The Enigma of Amigara Faults (mangá) – O horror psicológico em significado aberto
Por mais que psicológico seja um nome um pouco estranho para se dar a um gênero, ele faz parte do que hoje conhecemos como Junji Ito, o mestres do horror japonês. É uma expressão artística e subjetiva que admiro muito, pois mexe com diversas particularidades que andam com o ser humano: medo, aflição, terror etc.
Eu amo obras que trabalham bem com a tensão. Obras com gêneros assim merecem total atenção do autor. Essa preocupação do artista pode ser descrita por alguns elementos, como a expectativa, expressões, modelos de criaturas, cenários, entre outros. Não vou me delongar, mas creio que isso mereça um artigo – tenho pensado nisso recentemente.
Hoje, a obra de Junji Ito que trago é apenas um one-shot, mas dá para fazer uma boa análise dela. O início da obra mostra que houve um grande terremoto que devastou vários lugares. Ao norte da montanha Amigara há uma grande falha devido a esse evento. É a partir disso que começa a estranheza na história.
Após isso, fomos apresentados à Owaki e Yoshida, os personagens principais, e ambos estão interessados por esse ponto de divergência da montanha. O protagonista (Owaki) simplesmente só está interessado, não vemos nada de estranho nele, como uma mudança brusca de comportamento, e isso se decorre ao longo do capítulo.
Já Yoshida parece bem perturbada, sua afeição não demonstrava uma boa autoestima. O interesse que ela tem pela falha da montanha demonstrava algo duvidoso, isso não muito pelas falas, mas sim pelas expressões. O jeito dela era misterioso.
Falha é um nome que anda interligado com histórias desse gênero, ou essa, esse é o 1° indício de algo estranho. O 2° são os buracos encontrados nestes rochedos dessa divergência. Os buracos têm um formato humano, mas havia certas pequenas diferenças, pois cada um servia perfeitamente para cada pessoa.
É o caso do Nakagaki, o personagem entra facilmente num buraco, como se a estrutura fosse feita para ele. Mas não é só isso, ele entra pela atração que sentiu por aquela formação – que nem de longe é natural. Ele entra e nunca mais volta, mas não foi só ele, e sim várias pessoas.
O lance que eu achei mais interessante foram os sonhos do protagonista. No primeiro ele se torna o Nakagaki, já dentro do buraco, indo cada vez mais afundo, deformando todo o seu corpo. No segundo o Owaki está numa outra época, sendo condenado à sentença de morte. Ele deveria entrar num buraco igual ao que Nakagaki entrou – entrar em um buraco assim era o preço a se pagar pelas más ações.
Claramente há uma relação destes sonhos com os buracos da falha da montanha, mas isso fica em aberto, deixando a missão para nós de interpretar a história. É válido fazer uma, mas o que Junji pensou ao fazer isso? Enfim, vamos à teoria.
A inquietação que os personagens tiveram ao quererem entrar em buracos pode estar ligada ao nossos erros. Quem de nós quer errar? Você faria algo que poderia destruir sua vida? Por mais que não queremos, somos levados à isso como se isso fosse nos saciar, mesmo que tenha consequências graves.
Para onde somos levados por isso? Para o fundo do poço, mas nesse caso, para o vazio de um buraco. Foi isso o que aconteceu no 2° sonho, o erro custou a vida e o sofrimento, sofrimento esse que foi presenciado no 1° sonho.
Espero te ver nas próximas análises! Em breve eu tentarei trazer uma análise sobre Junji Ito: o mestre do horror! Mas e aí qual a sua obra de horror favorita do autor? Ou prefere obras de outros autores? Responde aí! Fui!