Contradições morais, culpa e vergonha, isso é o bastante para um homem fugir de todos e se possível fosse até de si mesmo. E justiça? Dúvida cruel, afinal, o que é a justiça? E se não há resposta, como viver sem um parâmetro para o bem e o mal?

Babylon já é polêmico desde seus primeiros episódios, mas a cada semana ele se desafia cada vez mais. Sua vilã finalmente retornou, despejando ainda mais beleza e sensualidade do que nunca.

Eu esqueci de comentar da última vez, mas toda quinta-feira sai artigo novo de Babylon. Mas vamos às explicações.

Primeiramente, devo deixar claro que esse artigo é feito para quem já viu o episódio cinco de Babylon. Tanto que, eu mal irei gastar tempo explicando sobre o que falo, já que confio na inteligência do leitor para que este seja capaz de identificar e compreender exatamente a o que estou me referindo apenas com as informações dadas.

Enfim, finalmente tivemos o retorno de Magase Ai. E vamos comentar logo o primeiro diálogo.

“Não toquei na Ai. Não fiz nada ilegal. Mas a lei não importa. Ai estava me convidando. E eu aceitei seu convite. Mesmo que não fizesse nada, o meu coração fez. Fui chamado pelo caminho do mal.”

Todo esse diálogo roda em dois pontos, o primeiro já vimos antes no anime, o segundo nem tanto. Vamos comentar sobre a diferença entre ilegalidade e imoralidade, além de falarmos um pouco sobre consciência.

Primeiramente, nem tudo que é legalmente permitido, é moralmente correto. As leis embora em nosso mundo sejam “estralas guias”, uma espécie de Deus que mantém a ordem (ou um braço de Deus, mais precisamente), elas não são absolutas nem infalíveis. Há muito mais batalhas no campo moral do que simplesmente seguir um bando de regras escritas em um papel.

Lembremos que a escravidão já foi permitida por lei…

E depois, temos que falar sobre a consciência. Me desculpe a psicologia, mas só quero ser entendido mesmo. Sem cair em termos específicos, com consciência eu me refiro a capacidade de compreensão do “Eu”. Eu sei quem eu sou, ponto, é isso. Uma coisa engraçada, é que “conhecer você mesmo” não é lá uma viagem até a Disney. Esse Eu pode ser mais assustador do que você poderia imaginar.

Todos nós temos um lado sombrio, uma “sombra” que tentamos esconder de todo mundo, talvez ainda mais de nós mesmos. Mas em alguns momentos não conseguimos ignorar ela, nós a olhamos e sentimos vergonha de nós mesmos, sentimos “culpa”, assim como o doutor. É isso que Ai fez com ele, ela trouxe para fora uma parte desprezível dele, de modo que sua consciência o fez entrar em guerra consigo mesmo. Ela quebrou ele psicologicamente.

E ele compreendeu que aquilo era errado, ele admitiu para ele mesmo. E que a verdade seja dita, não é preciso julgar alguém capaz de fazer isso sozinho.

Quem quiser culpar ele pelos seus pecados, vá em frente. Mas eu prefiro muito mais alguém mal que sabe que é mal, que se culpe e se envergonhe, que alguém que não. Uma pessoa que se ache do bem e é incapaz de ver sua própria maldade. Pois esse segundo pode mentir, roubar, queimar, matar e destruir tudo e todos e no final, ainda acreditar piamente que está fazendo o bem. Pois, como poderia uma pessoa tão boa ser capaz de fazer o mal?

E sobre a Magase ser extremamente sensual, ela beira o mitológico e religioso. Não lá muito diferente de uma sereia com seu canto sedutor. De fato, ela encarna o lado negativo do feminino de maneira assustadora.

Agora, vamos para outro diálogo espetacular. Estou falando sobre aquele da justiça. Vemos toda a mudança de Seizaki, mesmo em poucos episódios.

O que é que a justiça significa para você?

Seizaki não sabe a resposta, pois não encontrou um parâmetro para julgar aquilo que é certo e errado. Ainda assim, ele acredita que deve continuar a procurar pelo certo, mesmo que seja uma busca interminável.

Aqui percebemos que Seizaki já se desligou de sua adoração a lei, mas ainda não desistiu da justiça. No artigo anterior eu fiz a pergunta “o que um homem que busca a justiça deve fazer quando as leis são injustas?”, a resposta é óbvia, negar a justiça (no sentido legal) como parâmetro do bem e do mal. E é isso que Seizaki fez.

Aliás… não preciso dizer que isso não é uma resposta verdadeira, mas meramente uma afirmação da própria ignorância.  Pensamentos do tipo “agora vale tudo” são possíveis. Mas não irei me aprofundar pois o anime não nos deu material sobre isso.

Agora vamos para o último grande diálogo. Sim, ela finalmente voltou. MAGASE AI. Ela voltou, meus amigos. Se você viu o episódio, sabe a que me refiro.

Eu achava que Ai seria uma espécie de Coringa, que com toda sua variedade de adaptações, no geral é um agente do caos. Ele busca a anarquia. Por isso que seus embates representam o caos x ordem. Mas Ai não, ela parece querer trazer a ordem. Por isso, combater o demônio.

E ela também parece agir em nome da justiça. Nesse ponto, tanto ela quanto Seizaki estão libertos dos parâmetros de justiça impostos pela sociedade/Estado. Mas, ao menos por ora, eles buscam objetivos diferentes. Ela quer trazer felicidade às pessoas, e ele quer evitar o sofrimento desnecessário destas.

Agora eu lhes faço a pergunta, se ela é o herói, quem é o demônio? Perceba que ela foi tão vaga, que nos permite fazer qualquer tipo de abstração imaginável. Podem ser diversas coisas, até crenças coletivas. Mas como ela disse esse “demônio” governa as pessoas. Dificilmente seria um parâmetro individual, mas algo a mais. Algo mais acima.

Mas então, o que EXATAMENTE é esse demônio?

Agora uma breve análise geral do episódio nos mostra sua superioridade ao anterior. A investigação foi presente o episódio inteiro, contendo vários diálogos incrivelmente bem apresentados. Ainda que, infelizmente eu não tenha tempo nem dedicação mental para explorá-los aqui. E acima de tudo, tivemos a volta de Magase Ai, e ela voltou com tudo. Não é querer exagerar, mas ela é uma vilã que me interessa tanto quanto Johan Liebert de Monster, ou Griffith de Berserk.

Seizaki está cada vez um personagem mais interessante, se mostrando completamente dedicado a fazer o seu trabalho e buscar a justiça ao mesmo tempo que não se prende a crenças infantis ou romantizadas.

Mas agora o bicho vai pegar, Seizaki vai ficar ainda mais irritado, com ainda mais sangue nos olhos. Vai acontecer alguma coisa nesse debate público, anotem. E os ponteiros do relógio se encaminham cada vez mais para a tão aguardada votação.

(TIC-TAC, TIC-TAC.)

  1. Boa tarde K17 e a todos!!! James na área!!!
    Deixando o passado para trás, e deixando de ser chatinho com procedimentos jurídicos, é isso que Babylon tem a ser um (ainda e que não me decepcione) grande anime policial thriller…E agora a femme fatale (em gênero, número e grau e não adianta essa dá check em todos os check box do arquétipo) “of the world” Magase Ai…Thriller bom tem de ter uma femme fatale e essa é má.

    Gente que poder é esse que essa mulher tem? Keyser Söze de saias!!! Catherine Tramell!!! Juntos e misturados?? O que essa mulher fez para adiantar uma iniciativa de um enclave extra-constitucional em 10 anos? Ela é uma arma de destruição em massa a serviço de quem? E quem garante que esta arma não se virará contra seus patrões? SE não é ela a patroa…

    E sinceramente, acho que o Seizaki está sendo bem ingênuo, um peixinho dourado nadando num aquário de tubarões. Porque para mim o primeiro a ser imprensado num interrogatório deveria ser o seu chefe o Morinaga que foi o primeiro a informar o nome da misteriosa vilã.

    E a justiça é cega, mas sabe se direcionar na escuridão…

    • Nada disso, as questões jurídicas são e serão nos próximos episódios um ponto muito importante. Tipo, o Itsuki organizou um debate e convidou todos os convidados para participarem. Tá, beleza, mas pelas regras praticamente qualquer um pode ser candidato, ou seja, é algo simplista ao extremo. As regras e leis de Babylon estão bizarras até mesmo para uma Shiniki da vida.

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