Mushikago no Cagaster ou Cagaster of an Insect Cage é o mais novo original Netflix. O anime é uma adaptação do mangá de mesmo nome que foi publicado entre 2005-2014 e começou como um web mangá. Já sobre a versão animada, lançada no dia 6 desse mês (fevereiro de 2020), a obra é mais uma animação completamente feita em computação gráfica (apesar de algumas cenas em 2D), assim como Ajin, Gantz: O e Hi Score Girl. Para muitos isso é um impeditivo (bem tosco por sinal) e torna a obra desinteressante, mas sendo franco cada vez mais eu gosto desse tipo de animação (ainda que o bom e velho 2D me agrade mais).

Enfim, o ponto é que Cagaster não traz nada muito inovador, afinal, eu poderia resumir a história em: a humanidade foi acuada por algum tipo de predador e seguimos a história dos sobreviventes. Isso de forma alguma é um problema desde que seja bem aproveitado e desenvolvido algo que, nesse caso aqui acredito que a resposta é positiva. Outro detalhe interessante é que apesar da história fechada, há espaço para uma sequência.

Confesso que dizer o que eu não gostei na obra é um pouco difícil pois de cabeça eu não me recordo de algo específico, mas devo lembrar conforme desenvolvo o artigo. Talvez gostaria de reclamar que o desenvolvimento de tudo é bem rápido, mas não é que seja rápido de fato, mas sim que a resolução final da obra poderia ser numa sequência. Claro que para isso teria que enfiar um monte de coisa no meio e talvez isso fosse atrapalhar. Por isso, vamos agradecer que dessa forma deu certo.

Aliás, um aspecto que eu quero destacar é a dublagem brasileira. Eu confesso que vi o anime inteiro no idioma original, mas isso foi porque assistia no ônibus e na opção dublado tinha que deixar o volume bem mais alto para conseguir ouvir devidamente. Mas peguei algumas cenas aqui e ali para ver como estava e confesso que me agradou bastante. A linguagem usada e as adaptações que foram feitas nas falas conseguem ser facilmente melhores que o original. E se tiver algo para reclamar seria que a voz de um personagem não ficou tão legal, mas o resto é bom o suficiente para optar pela versão dublada sem dúvida alguma.

Enfim, vamos “falar” da história de fato. Na obra houve um grande surto (que em momento algum explicam o motivo de ter acontecido, o que, olha só, é um defeito) onde algumas pessoas se tornam em insetos gigantes. Com isso, a humanidade ruiu e os poucos que sobraram se reuniram em cidades que possuem uma aparência similar à um feudo ou para ficar mais fácil de entender, parece com a cidade de Shingeki no Kyojin.

Claro que cada cidade tem uma configuração diferente em todos os aspectos, mas isso não é explorado e no fim, temos um foco maior na “cidade base” da história (E-5) e em outras duas que aparecem em momentos específicos. Aliás, a ambientação é bem interessante e marcante ao trazer um cenário desértico que exemplifica bem a região onde a história se passa, além das roupas que os habitantes usam. Esses detalhes são bem marcantes e fixam a informação de que a história se passa na região do oriente médio.

Algo que deve ser explicado brevemente é como funciona a sociedade nesta era. Você tem cidades independentes que contam com duas forças principais: os exterminadores e as forças aliadas. O primeiro grupo são basicamente mercenários que recebem por eliminar os insetos que surgem por aí, seja em sua forma completa ou quando uma pessoa está em processo de transformação (sim, começa do nada e leva uns bons minutos). Já o segundo grupo é uma espécie de exército que aparentemente está presente em todas as cidades, mas nada além disso é explicado. 

Já sobre os personagens, temos um elenco bem carismático que funciona bem em vários aspectos. O protagonista, Kidow, é um cara solitário que passou por poucas e boas antes de chegar onde está. Apesar da idade, ele é simplesmente o melhor exterminador (de insetos, obviamente) que existe na cidade. Inicialmente ele se apresenta como alguém frio e solitário, alguém que faz o seu trabalho com eficiência e frieza, detalhes que de certa forma são necessários considerando a sua profissão.

Do outro lado temos Ilie, uma garota de 14 anos que perdeu seu pai e acaba ficando sob a tutela do Kidow. Ela não sabe como as coisas funcionam pois morava numa região rural e agora, deverá se adaptar nessa nova vida. Além desses dois, temos uma gama diversificada de personagens mas eu gostaria de destacar um: senhorita Mario. Sim, um cara grandão que bom, não é um cara e sim, uma dama que está sempre vestida de empregada e que possui um restaurante.

É uma personagem muito importante para o par de protagonistas e que acaba sendo uma espécie de porto seguro para os dois, agindo como uma figura sábia e “tutora da vida”. Ou seja, não é simplesmente um personagem que só está ali para te fazer rir por ser engraçado e ser motivo de piada toda hora, mas sim, ter um impacto nos momentos mais importantes. Isso é algo relativamente inesperado e se torna uma ótima surpresa.

Enfim, Mushikago no Cagaster é uma obra bem interessante que traz uma história completa, com personagens bem legais e um bom desenvolvimento com uma boa parte deles. Se você não tiver problemas com o cg, vai fundo que a “diversão” é garantida. Aliás, a quantidade de episódios facilita bastante também, afinal, eu consegui assistir durante a semana sem problema algum no caminho de ida/volta para o trabalho. Se tivesse uma sequência seria ainda melhor por conta da falta de resolução em alguns detalhes (que não são importantes, vale ressaltar), mas ok, assim já está de bom tamanho.

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