Nagatsuki Tappei (autor de Re: Zero) ataca outra vez, mas agora com um anime original sob sua alcunha. Warlords of Sigrdrifa (Senyoku no Sigrdrifa) é uma produção do estúdio A-1 Pictures que mistura aviões mágicos (lembra um pouco Girly Air Force), mitologia nôrdica e garotas fofas. O que não tem elas hoje, né?

Na história acompanhamos Claudia Bruford piloto de um avião de combate que enfrenta os Pilares, criaturas misteriosas que um dia surgem de repente no mundo. Claudia é uma valquíria de Odin, deus nôrdico que decide ajudar os humanos, e possui poderes especiais capazes de derrotar os Pilares.

Ela é conhecida como a “valquíria da salvação”, mas pensa em si como uma “deusa da morte” por sempre acabar sendo a única sobrevivente em suas missões. Mas tudo isso muda quando ela é transferida para o Japão e lá encontra três companheiras que, mesmo desajustadas, a ajudarão a encontrar o seu lugar.

O alongado primeiro episódio começa até bem, mas a aparição do Odin me tirou um pouco do sério, soou meio boba. Ao menos a figura da valquíria é fácil de assimilar e relacionar a um contexto de guerra e teve um detalhe legal, o surgimento de uma árvore após a derroca de um Pilar. Seria uma réplica da Yggdrasil?

A protagonista é chamada de valquíria da salvação, mas sempre sai do campo de batalha com baixas no que pode não ter uma explicação lógica, mas se tiver, teria a ver com o sádico Odin que atormentava sua preferida a chamando de deusa da morte? Ou ela só alucinava com a imagem dele por ser ele quem é?

Não sei, o fato é que o estigma atormentava, então a mudança de ares fazia sentido, ainda mais porque a substituição se fazia necessária, as três valquírias de rank mais baixo apresentadas posteriormente e com as quais a Claudia vai contracenar não têm condição de lidar com as missões sem uma liderança de peso.

A primeira missão com as futuras companheiras é a segunda das três do episódio e já mostra um pouco as características como guerreiras e personalidades das heroínas, além de introduzir a situação problema que traz o clímax nada inesperado, mas não menos reconfortante, até merecido para alguém tão bacana.

Porque a Claudia se culpa por perder vidas mesmo salvando muito mais, tem um peso enorme em suas costas e ainda é capaz de não deixar isso interferir de forma decisiva em sua performance no campo de batalha. As qualificações dela como piloto e sua persistência são alguns de seus pontos mais fortes.

Mas ela tem mais, tem uma visão boa da situação no campo de batalha e é capaz de liderar se adaptando ao jeito de agir de companheiras que mal conhecia e com as quais passou a conviver no dia. Claudia até é uma figura que passa mais confiança, claro, se quem estiver ao lado não se abater pelo histórico negativo.

E é aí que as outras garotas brilham, assim como o receptivo pessoal da cidade costeira na qual Claudy vai parar, recebendo com muita simpatia a novata e já a deixando a vontade para ter certas intimidades que podem parecer besteira a princípio, mas fazem a garota se inserir mais segura em um novo contexto.

A Miyako tem o visual mais simples, mas compensa na irreverência e ousadia, fazendo amizade logo de cara. A Sonoka já é mais na dela, mas contrasta no campo de batalha e acompanha o ritmo das outras mesmo fora dele, inclusive atiçando a fofa Azuza, a mais séria, mas também preocupada, das três.

Ela assumiu a posição de liderança na ausência da companheira abatida, a qual, inclusive, pode aparecer em algum momento, só que do outro lado, duvida? Eu acho que vai ser um desperdício se os Pilares não forem um algo a mais, porque visualmente e até nas cenas de ação os seres chamaram minha atenção.

Eles não têm uma forma única, são orgânicos e têm um núcleo mágico ou algo assim, mas por que eles ameaçam a humanidade? Quem os trouxe para o planeta Terra? Aliás, são alienígenas ou outro deus criou e até por isso Odin interviu pondo as valquírias nas mãos do Trump e de outros políticos do mundo?

Enfim, ainda há bastante a se contar e aprofundar da trama, a única coisa certa é que a Claudy não mudou até de país mesmo à toa e que a trama tem potencial após a boa apresentação de todas as heroínas, além da história ser do autor de Re: Zero, então isso gera a expectativa de uma trama com certo peso dramático.

Mas um drama bem construído, não um Odin versão garoto rindo de desdém. Até por superar o problema inicial se espera que a heroína seja aprofundada e o crescimento dela esteja atrelado a certo drama. Não precisa ceifar os ótimos momentos descontraídos de interação entre as garotas nem nada assim, é claro.

Até porque essa interaçâo delaa foi uma das coisas mais bacanas dessa estreia longa, mas que eu não achei maçante. O anime me divertiu o suficiente para querer ver mais, e ainda que não tenha achado nada demais, fez o suficiente para entreter e se aproveitou bem de coisas que funcionam bem com o público.

Afinal, quem não torce pela personagem simpática e fofa, apesar de saber que ela vai ficar feliz no fim de uma encruzilhada? Warlords of Sigrdrifa é um anime interessante da temporada de outono de 2020 que conta com boa animação e ideias promissoras que, claro, precisam ser trabalhadas pelo talentoso autor.

Por fim, um último detalhe que gostei e queria elogiar são os aviões mais “vintage” que eu imagino terem peças mais novas, mas contam com um visual retrô que combina com a ideia de que as valquírias não são pilotos comuns. Inclusive, com os aviões sendo personalizados ao molde delas. Imagina as figures…

Até a próxima!

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