Kimi to Boku no Saigo no Senjou, Aruiwa Sekai ga Hajimaru Seisen (“Our Last Crusade or the Rise of a New World” em inglês e “Kimisen” para os íntimos) é um anime do estúdio Silver Link da temporada de outono de 2020 que adapta a light novel escrita por Kei Sazane e ilustrada por Ao Nekonabe.

Na história acompanhamos Iska, um guerreiro de um país em guerra que foi preso por libertar uma bruxa inimiga. Ele é solto após um ano e recebe a missão de assassinar a ás inimiga, Alice, o problema é que os dois acabam se apaixonando enquanto precisam matar um ao outro.

Por que exatamente o protagonista libertou uma inimiga? Essa pergunta martela na minha cabeça mesmo após o final do episódio e lamento que não tenha tido explicação, a qual acho que seria muito bem-vinda mesmo que a forma de pensar pacifista dele seja escancarada ao longo da narrativa.

Qual foi o mérito em deixar apenas uma escapar? Culpa? Pena? Não que ele devesse abandonar a garota, mas sem contexto o que a gente pode pensar? Mesmo que soubesse que pegaria apenas um ano (ou pelo menos um ano) de detenção, ainda assim, sequer fica claro exatamente o que aconteceu e o levou a agir assim. Exceto se ele agiu penas por impulso, sem uma explicação lógica.

Isso talvez soe até hipócrita já que imagino haverem outras prisioneiras e prisioneiros da nação inimiga nas prisões do país dele. Ele ajudou aquela só por que ela era bonitinha? Aliás, como ele ainda recebeu uma segunda chance?

Felizmente, isso já tem uma explicação fácil, seu talento muito acima da média justifica a leniência com a qual é tratado. Não que uma nação civilizada devesse matar alguém por isso, mas confiar uma missão de grande importância não faz sentido exceto se acreditarem que apenas alguém de suas capacidades seria capaz de realizá-la.

Enfim, também não é como se não pudesse haver uma explicação mais razoável para a primeira cena do anime, eu imagino que haja, só gostaria de saber dela logo, assim a situação toda poderia não parecer só idiota. Menos mal que seus amigos de unidade sabem de suas preferências e parecem apoiá-lo, porque só assim para ele aparecer um ano depois e não acabar em briga. Infelizmente, também há problemas envolvendo eles…

Até os 10 minutos de episódio estava tudo meio chato, com apresentações desinteressantes, seios fartos balançando (não que desgoste, mas também não acrescentam nada) e uma morosidade até estranha para alguém que acabara de sair da prisão e estava indo justamente fazer aquilo que mais devia querer evitar. É claro que ele não mata nenhum inimigo, ao menos parece que não, e não devia ter a intenção de fazer o mesmo com a Alice, mas…

Mas se é assim, não é meio estranho que ele seja recolocado na ativa com a mesma unidade de antes que compactua com a sua forma incomum, para dizer o mínimo, de pensar? Ele deve ser um grande prodígio mesmo ou não apelariam para um traidor convicto. Não que ele esteja errado, pelo contrário, eu gosto da ideologia dele, só estou tentando entender porque ainda o achariam uma ferramenta útil e não consigo ver muito sentido.

Iska parece bem convicto de seus ideais e duvido que vai lutar com algum inimigo para matar, exceto se, talvez, algum chegar perto de matar ele ou alguém que ele goste. Além disso, há dois pontos que quero frisar que ficaram claros já na primeira parte do episódio; e liderança completamente sem sentido da MIsmis e a animação que brilhou quando foi exigida.

Mismis fala como criança, mas é adulta, se diz líder, mas é mais ajudada que qualquer outra coisa e a falta inteligência no campo de batalha… Como realmente alguém assim pode liderar? Parece que colocaram a função para ela apenas para criar um contraste entre sua personalidade e cargo, mas, honestamente, isso faz algum sentido?

Se ela estiver enferrujada e demonstrar capacidade de liderança mais a frente até sou capaz de dar um desconto, mas não vou “voltar no tempo” e excluir esse problema da minha lista de reclamações dessa estreia.

Quanto a animação, é o Silver Link, né, um estúdio do qual não tenho tantas boas lembranças, então eu posso dizer que gostei da parte técnica em sua maior parte, e principalmente na cena de ação com o golem, mas faço duas ressalvas. O design dos personagens parece um pouco alto demais (em umas duas cenas isso fica mais claro, pode puxar pela memória ou reparar se ainda for ver o ep) e tem cena na qual a trilha sonora é boa, só não sei se encaixa.

Como são coisas menores não vou tacar pedras no anime por isso, afinal, tem problemas maiores que também aparecem na segunda parte, da qual até gostei, apesar dos clichês e de algumas ressalvas…

O desejo da heroína é similar ao do herói e disso eu gostei, acho que começar a aproximá-los a partir daí é uma boa ainda que ela queira destruir o outro país para alcançar a paz e ele já seja mais adepto de uma ideia de convivência. Por outro lado, eu fico me perguntando se não dava para preparar melhor a cena dela caindo nos braços dele. Por mais que associe o salto alto a um contraste de personalidade dela, ainda assim, parece idiota.

A cena final em que ela vai ao teatro ver uma peça clichê e chora rios mostra que ela é toda menininha, apesar de ser uma máquina de matar poderosa, então sim, consigo pelo menos “engolir” que cometa um erro bobo em uma missão. E isso após ter sido impactada pelas palavras inesperadamente belas de seu inimigo. É idiota ficar abaixando a guarda assim, mas é um anime também e animes costumam ter muito de falatório e pouco de ação, a gente sabe disso.

Nesse sentido, Kimisen não é tão melhor nem tão pior que a média, apenas não “embala” aquilo que quer entregar ao público no melhor pacote possível. Ainda assim, acho que a ideia dos dois se apaixonarem e compartilharem de ideais e pontos de vistas parecidos (inclusive tendo gostos parecidos) não é mal usada ao longo dos pouco mais de vinte minutos da estreia.

O que pega são os detalhes de forma. como o salto derrapando, companheiros meio bobocas e libertar uma prisioneira sem contexto. O fanservice que tem vem como extra e não vou dar cartaz para ele, acho mais interessante comentar se é possível a existência de uma cidade neutra para dois países que estão no meio de uma guerra.

Se não me engano já estudei sobre coisa parecida, então não vou dizer que é caraminhola da cabeça do autor, mas eu questiono é ninguém do lado dela saber quem ele é e ele mesmo não ter nenhuma ideia de que ela iria estar ali, ao lado dele. Digo, eles dois são as grandes armas de seus respectivos países, mas ao mesmo tempo não parecem ter uma vigilância assim tão constante sobre eles, o que também questiono.

O encontro predestinado faz sentido, eu só não sei se aquela cena da queda faz tanto, agora a do teatro foi um pouco forçada, mostra que o roteiro não parece tão afiado em construir uma história de países em guerra que parecem hostilizar mais do que a introdução dá a entender. Claro que isso também é por culpa de quem lutou, o grupo do idealista protagonista, então também posso dar um desconto, apesar de continuar achando ambos os países falhos em seus sistemas de inteligência.

Nem vou reclamar do herói e da heroína, porque praticamente não tem anime que se salve, em todos eles os protagonistas bradam aos quatro ventos o que pensam, ainda que seja algo perigoso para quem deveria seguir outra coisa.

Por fim, Kimisen (o apelido veio mesmo a calhar) tem vários pequenos probleminhas que minam uma boa parte da experiência proporcionada por sua estreia. A primeira parte é bem chatinha, a segunda já é melhorzinha. Em ambas existem problemas que se não forem pelo menos maquiados pode ficar feia a coisa.

Pelo menos eu achei que o casal combina e que, por mais que ainda tenha sido tudo bem simples, eles têm motivos para se aproximarem. Seus ideais não são assim tão diferentes e têm os mesmos gostos, além de serem ambos as grandes armas de seus países. O ponto de partida para o romance já foi dado, só espero que consigam ir além do que foram nessa estreia mediana. Boa vontade com o anime eu tenho, mas de boa vontade o inferno está cheio…

Até a próxima!

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