Bom dia!

Um conselho? Estude sempre! Estude tudo! Estude por qualquer motivo! Assistir Angolmois por exemplo é um excelente motivo para estudar. Escrever sobre Angolmois então é um motivo melhor ainda, e por isso tenho preenchido esse espaço com tanto ou mais resumos sobre a história japonesa da época do anime do que com análises dos episódios em si. Colocado dessa forma parece algo ruim (não estou analisando os episódios então?), mas dada a forte e óbvia ligação que as duas coisas têm é claro que não é ruim.

E assistir esse episódio me deixou ainda mais convicto de que estou adotando a abordagem correta. Suponho que para um japonês adolescente ou jovem adulto médio, o público-alvo original de Angolmois, eu não esteja escrevendo nenhuma novidade. Na verdade talvez esteja até sendo grosseiro em minhas imprecisões. Mas não é para japoneses que estou escrevendo. Brasileiros com certeza não costumam ter esse nível de conhecimento sobre a história japonesa, e suspeito que portugueses também não. Nossos irmãos africanos, talvez? A pergunta é retórica.

Angolmois é uma história alternativa. Ele se baseia em fatos históricos reais e os modifica para contar sua própria versão “e se…” da história. Desse modo, parte do entretenimento de assisti-lo é conhecer a história real e notar as mudanças que o anime está fazendo. Mas nós não conhecemos! Por isso eu estudo. Por isso, se você está assistindo Angolmois e lendo meus artigos no Anime21, você não fica na mão.

Então o Imperador Antoku está vivo. Eu já havia falado sobre ele quando expliquei a Guerra Genpei no episódio 5, e retomei o tema quando ele apareceu no anime no episódio 6. Já havia citado a Batalha de Dan no Ura, e inclusive citado a trívia de que as cores do Japão (branco e vermelho) eram as cores dos Clãs Minamoto e Taira, respectivamente, e esse episódio mostrou as bandeiras dessas cores. Outra trívia que eu ainda não citei: as pronúncias alternativas (leitura chinesa, eu acho) dos nomes dos Clãs Minamoto e Taira são Genji e Heike, respectivamente, e o nome da Guerra Genpei vem disso: “Gen” de Genji, e por alguma razão a leitura do “Hei” de “Heike” vira “pei”, então “Genpei”. Pode-se chamar a Guerra Genpei também de Guerra Minamoto-Taira, portanto, ou variações disso, mas não sei se alguém o faz de verdade, enfim. O importante dessa trívia é que os nomes Heike e Genji (principalmente esse) são encontrados em outros trechos da história japonesa, e podem estar associados a esses dois poderosos clãs.

O Castelo Kanata

Eu também já havia escrito sobre os Toibarai no episódio 4. Na história real não existiram, mas existiram os sakimori. Diferente dos Toibarai, os sakimori eram apenas vigias de fronteira, e não um exército, e essa é só uma das mudanças feitas por Angolmois. Também já havia mencionado o Castelo Kanada (ou Kaneda), em pedra, estilo coreano, o que impressionou os japoneses de Angolmois quando chegaram nele. E, claro, desde o primeiro episódio eu venho falando sobre Minamoto no Yoshitsune, que finalmente apareceu nesse episódio no flashback da Batalha de Dan no Ura. E ele ganhou uma espada do Imperador Antoku! E Jinzaburou ficou espantado quando escutou de Antoku que ele havia a dado a Minamoto no Kurou Yoshitsune. Jinzaburou já sabia que a espada havia sido de Yoshitsune desde quando a recebeu, mas foi pego de surpresa pela variação no nome. O mistério se adensa.

Jinzaburou escuta o Imperador Antoku falar sobre a espada que ele deu para Minamoto no Kurou Yoshitsune

Antoku era bastante articulado para uma criança de seis anos, mas tudo bem, ele nem parece ser humano com aquela íris negra e enorme e sua longevidade absolutamente anormal. Assim que vi achei que aquela espada fosse a Kusanagi, ou Kusanagi-no-Tsurugi, uma das três Relíquias Imperiais do Japão. Absurdo, não? Antoku estava com as relíquias durante a Guerra Genpei, incluindo a Kusanagi. Mas quando ele morreu afogado (porque seu barco afundou ou por suicídio, não parece haver registro exato) levou consigo Kusanagi. Se ela foi encontrada depois não se sabe. Oficialmente foi, é guardada por monges xintoístas em um lugar não revelado (acredita-se que seja o Santuário Atsuta, em Nagoia). Sua última aparição em público foi durante a coroação do Imperador Akihito, em 1989, mas a espada estava empacotada então não é possível dizer se ela estava lá mesmo.

De todo modo, não foi a Kusanagi que Antoku deu para Yoshitsune em Angolmois: foi a Ima-no-Tsurugi. Não encontrei informação nenhuma sobre ela (pesquise e só encontrará referências à Touken Ranbu), mas ela era de fato a espada pessoal de Minamoto no Yoshitsune. Foi presente de um imperador? Não faço ideia. Reza a lenda que enquanto ele estivesse com ela, estaria protegido (e, com efeito, ele não foi derrotado no sentido estrito, mas forçado a cometer suicídio, o que pelo menos Touken Ranbu, a franquia de games, afirma que foi feito com a própria Ima-no-Tsurugi). Foi forjada por Sanjou Munechika, um grande ferreiro do período Heian. Há uma peça de teatro noh (Kokaji) na qual ele faz uma espada para o imperador, mas seu nome é Kogitsune-maru, não Ima-no-Tsurugi.

Enfim, todas essas espadas (Kusanagi, Kogitsune e Ima) são lendárias e diz-se que protegeriam a vida de seu portador, então Jinzaburou tem isso a seu favor, não é? Pena que isso não valha para aqueles que o cercam e aqueles que ele gostaria de proteger. Nesse sentido, Jinzaburou pode é estar amaldiçoado enquanto portar a espada de Yoshitsune. A não ser que a espada tenha poderes sobrenaturais, como a Kusanagi, com a qual Yamato Takeru controlou o fogo? Duvido. O anime ainda não começou a mudar as regras da física também.

Quantos dias já se passaram? Três? Quatro? Será que a tropa prometida virá mesmo em socorro de Tsushima? E mesmo que venha, conseguirão furar o cerco dos mongóis? O Castelo Kanada deveria ser uma boa proteção para Jinzaburou, Teruhi e os japoneses resistirem, mas ele é na verdade uma fortaleza muito grande e eles estão em muito pouco número. Algo me diz que os Toibarai deveriam ter pensado nisso antes, estão lá à toa só esperando uma invasão estrangeira há séculos, afinal. E para encerrar, a Princesa Teruhi é uma princesa mesmo, bisneta do Imperador Antoku. Isso pode no futuro criar mais drama por causa da sucessão imperial e quejandos, mas acho que nem o mangá chegou nisso ainda. Enfim, fico por aqui, até semana que vem!

Antes de qualquer coisa, porém, eles precisam lidar com esse traidor de merda

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