Como era esperado, esse e os próximos episódios devem focar em apresentar os três criados da Myne, já que eles deverão ter um maior aprofundamento a partir de agora. Esse foi o episódio de um deles. Mais que isso, de início esse foi um episódio de desconfiança, e ao fim um episódio sobre confiança.

Myne não foi com a cara de seus criados, nem perto disso, ela fez é questão de os ignorar. Na verdade tudo que importa para ela na Igreja (além de ter sua vida segura) são os livros e nada além disso. Desde que ela possa ler os livros que tanto ama ela se sentira feliz.

Mas duas coisas conseguem faze-la repensar suas atitudes. A primeira é que como Benno muito bem coloca, será impossível para ela ler seus tão queridos livros a menos que saiba lidar com seus criados. E além disso, que esse é o caminho que ela tomou, e que não há mais como voltar atrás em sua decisão.

É essa tomada de iniciativa por parte da garota que entra de encontro com o autoconhecimento de um de seus criados, Fran. É interessante ver como ele não entendia as intenções de seu mestre, não entendia qual era seu papel como criado da Myne, além de desconhecer a própria Myne. Esse último desconhecimento demonstrou sua incompetência como criado, como visto na cena em que Benno o repreende pela velocidade de seus passos, os quais sua mestre era incapaz de acompanhar.

É nesse ponto em que ambos conseguem confiar um no outro. Ambos sabem de seus próprios erros, e ambos estão dispostos a os concertarem. É fato que a interação de Myne com Fran será muito diferente da dos outros dois criados, tanto pela idade dele quanto pela personalidade dele que é bem diferente da dupla de encrenqueiros. Então podemos dizer que ela começou bem, mas o pior ainda são os outros dois que estão por vir.

Além disso esse foi um episódio cheio de falhas da Myne. O estresse proporcionado por seus criados podem ter influenciado, além da distração provocada pelos livros. Ambas as coisas fazem sentido, porém, não há como negar que ela foi muito negligente em suas atitudes.

Para ser preciso, me refiro primeiro a sua falha como mestre, depois ao sair pela rua usando robes azuis de sacerdotisa, e por fim pela forma banal como lidou com a questão da doação. É bem raro ver a jovem cometer tantos erros em tão pouco tempo.

Mas nós tivemos um momento muito interessante com o Benno, que por sinal é meu personagem favorito de Honzuki. A cena dele com o Ferdinand é repleta de coisas interessantes, e além disso nos permite compreender melhor alguns personagens e o próprio mundo da obra.

Uma coisa que tenho que destacar como Honzuki consegue colocar de forma bastante interessante é sobre a ignorância entre as classes sociais. Pois, assim como a sociedade dos nobres é incompreendida pela plebe, a plebe também é mal compreendida pela nobreza. Além de muitos conceitos ou atitudes terem culturalmente valores diferentes para cada uma.

Ou seja, não é apenas a Myne quem desconhece a realidade deles, mas eles quem desconhecem a realidade dela. E como nós praticamente só vimos a visão da pobre garota e de pessoas de sua classe, ainda há muita informação a ser esclarecida, prova do quão rico o mundo de Honzuki é.

E isso fica claro no conceito de Deusa das Águas, sobre a Myne ser na verdade uma divindade das invenções. Aliás, não é uma forma tão exagerada de tratar a garotinha não, pois o simples fato de ser uma criança tem grande valor, já que aumenta ainda mais a impressão de genialidade sobre a garota.

Agora sobre o episódio todo, eu adorei ele, e espero que Honzuki continue tão interessante quanto está sendo nesse inicio. Na verdade espero que fique ainda mais interessante, mas enfim. É isso, até mais.

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