Kamisama ni Natta Hi (The Day I Became a God) é o mais novo anime do prestigiado Jun Maeda (autor de Angel Beats! e Charlotte) produzido pelo estúdio P.A. Works em lançamento na temporada de outono de 2020.

Na história conhecemos uma garota fofa e extrovertida que se veste de forma estranha chamada Hina, ela se autointitula uma deusa onisciente e do nada começa a perturbar Youta, um colegial estudando para prestar o vestibular. Hina diz que o mundo vai acabar em 30 dias, ao fim do verão, e acaba ficando na casa de Youta enquanto o garoto presencia suas várias demonstrações de “sabedoria”, passando a acreditar que ela é mesmo o que diz ser.

A Hina é só uma garotinha com chuunibyou ou é uma deusa mesmo? Por um lado parece que é uma deusa, por outro não e o anime pode acabar sendo um baita drama bem menos fantasioso do que parece. Só que é um original do Jun Maeda, quais as chances de ela não ser uma deusa e não saber tudo que acontecerá até o fim do mundo? Ainda que sejam zero, vamos lá!

A animação é de primeiríssima qualidade e a direção também se sai muito bem nesse tipo de proposta, só que o roteiro me cativou mais e além dele, a comédia turbinada, que me lembrou os outros trabalhos que vi do autor.

O drama ainda não dá as caras na estreia, o que faz sentido visto que nem o público deve ter uma opinião formada sobre o que se trata a história e seus personagens. Aliás, também é marca dele iniciar com muita comédia e só com o tempo ir aumentando o drama até fazer otaku chorar (eu incluso).

A Hina é muito fofa e divertida (adorei a personagem, muito por conta do ótimo trabalho da Ayane Sakura), mas o mais legal sobre ela é que passa a impressão de ser uma criança com problemas, ainda que seja a deusa sabichona que diz ser.

Por outro lado, também é difícil não acreditar nela a medida que adianta mais coisas que acabam acontecendo, mas isso, claro, se você não tiver percebido que algumas delas não são exatamente impossíveis de deduzir.

A colocação nas corridas de cavalo afronta a minha tese, já a chuva e o que o Youta sente por sua amiga de infância não. O quinto arremesso mesmo, foi uma trollagem dela ou o jogador não seguiu o padrão que ela observou antes?

Lembremos que foi ela que deu a ideia do desafio de basebol, inclusive tendo ido acertar tudo com o time. Mas ela poderia só estar querendo trollar o Youta, fosse com o arremesso ou ao não avisar da rejeição.

Se ela é mesmo uma deusa onisciente, pode ser que exista uma pequena “armadilha”, por que ela não disse nada sobre não haver um quinto arremesso? Será por não saber que não ocorreria, pela decisão não estar dentro de sua alçada? Se são as escolhas humanas que destruirão o mundo, então essas escolhas podem mudar e salvar a Terra da destruição iminente? Será?

A maneira com que ela fala dos 30 dias e suas previsões “quase” perfeitas podem indicar que seja uma deusa, mas ela também pode ser só uma garotinha que tem apenas 30 dias de vida, não acha? Pensa comigo, se ela apenas sabe o que vai acontecer, mas é incapaz de interferir, então por que a mãe dele a aceitou em casa?

Se ela for uma garota cujos problemas a mãe conhece faz sentido abrigá-la, faz mais sentido que apenas acolher uma desconhecida, mesmo que seja uma criança. A mãe até já parecia estar esperando aquilo, né.

Eu fiquei na dúvida, o que considero mérito do anime, afinal, é mais interessante ficar na dúvida ao menos por um tempinho, enquanto essa ambiguidade puder ser mantida. É claro que o lance dos cavalos foi para lá de estranho, mas vai que ela é uma apostadora de talento?

Ela dava umas vaciladas quando o Youta perguntava coisas mais específicas entre diálogos “fantasiosos”, acho que só aí ela foi desleixada, então é certo que é inteligente (se for só humana) por ser capaz de criar uma narrativa com sacadas para convencer o Youta.

Enfim, a sacada com a palavra deus e os nomes dos três personagens principais significa alguma coisa? Talvez seja só estilo? Ou talvez seja a prova de que eles estavam predestinados a encontrar “Odin”? Não faço ideia, fica como “indício” para ambas as teorias, e uma delas pode se alimentar da pífia encenação de Natsume Souseki da garota.

Aliás, ela age como se não soubesse o que é basquete, como se joga, etc, além de várias outras coisas, mas sabe trechos do livro? Tudo bem que é uma obra clássica da literatura japonesa, mas não deixa a impressão de que ela faz tudo premeditadamente para convencer o Youta?

Nesse tipo de história os detalhes fazem diferença e eu posso até estar enganado, mas não posso negar que nada me convenceu de um (ela ser uma deusa) e nem de outro (não ser), apesar de ser mais adepto da teoria de que ela não é e que essa é a base do drama da história.

Porque ainda que eu tenha razão, não sei se só por esse episódio dá para tirar conclusões, ver mais episódios para concluir algo é melhor, isso se o anime não entregar as coisas logo. Aliás, quem sabe a Hina não seja uma deusa onisciente, mas também seja uma garotinha? Será possível? Seria estranho?

Seria, mas o que nesse anime não é, né? Acho que a necessidade urgente dele de tentar fazer o público rir, inclusive, pode ser um sinal de que o público deve rir enquanto é possível, porque uma hora o drama vai se intensificar e cenas como a da confissão/rejeição não terão o mesmo clima facilmente maleável que a direção fez terem.

Porque estava na cara que ele iria levar um fora ali e que aquilo só serviria para agregar mais comicidade a um episódio já muito engraçado em que mesmo os momentos de aparente tensão (quando a Hina fala no fim do mundo) são sucedidos por diálogos descontraídos, até caçoando da garota.

Antes de concluir, não poderia deixar de elogiar o que mais me agradou nesse início, o timming cômico de matar do anime, que casou com meu gosto de humor perfeitamente.

Pode ter sido excessivamente cômico para alguns, mas como acredito que a tendência é ir aos poucos dosando humor para ir introduzindo o drama.

Acredito que não é algo para se preocupar, é melhor realmente aproveitar enquanto dá para rir até de uma rejeição, porque no final duvido que isso será possível…

Nem vou elogiar cenas específicas de comédia para não me alongar, mas me diverti o episodio inteirinho e gostei bastante da Hina, que pode ser mesmo uma deusa, mas é também meio estabanada e cheia de fragilidades, parecendo mesmo apenas uma criança.

E quer ela seja uma deusa onisciente ou não, em 30 dias o mundo vai acabar mesmo? O Youta vai ter seu grande desejo realizado? Qual será a mensagem que o anime quer passar?

Aliás, você gostou do Youta? É um personagem digno de nota? Eu acho que sim, ele é gentil, muito gentil e até um pouco inocente talvez, mas também tem senso de humor e uma certa dose de meninice que acho normal em um colegial, ainda que às vésperas de um grande momento na sua vida. No fim, não há tanto o que comentar de interessante sobre ele, vale mais refletir sobre a situação da Hina.

Por fim, Kamisama ni Natta Hi teve uma estreia legal para burro e tenho boas expectativas para o anime, só alerto que vai ter drama e é mais fácil trabalhar esse drama com um elenco e trama mais enxutos, se o anime tentar abraçar o mundo com as pernas é aí que o mundo pode acabar mesmo.

Até a próxima!

  1. Rapaz, quanta ansiedade! KKKKKKKK!!! Este piloto de fato serviu para lançar esta dúvida no ar (a garota é ou não uma deusa?) e para criar uma enorme simpatia pela dupla (pela via do humor). A junção destas duas coisas é o que desperta a curiosidade em continuar assistindo o anime. Ainda não vi os outros episódios, mas com certeza os verei assim que possível. Quando isso acontecer bateremos um papo no artigo relacionado a cada episódio. Abs.

    • Fico feliz que tenha gostado do piloto, para alguns o excesso de comédia talvez tenha caído mal, mas para nós parece que funcionou. Infelizmente, o anime não deve ser coberto ep a ep aqui no blog (tive vontade de pegar, mas não consegui por N motivos), mas a resenha eu só não faço se o mundo acabar até lá.

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