Em um episódio repleto de diversão e situações inusitadas com senhoras cheias de garra e determinação, o anime explora mais das personalidades de Kambe e Kato, encaminhando um entendimento entre os parceiros de equipe, que aos poucos começam a mostrar algumas mudanças internas no meio dessa zona.

Curiosamente eu esperava algo mais movimentado, no sentido de que talvez a missão deles na outra cidade oferecesse um risco maior. Não que aqui o perigo tenha sido inexistente, mas as circunstâncias foram bem diferentes e porque não bizarras também.

Eu tinha citado no artigo anterior, que a Suzue devia funcionar como a pessoa que mantinha o Kambe na linha, mas aqui fomos apresentados a simpática avó do moço. A senhora é gentil e educada, porém tem uma presença forte, sendo sutil como o pisar de um elefante – uma figura materna maravilhosa.

Para além dos rápidos momentos de comédia que ela proporcionou – e o Kato aproveitou – com o seu método educativo de netos, a aparição da mulher reforça que ele ainda tem um laço familiar vivo, muito embora sua família tenha passado pelos infortúnios que passou e ele tenha ficado com suas sequelas.

Assim como a história focou em trabalhar no lado humano do milionário, o elemento chave da vez é o psicológico do policial. Ouso dizer que ele traz questionamentos interessantes, inclusive sobre o trabalho de quem lida com a lei e as circunstâncias de cada caso, sendo esse em específico um divisor de águas para todos.

Kato tem um coração genuinamente bom, que se preocupa com o próximo e isso sempre foi um grande problema na execução do seu dever. O contato que ele tem com o garoto que encontra no vagão apenas ressaltou essa questão, vide o dilema que ele criou e o trauma do passado que reviveu.

Quando se trata dessas questões de abordagem em assaltos, sequestros e afins, antes de pensar no lado do criminoso, sempre se tem uma preocupação primária no que tange a manter a segurança de absolutamente todas as pessoas, em especial as inocentes que estão no local. Para alguém como o protagonista é difícil manter o equilíbrio dessas forças e creio que por essa razão ele tenha fracassado antes – o que felizmente não aconteceu dessa vez.

Observando com atenção toda a situação envolvendo o assalto transmitido, dá para perceber a recorrência desse defeito nele. Embora acreditasse na bondade do menino – levando em conta as suas motivações -, ele simplesmente apaga da sua mente que haviam idosas ali e as mesmas poderiam ter qualquer complicação, fosse por um ato violento ou pelo impacto causado com a tensão.

O garoto era inocente e ele percebeu graças a sua intuição e a informação cedida aleatoriamente, mas quem garante que com uma arma de verdade e sob pressão o jovem não pudesse fazer uma besteira involuntária? Bom, ele tem a sua cota de falha, mas agora eu volto meu foco para quem mais se queimou na missão, os policiais do alto escalão.

Eu tinha curiosidade para entender o ocorrido que tinha afastado o Kato de sua posição anterior, mas acima disso eu queria entender o porque daquele policial chatinho fazer questão de humilhar o rapaz constantemente, como se precisasse daquilo como meio de trazer ele a sua realidade.

Ok, o protagonista tinha falhado por nervosismo e pela sua própria ingenuidade em pensar no próximo, mas é um erro que qualquer um pode cometer na execução do seu dever, logo, apenas fica como aprendizado futuro e a vida segue.

Notei que o Hoshino não só foi um mau companheiro, incapaz de prestar apoio ao amigo abalado, como ainda estava fazendo pior, impedindo que agora ele tentasse avançar e ajudar, até para recuperar a autoconfiança perdida. Claro que ele pode ter agido como um idiota por questões profissionais – afinal já houve um problema antes -, mas sinceramente ele apenas soou abusivo e arrogante.

Como nessa vida nem tudo é só luta e dissabor, o protagonista tem uma boa dupla e que estava disposta a ouvir o seu apelo, tendo as ferramentas necessárias para fazer o que fizeram no final, salvar todos. Kambe tem o seu jeito “nem aí” de ser, contudo ele não deixou de estar atento a preocupação do outro, mesmo que sem entender exatamente o que defender.

O que foi bem legal nessa missão súbita é que toda a questão do menino e as suas motivações são bem críveis, ele apenas quer salvar a vida da irmã pelo meio mais prático que lhe surgiu no momento. Suas escolhas foram erradas? Óbvio que sim, mas todos sabemos que situações extremas as vezes pedem medidas iguais e no descontrole, apenas agimos – para sua sorte ele achou quem o ajudasse no meio do caos.

Eu falei disso tudo, porém não podia terminar sem falar das figuras que junto com a avó do milionário, contribuiram na nomeação desse artigo. Sim, as velhinhas fãs dos Yokoights. Acredito que elas foram um dos pontos altos do episódio – talvez o maior, pela bizarrice -, funcionando perfeitamente bem como alívio cômico, perante o stress corrente.

A adoração delas pela banda pop é simplesmente hilária e me surpreendeu, porque toda a cena da movimentação pró show foi muito absurda. Não sei se fãs viciados da vida real fazem aquilo, mas se um ídolo é capaz de enfurecer e fortalecer uma multidão de idosas com uma arma apontada para a cabeça, os bandidos de hoje vão ter que começar a escolher a hora certa pra trabalhar.

No fim, com alguns percalços o Kato foi capaz de salvar várias vidas, ainda que não tenha se desfeito do seu medo em errar novamente. Se por lado esse pontapé não resolveu seu trauma, ao menos serviu para aproximá-lo do Kambe que mostrou ser mais do que um rico estúpido e gastadeiro, ele também é capaz de pensar em alguém.

Apesar de gostar dos dois personagens juntos, eu ainda estava meio reticente com o policial, já que ele insistia em apenas ser muito heróico e chato, além de eu pouco saber do seu passado ou que o levava a ser daquele jeito. Agora posso dizer que lhe compreendo bem melhor e o vejo de outra forma, só falta começarem a explorar mais do milionário também, o que espero não demorar.

Agradeço a quem leu esse artigo e até a proxima!