiji não é um personagem de verdade. Ele é uma extensão do Ash, como se fosse um objeto ou sei lá. Quando é preciso que algo seja feito para o Ash mas ele próprio não pode, lá vai o Eiji. Quando o Ash precisa se abrir francamente, ao invés de escutarmos seus pensamentos (o que é comum noutros animes), o Eiji está lá para o Ash conversar. Enfim, vamos ver se ele melhora nos próximos episódios.

Por enquanto nos despedimos por aqui. Até a próxima edição ☺️

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