Achei esse episódio bem fraquinho e meio confuso, referências não o salvam, não que tenham salvado nada nesse anime. Menos mal que as boas ideias continuam mais ou menos no lugar, e que, apesar de não ter curtido, o “rompimento” entre Echo e Mu pode se mostrar uma coisa boa dependendo de como for o final do anime. Eu esperava saber mais sobre o passado da heroína, mas é, não dá para ter tudo. Agora é hora de queimar Listeners!

Essa ideia de queimar o que se ama é algo que Jimi Hendrix, o maior guitarrista de todos os tempos, disse. Eu não sabia, mas ao ver a frase no anime logo pensei que pudesse ser letra de música dele ou algo que falou, pois é assim que Listeners opera, sugando o máximo que puder daqueles que referencia. Inclusive, mesmo os diálogos que não são referências diretas (ao menos não pelo que sei) me parece ser algo que os homenageados diriam.

Como na hora em que o Jimi fala antes de “trair’ a humanidade ou na cena dos espelhos da Mu. Aliás, não sei se ela referencia algo em específico, mas se aproveitar dessa ideia de reflexão através de espelhos não é algo um tanto quanto manjado? Até faz sentido levando em conta o contesto de incerteza da garota, mas nem eu entendi bem o quanto ela está sendo controlada e o quando está dando vazão a uma parte adormecida de si mesma.

Digo, se for um ou outro, como também pode ser um pouco dos dois, nada impede. Não consegui entender bem, assim como também não saquei de onde o Echo tirou que os Earless não são os inimigos e a Nir que a Mu é um Earless. Como frisei várias vezes em meus artigos, o desenrolar do anime apontava para o que ele concluiu, o problema é que não lembro dele ter refletido tanto sobre o assunto para chegar a essa conclusão importante.

Quanto a Nir, o mesmo, e é ainda pior porque ela não viu a memória que a Mu acessou, então, apesar de ter acertado, não passa de conjectura sem provas. Igual a história da Mu ser irmã do Jimi, quando em nenhuma cena de dez anos antes ela aparece. Onde o Jimi escondia a menina? E a essa altura a gente já sabe que ela não é irmã coisa nenhuma. Enfim, também não é como se esses detalhes fizessem tanta diferença, mas fazem alguma.

Só que o pior mesmo foi o desenrolar da situação. Quando o Echo foi expulso? Sério que se passaram dias e nada dele ter tido acesso a Mu antes? Topar com a Nir na rua do nada é brincadeira, né, mas vou dar um desconto, afinal, ela tentar se vingar da Mu era uma ação esperada e que poderia fazer a história andar, mas não acho que foi bem o que aconteceu, não quando o máximo revelado foi que o Jimi abriu a “caixa de pandora”, mas ué…

Isso já não era conhecido? Tudo bem, estão guardando os detalhes da origem da Mu mais para o final, isso eu consigo entender, até desculpar, mas por que sinto que terminei de assistir esse episódio sem conhecer assim tão melhor o próprio Jimi, em tese o homenageado da vez? Porque o trabalho foi mal-feito, ao mesmo passo em que pouco foi aprofundado sobre o Jimi, pouco foi aprofundado sobre a Mu. Ela até refletiu, mas não hesitou ao atacar.

Além disso, deu para entender que o Projeto Freedom foi repaginado e é o que se desdobra nesse nono episódio, mas, então, por que o desfecho desse arco se prolonga? O Echo vai passar por uma aventura solo, então só daí ele voltará a Londonium para salvar a Mu e concluir o anime? Não que eu ache a ideia ruim, mas eles se afastarem assim, sem mínimo diálogo, me pareceu muito “vago”, como se não houvesse o que entender sobre ela.

E havia, espero que seja esclarecido a frente, mas, de toda forma, ela apenas queimou o que amava, ou o que eu acho que amava, e estou confuso sobre o quanto era ela ali, ou quanto restava do que conhecemos dela até então. Enfim, a fim de mostrar que o mundo está se agitando diante da possibilidade de um novo evento marcante a trama explorou bem os pontos que deveria explorar (reunião de Players, a colaboração da Mu, etc).

Contudo, não bastava só isso, era preciso esse desenvolvimento de personagens que não vi acontecendo. Se o Echo tivesse se afastado sem ter vivido os acontecimentos desse episódio haveria assim tanta diferença? Eu no máximo consigo pensar que a intenção era ele ser desprezado e perder bastante as esperanças para daí se “reabastecer” em uma nova aventura, mas não faria mais sentido se soubesse melhor qual é o estado da Mu?

Eu não sei, não entendi mesmo exatamente como ou porque ela segue nesse papel de “salvadora” da humanidade. Sei que é por influência da Purple Haze, mas é só por causa do gás mesmo? Não é sua personalidade original a “engolindo”? Ou melhor, não é a Mu que nós conhecemos cedendo ao medo, se resignando a reparar as coisas pelo suposto irmão? Ela vai cair fora, ela não é vilã, né. O problema é o que restará, uma repetição?

Digo, mais ou menos o mesmo do que ocorreu com o Jimi? Espero que não, mas temo que seja por aí. Enfim, o episódio foi uma droga e estou achando esse meu artigo uma droga também, menos mal que as referências foram muitas e boas e acredito que se você esta aqui lendo este artigo é porque se interessa por elas, então, vamos parar de perder tempo e falar daquilo em que Listeners nunca erra, só peca pelo excesso sem pudor…

Jimi Hendrix queimava guitarras no palco, ele amava guitarras, logo queimava aquilo que ama. O que ele quis dizer acho que diz respeito a machucar alguém ou algo que se ama, fazer mal, decepcionar, agravar de alguma maneira, quase como se fosse um teste. Pelo menos é o que me parece fazer mais sentido dentro do contesto do anime, pois imagino que a Mu não queria ter “sacrificado” o Echo por amá-lo, apesar da Nir ter salvado ele.

Enfim, Freedom (do Projeto), Purple Haze (do gás biruta) e Hey Joe (Joe é o artifício de roteiro, digo, amigo dos punks) são todas canções que Jimi Hendrix tocava, sendo a última uma canção popular sem um compositor conhecido. I Am The Sea é uma música do álbum Quadrophenia do Who. Assisto o anime em inglês, então de acordo com a legenda capto referências ou possíveis referências mais fácil. Nem todas são ditas em inglês, né.

A invasão de Londonium me pareceu mais uma ideia pega emprestada, não uma referência direta, baseada na invasão britânica na cultura pop mundial capitaneado pelas bandas de rock a partir dos anos 60. É sério, se há um país importantíssimo para a música mundial, o rock em particular, este é a Inglaterra, ainda que o rock só exista como o conhecemos devido a influência do blues estadunidense, o qual terá voz e vez próximo episodio.

Outras referências a ideias, essas já mais diretas, são a “década perdida”, período de estagnação econômica no Japão que durou entre o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2000, e o “não confiar em quem tem mais de 30”, celebre frase de Jack Weinberg, ativista do Movimento de Liberdade de Expressão na Universidade da Califórnia em 1964. Inclusive, especula-se que My Generation, clássico do Who, seja influenciado por essas ideias.

É como se o Who, representado na figura do Tommy Walker, tivesse envelhecido o suficiente e praticasse aquilo que um dia abominou. Virar adulto significa virar c*zão? Acho que essa é a ideia que Listeners quer passar e para a qual valia o alerta do velho. Ademais, psychobilly é a mistura entre o rockabilly cinquentista e o punk rock setentista, como se para simbolizar o encontro de diferentes estilos no templo da música que é Londres, a Londonium nesse mundo.

A Brighton Beach citada é um bairro do Brooklyn, Nova York (isso daqui não saquei), e a última referência (e que nem sei se está certa, mas foi a única coisa a que consegui associar) é a Second Coming, segundo álbum da banda britânica The Stone Roses. Juro que esse álbum é um dos meus favoritos, gosto muito mais dele que do primeiro álbum auto-intitulado (o maior sucesso deles), então curti demais ao ouvir o vilão falando “Second Coming” em inglês. É sério, o som é foda, ouça!

Posso ter deixado passar alguma coisa (confesso não ser grande conhecedor de Who ou Hendrix), mas acredito que o principal está acima. Próximo episódio teremos um encontro dos infernos com o Robert Johnson, que, se você não sabe, foi um guitarrista e vocalista de blues imprescindível para o rock como ele é. Inclusive, a maldição dos 27 anos meio que inicia com ele quando se fala de rock. Será que Jimi Stonefree tinha 27 também?

Até a próxima!

  1. Acho q poderia ser mais interessante, um anime shounen com não apenas referencias mas com realmente musica
    e eu acho q o Jimi daria um bom protagonista também.

  2. O anime tem uma ótima trilha sonora e os encerramentos até que são legais, mas me soam genéricos, ainda mais em comparação as bandas homenageadas (aliás, comparar chega a ser covardia), mas sim, é verdade que se fosse focado em música e não em referenciar música poderia sair algo bem mais interessante. Talvez uma história alternativa da história do rock? Espero que um dia tenham essa ideia. O Jimi é um cara boa pinta e que parece ter uma personalidade legal, então acho que poderia ser um bom protagonista mesmo. Agradeço o comentário e espero que continue acompanhando o anime e meus artigos.

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