O que é a justiça, o bem e o mal, o certo e o errado? Essas são grandes questões, um grande desafio que nos faz esperar por uma grande resposta. É isso que Babylon tenta fazer. Mas… será que ele conseguiu?

Bem, de início vamos focar no tema que as discussões morais do anime tentam responder. É um tema bem complicado de se abordar, estou me referindo ao suicídio. A lei do suicídio.

Uma coisa que torna a lei do suicídio tão absurda é o fato de toda a liberdade para o suicídio ser completamente falsa, já que a Magase influencia as pessoas a se suicidarem. Isso por si só acaba com a discussão antes mesmo dela começar. Ou ao menos, assim pode ser entendida.

Além disso, eu me arrependo de ser tentado a responder as questões levantadas pela Ai e pelo Itsuki. Eu percebi tarde demais, pois eu via eles como “loucos que tinham ideias erradas”, e então eu tentava analisar suas ideias erradas. Pois, o fato deles serem loucos já não é por si só um descrédito total de suas ideias? Acho que isso já é um segundo motivo para a lei do suicídio ser desconsiderada antes mesmo de uma reflexão ou debate.

Um grande vilão, ainda que sem aprofundamento

Mas não só de discussões vive Babylon, nós também temos que parabenizar o suspense do anime e o impacto de algumas cenas. Além claro da evidente competência da direção.

Ao episódio 7 é necessário fazer uma menção. Aquele foi o grande episódio do anime inteiro. E aquilo que ele mostrou não pode ser questionado levando os defeitos da obra em consideração. Foi a cena, foi o impacto, e isso supera em muito as discussões da obra que são sim fantásticas.

E que episódio!

Mas vamos retornar à questão moral. Ainda que a lei do suicídio seja errada, o anime busca uma compreensão da moral que confirme tal suposição. E ao meu ver, sua resposta não foi nada satisfatória.

Porém, eu tenho uma interpretação desse problema. Babylon dá uma resposta para o problema moral, porém essa resposta não é o suficiente para resolver a questão levantada. Isso pode ser interpretado como uma falha da resposta ou do próprio questionamento moral. Isso é, que não há resposta para esse problema.

Contudo, no final das contas Babylon poderia se tratar na verdade não da resposta para a questão moral, mas sim de seus limites. Os limites do bem e do mal. Já que essas questões estão abaixo da liberdade do homem, pois o homem é livre para escolher o mal se quiser. E pior, a liberdade do homem está subordinada a seus impulsos e instintos como o anime nos mostra com a influência da Magase sobre as pessoas.

Pelo menos, essa é uma interpretação válida.

O problemático dilema do “acabar”

Contudo, não vamos esquecer do principal defeito de Babylon. O que irei ressaltar são os exageros e as cenas forçadas. Isso pode ser observado com as leis, elas são quebradas e ignoradas diversas vezes. E a parte política não é lá muito realista, na verdade ela não passa de uma ferramenta para um objetivo narrativo. E por fim, curiosamente temos como defeito uma característica de seu principal acerto: Magase Ai.

Ela demonstra muito bem os defeitos relacionados aos exageros do anime. Primeiro, ela tem uma capacidade exagerada de se disfarçar. Segundo, ela tem “poderes” tão exagerados que me fazem querer tirar essas aspas dali. E nem os disfarces (que ainda são plausíveis) nem os poderes (já nem tanto) são explicados.

Claro que a explicação do problema Magase tem uma ótima resposta: ela é um símbolo. Ela é o mal, é a tentação. Porém, ela é uma personagem de um mundo “normal”, e que sua própria existência contraria o mundo ao qual está inserida. Sim, isso ainda é um problema.

E uma cena que beira o absurdo é a reunião do G7. Já é um absurdo aquela reunião acontecer, mas claro, eles vão sentar e juntos tentar achar uma resposta para o que é o bem e o mal. Sim, isso faz todo sentido. Sem dúvidas, não é nem um pouco forçado.

Ah, mas a política, as leis, a Ai e muitas cenas como a do G7 trazem diversos questionamentos interessantíssimos! E daí? Isso muda o fato de tudo isso ser um grande exagero? Não, isso não altera a crítica. Na verdade, é por isso que é muito fácil criticar Babylon. É só você criticar o quão absurdo certas cenas são que você imediatamente aniquila a interessante discussão que acontece em decorrência desses fatos.

Por isso, eu prefiro separar essas duas coisas para poder absorver o que há de melhor em Babylon, ao mesmo tempo que possa ter consciência do que há de pior. E olha só, tem mais um grande ponto negativo: a simplificação de ideias e personalidades.

Esse é o principal motivo que faz Babylon parecer mais inteligente do que realmente é. Isso também tira um pouco da glória do anime, já que torna mais interessante as discussões acerca dos pontos levantados pelo anime do que os pontos em si.

Tudo que o anime foca, ele falha em apresentar uma conclusão bem elaborada. Ou se apresenta não a explora de forma clara até seus grandes problemas, pois de fato tem muitos.  Ou seja, Babylon fala muito, mas conta pouco.

É um anime para se impressionar, para se surpreender, para discutir com amigos, para se questionar sobre muitos temas, mas é melhor os elogios pararem por aí. Babylon é um anime muito confuso de se criticar, pois você pode virar pontos positivos ao avesso e os transformar em defeitos. Um exemplo claro é a Magase, o maior acerto mas que demonstra um dos maiores defeitos.

Aquele personagem que se ama odiar

O interessante é que os defeitos de Babylon são mais gerais, enquanto seus pontos positivos são mais específicos. Então ainda que pareça contraditório com o quanto eu foquei nos defeitos, Babylon ainda é um anime bom na minha opinião.

Seu tema e ideias levantadas unidas a uma excepcional direção fazem de Babylon um anime único. Mesmo em suas falhas ele ainda consegue sair glorioso no final. Mas sim, ele pode parecer decepcionante para alguns, e em certo sentido realmente é, por isso ele acaba não sendo o que poderia ser enquanto na verdade nunca pode ser aquilo que parecia poder ser. Soou confuso? Pois isso é Babylon.

Enfim, ainda tem muitos pontos desse anime a ser discutido, mas esse artigo fica por aqui.

  1. Faaaallllaaa Peoooopppleesss!!! Higiene mental total no nosso Carnaval!!!!
    E lá vamos nós de novo falar de Babylon….(Não peoples desta vez não vou dar minhas bordoadas…).
    Bem primeiramente concordo com o VK17, a obra merece criticas (e merecidas) mas a coragem de colocar pontos sensiveis para debate franco e aberto em um produto de entretenimento de massa, merece sim um lugar especial (apesar das minhas bordoadas) pq quase não vemos obras polêmicas neste formato. Se alguém pedir a minha opinião se ela deveria entrar em algum panteão das “obras polêmicas ou que causaram polêmicas” eu diria que…Não…Existem obras muito melhores (em outros formatos e a maioria em HQ)…Como disse faltou um espirito de Alan Moore no cara de Babylon, Moore adora colocar referências que nem oregano na pizza em suas obras, mas amarra de forma magistral nas histórias paralelas e nos pós epílogos (“From the Hell” é um clássico) e acho que é isso que faltou em Babylon, faltou um “hey throw us a bone, man…”. Em resumo: pelo seu ineditismo Babylon fica com os méritos, pela condução da obra fica as chanfradas (daqui e uma legião no MAL que tá dando croque na cabeça do autor com nó de dedo e onde bate não cresce mais cabelo).

    Mas fica o apelo (apesar das bordoadas dadas e dos croques…) que tenhamos mais obras como Babylon!

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